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FUTEBOL
A prosa do Brasil na poesia da Europa
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
Vivemos a Copa dos Campeões mais brasileira. E o favorito maior é um time sem brazucas. Como o Chelsea de José
Mourinho já destacou coluna recente, viro o foco para sua enorme
concorrência tupiniquim.
O Real Madrid de Luxemburgo
e de Ronaldo, como sugeria desde
o início da temporada, não vingou no mais nobre interclubes do
planeta. O pacto "Luxe"-Roberto
Carlos, costurado quando o caseiro técnico definia sua viagem para assumir os galácticos, funcionou só até a página 9. Imagens do
jogo decisivo contra a Juventus
deixam claro que vários atletas
estavam e estão insatisfeitos. Guti, revoltado quando estava em
jogo, e Zidane, com cara feia na
reserva e balançando negativamente a cabeça, retratam a crise.
Os três brasileiros do elenco perderam seu escudo. Não é só Ronaldo que aparece em posição difícil. Só a chegada de Luxemburgo deu fôlego a Roberto Carlos,
que freqüentava a reserva. Os fracassos do técnico (eliminado da
Copa do Rei pelo Valladolid, batido em jogo crucial no Espanhol
ao poupar atletas contra a vontade geral e sacado logo nas oitavas-de-final da Champions League, pior campanha do clube neste século) colocaram já na berlinda o bom nome de Fabio Capello.
A renovação do elenco, tão tratada agora, já era discutida antes
mesmo de Luxemburgo assumir.
O brasileiro em melhor momento
no Real é Robinho.
O Barcelona, bem mais brazuca
que o rival de Madri, até pelo estilo de jogo, fez grande figura diante do Chelsea e, pelo que produziu
(o gol de Ronaldinho é obra-prima individual), não merecia o
que aconteceu. Edmílson se lesionou e chora a temporada, Belletti
foi infeliz no seu gol contra, Thiago Motta também perdeu espaço
devido a uma contusão, Sylvinho
demorou para ascender ao time
principal, e Ronaldinho pecou pela língua afiada. Mas o futuro do
time é promissor com a virtual
conquista da Liga e a manutenção do elenco.
A queda do futebol espanhol na
Copa dos Campeões atinge bastante as pretensões brasileiras na
disputa. Lembro que eram 65
atletas do país inscritos para a fase de grupos. Ficaram 40 jogadores e apareceu um treinador para
o mata-mata. Agora, se a Inter
eliminar o Porto, o que é mais
provável, sobrariam "apenas" 17
boleiros brasileiros na badalada
liga. Além do Chelsea, só o Liverpool não possuía brasileiros em
seu elenco quando acabaram as
inscrições para a reta final. E os
dois clubes ingleses seguem firme.
Lyon, Milan e PSV apostam em
quartetos brazucas, mas só o segundo está entre os favoritos.
Quem assiste ao torneio sabe
que não é loucura apontar o volante Emerson, tão criticado, como o representante do país pentacampeão de melhor rendimento
na disputa. Quando a Juventus
atuou em Madri, em especial, ele
provou viver ótimo momento.
A poesia brasileira, bem detectada no Barcelona de Ronaldinho, está sendo superada nesta
temporada pela prosa européia,
eficientemente vista no Chelsea.
Mas existe boa prosa tupiniquim,
além de alguns poetas do velho
continente.
A poesia de Deco
O jogador da seleção lusa, em ótima fase há mais de um ano, disse em
entrevista à Fifa com certa dor no coração que teria chance na seleção
brasileira se tivesse esperado um pouco. Parreira já confirma isso.
A prosa de Lampard
Nunca será melhor do mundo. Mas como joga o inglês.
A poesia de Tevez
Quando saiu da Argentina estava em má fase, mas em uma fase bem
melhor do que a que vive hoje no Brasil.
A prosa de Lugano
Desde 2004, o uruguaio é o melhor zagueiro no país. Cuidado, Brasil!
E-mail rbueno@folhasp.com.br
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