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Entidade firma regras contra as "MSIs"MARCELO NINIO
DE GENEBRA
Ao citar a polêmica parceria entre o Corinthians e a
MSI como um exemplo a ser
combatido, a Fifa detalhou
ontem as ações que começou
a implementar no começo do
ano para aumentar a transparência no futebol.
Em um comunicado divulgado em sua sede, em Zurique, a entidade máxima do
futebol enumera as nove medidas aprovadas em outubro
do ano passado pelo seu Comitê Executivo, depois que
uma força-tarefa estudou
durante dois anos formas de
regular temas como a origem
do dinheiro investido nos
clubes, apostas e a atuação
dos agentes de jogadores.
Para evitar a repetição de
casos como o do Corinthians,
a Fifa propõe um sistema internacional de licenciamento de clubes, a fim de monitorar a entrada de recursos nos
times e coibir investimentos
"de origem incerta". Embora
não seja citado nominalmente, o Corinthians é um dos
maus exemplos que inspiraram o sistema fiscalizador.
"Em 2004, um empresário
investiu grandes somas em
um clube da América do Sul e
reforçou seu elenco de forma
espetacular", diz o comunicado, em clara referência ao
iraniano Kia Joorabchian,
dono da MSI. "O dinheiro investido era de origem suspeita e o investimento foi rapidamente interrompido. Três
anos depois, o clube foi rebaixado para a segunda divisão", segue o documento.
Segundo o presidente da
Fifa, Joseph Blater, a entidade decidiu agir "para proteger a integridade da competição, que recentemente esteve sob ameaça". A Fifa acrescentou que o sistema de licenciamento de clubes já foi
aplicado com sucesso na Europa e entrará em vigor na
Ásia até o fim do primeiro semestre deste ano.
Além do licenciamento,
uma outra medida lembra o
turbulento relacionamento
entre a MSI e o Corinthians.
É a que tenta impedir a influência de "terceiros" nos
clubes. "Sob a nova regra, o
clube não poderá autorizar
uma terceira parte a intervir
em transferências ou contratos de trabalho", diz a Fifa.
A idéia, já incorporada à legislação da entidade, é impedir que investidores afetem
"a independência e as regras" dos clubes.
Entre as nove medidas
também há um sistema de
rastreamento de apostas ilegais, para evitar casos como o
do juiz Edílson Pereira de
Carvalho, que manipulou resultados no Campeonato
Brasileiro de 2005. A entidade citou também problemas
semelhantes na Alemanha,
Bélgica e República Tcheca.
Outra regra busca tornar
mais transparente o trabalho
dos agentes de jogadores.
Ao alardear seus novos
mandamentos, a Fifa escolheu um momento em que
um escândalo de corrupção
ameaça jogar lama na imagem da entidade máxima do
futebol. Seis diretores do falido grupo suíço ISMM/ISL
estão no banco dos réus numa corte de Zug, cidade a 35
quilômetros de Zurique.
São acusados de fraudes na
empresa que protagonizou a
segunda maior falência da
história da Suíça. O escândalo pode respingar na Fifa, já
que alguns de seus dirigentes
são suspeitos de terem recebido propinas da ISMM em
troca de favores na concessão de direitos de imagem de
eventos esportivos.
A empresa, que teve parceria com o Flamengo e com o
Grêmio no fim da década de
90, faliu em 2001, deixando
um prejuízo estimado em
US$ 300 milhões.
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