São Paulo, domingo, 13 de março de 2005

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FUTEBOL

A prosa do Brasil na poesia da Europa

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Vivemos a Copa dos Campeões mais brasileira. E o favorito maior é um time sem brazucas. Como o Chelsea de José Mourinho já destacou coluna recente, viro o foco para sua enorme concorrência tupiniquim.
O Real Madrid de Luxemburgo e de Ronaldo, como sugeria desde o início da temporada, não vingou no mais nobre interclubes do planeta. O pacto "Luxe"-Roberto Carlos, costurado quando o caseiro técnico definia sua viagem para assumir os galácticos, funcionou só até a página 9. Imagens do jogo decisivo contra a Juventus deixam claro que vários atletas estavam e estão insatisfeitos. Guti, revoltado quando estava em jogo, e Zidane, com cara feia na reserva e balançando negativamente a cabeça, retratam a crise.
Os três brasileiros do elenco perderam seu escudo. Não é só Ronaldo que aparece em posição difícil. Só a chegada de Luxemburgo deu fôlego a Roberto Carlos, que freqüentava a reserva. Os fracassos do técnico (eliminado da Copa do Rei pelo Valladolid, batido em jogo crucial no Espanhol ao poupar atletas contra a vontade geral e sacado logo nas oitavas-de-final da Champions League, pior campanha do clube neste século) colocaram já na berlinda o bom nome de Fabio Capello.
A renovação do elenco, tão tratada agora, já era discutida antes mesmo de Luxemburgo assumir. O brasileiro em melhor momento no Real é Robinho.
O Barcelona, bem mais brazuca que o rival de Madri, até pelo estilo de jogo, fez grande figura diante do Chelsea e, pelo que produziu (o gol de Ronaldinho é obra-prima individual), não merecia o que aconteceu. Edmílson se lesionou e chora a temporada, Belletti foi infeliz no seu gol contra, Thiago Motta também perdeu espaço devido a uma contusão, Sylvinho demorou para ascender ao time principal, e Ronaldinho pecou pela língua afiada. Mas o futuro do time é promissor com a virtual conquista da Liga e a manutenção do elenco.
A queda do futebol espanhol na Copa dos Campeões atinge bastante as pretensões brasileiras na disputa. Lembro que eram 65 atletas do país inscritos para a fase de grupos. Ficaram 40 jogadores e apareceu um treinador para o mata-mata. Agora, se a Inter eliminar o Porto, o que é mais provável, sobrariam "apenas" 17 boleiros brasileiros na badalada liga. Além do Chelsea, só o Liverpool não possuía brasileiros em seu elenco quando acabaram as inscrições para a reta final. E os dois clubes ingleses seguem firme. Lyon, Milan e PSV apostam em quartetos brazucas, mas só o segundo está entre os favoritos.
Quem assiste ao torneio sabe que não é loucura apontar o volante Emerson, tão criticado, como o representante do país pentacampeão de melhor rendimento na disputa. Quando a Juventus atuou em Madri, em especial, ele provou viver ótimo momento.
A poesia brasileira, bem detectada no Barcelona de Ronaldinho, está sendo superada nesta temporada pela prosa européia, eficientemente vista no Chelsea. Mas existe boa prosa tupiniquim, além de alguns poetas do velho continente.

A poesia de Deco
O jogador da seleção lusa, em ótima fase há mais de um ano, disse em entrevista à Fifa com certa dor no coração que teria chance na seleção brasileira se tivesse esperado um pouco. Parreira já confirma isso.

A prosa de Lampard
Nunca será melhor do mundo. Mas como joga o inglês.

A poesia de Tevez
Quando saiu da Argentina estava em má fase, mas em uma fase bem melhor do que a que vive hoje no Brasil.

A prosa de Lugano
Desde 2004, o uruguaio é o melhor zagueiro no país. Cuidado, Brasil!

E-mail rbueno@folhasp.com.br

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