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Massa começa ano sob pressão
Piloto brasileiro faz no Bahrein sua primeira corrida após o grave acidente em julho, em Budapeste
Sem contrato assinado para 2011, ferrarista terá que mostrar seu valor em duelo particular com o espanhol bicampeão Fernando Alonso
ENVIADA ESPECIAL A SAKHIR
Felipe Massa sabe que não há
margem para falhar em 2010.
Sem contrato com a Ferrari
para o ano que vem e depois de
perder metade da temporada
passada por causa de seu acidente na Hungria, precisa mostrar serviço. Para completar,
ainda ganhou neste ano um novo companheiro de equipe, o
bicampeão Fernando Alonso,
que chega à escuderia italiana
babando por mais um título.
Ou seja: seu desempenho no
campeonato que começa oficialmente amanhã, no GP do
Bahrein, a partir das 9h (de
Brasília), vai definir os rumos
de sua carreira na F-1. Mas,
apesar da pressão, Massa, 28, se
diz preparado para o desafio.
"Na minha vida sempre foi
tudo complicado, sempre tive
anos em que tinha que mostrar
serviço logo de cara, ou não ia
assinar para o ano seguinte", falou à Folha em Sakhir, onde
hoje, 231 dias depois, participa
de seu primeiro treino de classificação desde o grave acidente que sofreu em Budapeste.
"Vejo este como mais um
ano em que tenho de pensar
em fazer o melhor em tudo."
E, já tendo sido companheiro
de pilotos como os ex-campeões Jacques Villeneuve, Michael Schumacher e Kimi Raikkonen, diz que não existe nenhuma possibilidade de renovar seu contrato caso a Ferrari
cogite priorizar Alonso.
"Corro numa equipe que tem
dois pilotos e é importante que
os dois tenham oportunidade
igual para vencer", afirmou.
(TATIANA CUNHA)
FOLHA - Você está voltando de oito
meses parado. Ainda resta alguma
dúvida se vai ser o mesmo piloto de
antes do acidente?
FELIPE MASSA - Claro que se você
faz um resultado ruim, por
qualquer motivo, vai ter um cara que vai dizer que não sou
mais o mesmo. Aí você ganha a
corrida seguinte e todo mundo
esquece. O que importa é o que
eu sinto, e nunca senti nenhuma diferença do jeito que eu dirijo para o que dirigia antes.
FOLHA - Procurou algum tipo de
tratamento psicológico depois da
Hungria?
MASSA
- Não. É como se não tivesse existido. Zero.
FOLHA - Você sempre teve companheiros de equipe fortes. Isso te estimula a competir?
MASSA
- Sempre tive uma vida
difícil, mas tem dois jeitos de
pensar. O lado da equipe, que é
sempre bom ter dois pilotos
fortes, e o seu lado, que sabe
que, a cada treino, a cada classificação, tem uma comparação
forte do seu lado.
FOLHA - Como tem sido trabalhar
ao lado do Alonso?
MASSA
- Não tenho do que reclamar. Acho que estamos fazendo um bom trabalho, desenvolvendo o carro juntos,
muita coisa do que eu penso ele
pensa também. Então, no momento, não tenho o que falar.
FOLHA - Que qualidade dele você
gostaria de ter?
MASSA
- É muito cedo pra dizer
alguma coisa, a gente está trabalhando junto faz pouco tempo, a experiência é pouca. Ele é
um cara bom, rápido, constante, técnico e experiente, mas
também estou feliz com meu
trabalho em todas as áreas.
FOLHA - Incomoda o fato de algumas pessoas dizerem que você será
segundo piloto mesmo antes de o
Mundial começar?
MASSA
- Não, porque as pessoas que estão fora não estão
dentro. O que me incomoda é
dentro da equipe, e dentro da
equipe está tudo 100%. Desde
que estou na Ferrari, meu trabalho é muito bom e fundamental dentro da equipe. Não
tenho do que reclamar.
FOLHA - Seu contrato termina no
fim do ano, você está sem correr há
oito meses. Sente essa pressão?
MASSA
- É importante fazer
um bom ano sempre, com ou
sem contrato, pensar em fazer
seu trabalho da melhor maneira possível.
FOLHA - E se, com a renovação, a
Ferrari quiser colocar uma cláusula
que dê prioridade a Fernando Alonso. Você assina?
MASSA
- [interrompe] Não, lógico que não. É importante
sempre ter chance de vencer.
Mas tenho certeza de que isso
não vai acontecer.
FOLHA - Até quando se vê na F-1?
MASSA
- Eu me vejo por muito
tempo na F-1. Faço o que eu
amo, então, é difícil pensar em
parar de correr amanhã. Não
consigo, mas vai chegar um momento em que eu vou ter que
conseguir, né?
FOLHA - Você se sente responsável
de alguma maneira pela volta do
Schumacher?
MASSA
- Não, não me sinto.
Acho que meu acidente não teve nada a ver com a volta. A
vontade dele de voltar já era
uma coisa que estava guardada
há algum tempo.
FOLHA - Deu algum conselho a ele?
MASSA
- Não. Só disse que espero que ele tenha um bom retorno e que a gente [Ferrari] esteja na frente dele [risos].
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