São Paulo, domingo, 13 de março de 2005

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FUTEBOL

Time reencontra a Portuguesa, com quem caiu junto para a Série B do Nacional, mas que trilhou caminho oposto

De cima, Palmeiras revê colega de queda

PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Estádio do Parque Antarctica. Nove de agosto de 2003. Nesse dia, Palmeiras e Portuguesa, companheiros de descenso no Campeonato Brasileiro do ano anterior, duelaram pela última vez antes de separar seus caminhos, completamente distintos a partir do mesmo ponto de partida.
Hoje, quase um ano e meio depois daquele encontro válido pela Série B, as duas equipes voltam a se encarar. O local do confronto é o mesmo, mas a situação dos dois clubes é diametralmente oposta, com os palmeirenses, antes colegas de agruras na segunda divisão, olhando de cima para baixo para o time do Canindé.
O Palmeiras que entra em campo às 16h conseguiu assimilar o baque da queda para a segunda divisão nacional. Revelou alguns jogadores, voltou à elite um ano depois de ser rebaixado e, nesta temporada, está de volta à Taça Libertadores da América.
Mesmo neste Paulista-2005, em que viveram momentos turbulentos, os palmeirenses estão em recuperação. O time já não perde há três partidas no Estadual e, depois de amargar uma série de seis jogos sem triunfos que o deixou na 12ª colocação, o Palmeiras agora ocupa a oitava posição.
Nos bastidores, o clube também passou por mudanças, ainda que pequenas, e tenta aos poucos se acostumar com a forma de comando de seu novo presidente.
Affonso Della Monica, que com pouco mais de um mês se viu obrigado a trocar o técnico do time, ainda tenta acertar os ponteiros no comando do Palmeiras, que por 12 anos esteve nas mãos de Mustafá Contursi -prestes a voltar à cena como presidente do Conselho Deliberativo do clube.
Já a Portuguesa só se afundou mais e mais desde aquele jogo que marcou o fim da trajetória conjunta com o rival de hoje.
Sem conseguir sequer se classificar para as fases finais da Série B nas duas temporadas em que disputou, o clube já fez de tudo. Trocou técnico, diretoria, presidente e até elenco. Nada.
No Paulista, depois de montar às pressas um time, a Portuguesa flerta com o rebaixamento desde a primeira rodada. Com uma campanha pífia (seis derrotas, quatro empates e uma única vitória), a equipe que na década de 90 chegou a um vice-campeonato brasileiro ocupa o penúltimo lugar na classificação, com sete pontos. Se for batida pelo Palmeiras, corre o risco de terminar a jornada na lanterna do Estadual.
A situação da Portuguesa tem comovido até mesmo seus rivais.
"É um time simpático para todos. É uma pena. Tomara que eles se recuperem, mas não no domingo [hoje]", disse Marcos, que vê no fato de o time do Canindé já entrar em sua terceira temporada sem conseguir voltar à elite do Nacional o motivo para a derrocada tão acentuada. "Quanto mais tempo você fica na segunda divisão, mais difícil fica para subir. É por isso que a gente se matou para subir rápido."
Candinho, responsável pelas últimas vezes em que a Portuguesa disputou lugares no topo dos campeonatos, também se solidariza. "Eu torço para que ela não caia. É um time simpático." Ironicamente, ele enfrentou a Portuguesa no último jogo do time na Série A, quando dirigia o Bahia.
O jogo contra os palmeirenses é encarado entre os jogadores da Portuguesa como um potencial marco para uma recuperação que, rodada após rodada, parece cada vez mais utópica.
"Digo a eles que chegou a hora. A mídia toda vai estar em cima da gente. É jogo para aparecer e virar herói. Está faltando para a gente um jogo como esse", prega o goleiro Gléguer, um dos poucos que sobreviveram à megadispensa da temporada anterior e que usa justamente o último encontro como exemplo. "Foi uma partida em que nós estávamos numa situação muito ruim e que terminou 4 a 3 para eles. Eu particularmente acho que foi nos clássicos que a Portuguesa mostrou a sua cara."

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