São Paulo, domingo, 13 de março de 2005

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NA ALEGRIA E NA TRISTEZA

Ameaçado de descenso, time une elenco, técnico, torcida e cartolas

Da crise, Portuguesa colhe paz

DA REPORTAGEM LOCAL

Era de se esperar um clima fúnebre, treinador com medo da degola, acaloradas discussões entre jogadores, salários atrasados e cólera dos torcedores.
Afinal, o time amarga as últimas posições em um torneio que já venceu três vezes. Se não reagir, pode cair pela primeira vez à segunda divisão, situação que nunca enfrentou desde sua estréia no Paulista, em 1920.
O que se encontra na Portuguesa, contudo, é um ambiente de paz. Enquanto agoniza e procura meios de escapar da pior crise de sua história, o clube conseguiu unir atletas, comissão técnica, cartolas e torcida.
É um paradoxo que só pode ser explicado pela conturbada movimentação política vivida no início da temporada, que marcou um vaivém de jogadores sem precedentes na Portuguesa.
Em 2004, o futebol da agremiação era gerenciado pelo grupo Ability. Em setembro, quando o time não se classificou para a segunda fase da Série B do Brasileiro, os atletas foram dispensados.
Uma eleição presidencial deu nova roupagem à equipe em janeiro. Manuel da Lupa assumiu e, com o técnico Zé Teodoro, adquiriu 13 atletas, promoveu juniores e iniciou uma corrida contra o tempo a fim de preparar um grupo para o Paulista.
Depois, troca no comando: Gallo assumiu o cargo de treinador. Nove jogadores foram dispensados. Oito, contratados.
"Ficamos três, quatro meses sem jogar. Treinamos só uma semana para o Estadual, enquanto algumas equipes estavam trabalhando desde novembro. Acredito muito no time porque a diretoria está dando um respaldo legal", afirma o goleiro Gléguer, que está no clube desde 2002.
Apesar da crise, ele diz que o elenco tem motivos para celebrar. "A gente teve uma intertemporada em Atibaia, com comida boa, e agora nos concentramos na sexta-feira para um jogo que vai rolar no domingo. Isso é coisa de equipe top."
O dinheiro também segue caindo na conta,mesmo após as seis derrotas em 11 jogos. Gléguer diz que, por conta de um patrocínio fechado com a Drogaverde (R$ 120 mil/mês), o elenco até recebe adiantado.
Além disso, a organizada Leões da Fabulosa informou os jogadores que só vai fazer uma "cobrança sadia", pois está notando o empenho da equipe.
Se tudo são rosas, por que o clube enfrenta tantas dificuldades para vencer no Estadual?
Gallo arrisca uma teoria: "A gente tem respaldo, se esforça, mas peca em alguns detalhes".
O treinador não atribui os fracassos a eventos fortuitos. Mas alguns de seus pupilos falam de boca cheia que há mau agouro. "A gente está correndo como nunca, se aplicando na tática que o Gallo nos explica. Só que sempre no finalzinho tem um gol de empate, uma derrota. É pura falta de sorte", diz Gléguer.
Opiniões diferentes à parte, há uma idéia comum: o jogo de hoje, contra o Palmeiras, pode ser uma ótima chance de alterar esse panorama. Principalmente porque do outro lado está Candinho, que já comandou o time e demonstra condolência.

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