São Paulo, quinta-feira, 13 de março de 2008

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Entidade firma regras contra as "MSIs"

MARCELO NINIO
DE GENEBRA

Ao citar a polêmica parceria entre o Corinthians e a MSI como um exemplo a ser combatido, a Fifa detalhou ontem as ações que começou a implementar no começo do ano para aumentar a transparência no futebol.
Em um comunicado divulgado em sua sede, em Zurique, a entidade máxima do futebol enumera as nove medidas aprovadas em outubro do ano passado pelo seu Comitê Executivo, depois que uma força-tarefa estudou durante dois anos formas de regular temas como a origem do dinheiro investido nos clubes, apostas e a atuação dos agentes de jogadores.
Para evitar a repetição de casos como o do Corinthians, a Fifa propõe um sistema internacional de licenciamento de clubes, a fim de monitorar a entrada de recursos nos times e coibir investimentos "de origem incerta". Embora não seja citado nominalmente, o Corinthians é um dos maus exemplos que inspiraram o sistema fiscalizador.
"Em 2004, um empresário investiu grandes somas em um clube da América do Sul e reforçou seu elenco de forma espetacular", diz o comunicado, em clara referência ao iraniano Kia Joorabchian, dono da MSI. "O dinheiro investido era de origem suspeita e o investimento foi rapidamente interrompido. Três anos depois, o clube foi rebaixado para a segunda divisão", segue o documento.
Segundo o presidente da Fifa, Joseph Blater, a entidade decidiu agir "para proteger a integridade da competição, que recentemente esteve sob ameaça". A Fifa acrescentou que o sistema de licenciamento de clubes já foi aplicado com sucesso na Europa e entrará em vigor na Ásia até o fim do primeiro semestre deste ano.
Além do licenciamento, uma outra medida lembra o turbulento relacionamento entre a MSI e o Corinthians. É a que tenta impedir a influência de "terceiros" nos clubes. "Sob a nova regra, o clube não poderá autorizar uma terceira parte a intervir em transferências ou contratos de trabalho", diz a Fifa.
A idéia, já incorporada à legislação da entidade, é impedir que investidores afetem "a independência e as regras" dos clubes.
Entre as nove medidas também há um sistema de rastreamento de apostas ilegais, para evitar casos como o do juiz Edílson Pereira de Carvalho, que manipulou resultados no Campeonato Brasileiro de 2005. A entidade citou também problemas semelhantes na Alemanha, Bélgica e República Tcheca.
Outra regra busca tornar mais transparente o trabalho dos agentes de jogadores.
Ao alardear seus novos mandamentos, a Fifa escolheu um momento em que um escândalo de corrupção ameaça jogar lama na imagem da entidade máxima do futebol. Seis diretores do falido grupo suíço ISMM/ISL estão no banco dos réus numa corte de Zug, cidade a 35 quilômetros de Zurique.
São acusados de fraudes na empresa que protagonizou a segunda maior falência da história da Suíça. O escândalo pode respingar na Fifa, já que alguns de seus dirigentes são suspeitos de terem recebido propinas da ISMM em troca de favores na concessão de direitos de imagem de eventos esportivos.
A empresa, que teve parceria com o Flamengo e com o Grêmio no fim da década de 90, faliu em 2001, deixando um prejuízo estimado em US$ 300 milhões.


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