São Paulo, domingo, 13 de março de 2005

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BASQUETE

Em parceria com Mogi, time põe gerente como roupeiro para economizar e amarga penúltimo lugar no Nacional

Na bola laranja, Corinthians vive pindaíba

RICARDO GALLO
DA FOLHA RIBEIRÃO

O escudo na camisa é o mesmo, mas não há badalação, nem galácticos, nem dinheiro. Órfão da milionária parceria com a MSI, o Corinthians do basquete não recebe recursos do clube, sofre para pagar os salários e amarga a penúltima posição do Nacional.
"Quem dera receber esse apoio todo [da MSI]", declara Maurício Machado de Mello, presidente do Mogi Basquete, de Mogi das Cruzes, que é parceiro do clube paulistano há dois anos.
O parceiro famoso limita-se a fornecer o uniforme ao basquete. "Apostávamos que, com uma grande marca aliada o time, teríamos condições de captar recursos, mas não foi o que aconteceu", diz o presidente, acrescentando que o contrato que vence em junho pode não ser renovado.
O dirigente afirma que, no início do acordo, o Corinthians se comprometeu a bancar o transporte. O clube da capital nega. "Eles [Mogi] são totalmente responsáveis pelas despesas", diz Osmar Stabile, vice-presidente de esportes terrestres do Corinthians.
Sem o aporte da MSI, o dinheiro do basquete é captado com patrocinadores locais. O time obtém cerca de R$ 105 mil mensais de receita (ante despesa de R$ 150 mil), bem inferior, por exemplo, aos R$ 286 mil mensais registrados em carteira (sem contar direitos de imagem) como salário de Tevez.
"Cheguei a pedir socorro ao seu Alberto [Dualib, presidente do Corinthians], mas ele disse que não podia ajudar porque não tinha condição", diz Mello. Os salários, porém, não chegam a atrasar -os atletas principais recebem R$ 10 mil, em média, por mês.
O desequilíbrio causa situações inusitadas. Nas viagens de avião, o clube negocia meias-diárias nos hotéis em que se hospeda e faz revezamento entre os integrantes da comissão técnica. Em determinadas ocasiões, por exemplo, o gerente atua também como roupeiro para economizar. "Toda a estrutura se perde porque não há a mínima condição", afirma Mello. "É a gambiarra do basquete."
A "pindaíba" causou a debandada dos principais jogadores do time. Em 2004, deixaram o Mogi o ala Felipe, o pivô Murilo e o armador Fúlvio. Os três estão no Ribeirão Preto, líder do Nacional.

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