São Paulo, sábado, 13 de março de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Massa começa ano sob pressão

Piloto brasileiro faz no Bahrein sua primeira corrida após o grave acidente em julho, em Budapeste

Sem contrato assinado para 2011, ferrarista terá que mostrar seu valor em duelo particular com o espanhol bicampeão Fernando Alonso

ENVIADA ESPECIAL A SAKHIR

Felipe Massa sabe que não há margem para falhar em 2010.
Sem contrato com a Ferrari para o ano que vem e depois de perder metade da temporada passada por causa de seu acidente na Hungria, precisa mostrar serviço. Para completar, ainda ganhou neste ano um novo companheiro de equipe, o bicampeão Fernando Alonso, que chega à escuderia italiana babando por mais um título.
Ou seja: seu desempenho no campeonato que começa oficialmente amanhã, no GP do Bahrein, a partir das 9h (de Brasília), vai definir os rumos de sua carreira na F-1. Mas, apesar da pressão, Massa, 28, se diz preparado para o desafio.
"Na minha vida sempre foi tudo complicado, sempre tive anos em que tinha que mostrar serviço logo de cara, ou não ia assinar para o ano seguinte", falou à Folha em Sakhir, onde hoje, 231 dias depois, participa de seu primeiro treino de classificação desde o grave acidente que sofreu em Budapeste. "Vejo este como mais um ano em que tenho de pensar em fazer o melhor em tudo."
E, já tendo sido companheiro de pilotos como os ex-campeões Jacques Villeneuve, Michael Schumacher e Kimi Raikkonen, diz que não existe nenhuma possibilidade de renovar seu contrato caso a Ferrari cogite priorizar Alonso.
"Corro numa equipe que tem dois pilotos e é importante que os dois tenham oportunidade igual para vencer", afirmou. (TATIANA CUNHA)

 

FOLHA - Você está voltando de oito meses parado. Ainda resta alguma dúvida se vai ser o mesmo piloto de antes do acidente?
FELIPE MASSA
- Claro que se você faz um resultado ruim, por qualquer motivo, vai ter um cara que vai dizer que não sou mais o mesmo. Aí você ganha a corrida seguinte e todo mundo esquece. O que importa é o que eu sinto, e nunca senti nenhuma diferença do jeito que eu dirijo para o que dirigia antes.

FOLHA - Procurou algum tipo de tratamento psicológico depois da Hungria?
MASSA
- Não. É como se não tivesse existido. Zero.

FOLHA - Você sempre teve companheiros de equipe fortes. Isso te estimula a competir?
MASSA
- Sempre tive uma vida difícil, mas tem dois jeitos de pensar. O lado da equipe, que é sempre bom ter dois pilotos fortes, e o seu lado, que sabe que, a cada treino, a cada classificação, tem uma comparação forte do seu lado.

FOLHA - Como tem sido trabalhar ao lado do Alonso?
MASSA
- Não tenho do que reclamar. Acho que estamos fazendo um bom trabalho, desenvolvendo o carro juntos, muita coisa do que eu penso ele pensa também. Então, no momento, não tenho o que falar.

FOLHA - Que qualidade dele você gostaria de ter?
MASSA
- É muito cedo pra dizer alguma coisa, a gente está trabalhando junto faz pouco tempo, a experiência é pouca. Ele é um cara bom, rápido, constante, técnico e experiente, mas também estou feliz com meu trabalho em todas as áreas.

FOLHA - Incomoda o fato de algumas pessoas dizerem que você será segundo piloto mesmo antes de o Mundial começar?
MASSA
- Não, porque as pessoas que estão fora não estão dentro. O que me incomoda é dentro da equipe, e dentro da equipe está tudo 100%. Desde que estou na Ferrari, meu trabalho é muito bom e fundamental dentro da equipe. Não tenho do que reclamar.

FOLHA - Seu contrato termina no fim do ano, você está sem correr há oito meses. Sente essa pressão?
MASSA
- É importante fazer um bom ano sempre, com ou sem contrato, pensar em fazer seu trabalho da melhor maneira possível.

FOLHA - E se, com a renovação, a Ferrari quiser colocar uma cláusula que dê prioridade a Fernando Alonso. Você assina?
MASSA
- [interrompe] Não, lógico que não. É importante sempre ter chance de vencer. Mas tenho certeza de que isso não vai acontecer.

FOLHA - Até quando se vê na F-1?
MASSA
- Eu me vejo por muito tempo na F-1. Faço o que eu amo, então, é difícil pensar em parar de correr amanhã. Não consigo, mas vai chegar um momento em que eu vou ter que conseguir, né?

FOLHA - Você se sente responsável de alguma maneira pela volta do Schumacher?
MASSA
- Não, não me sinto. Acho que meu acidente não teve nada a ver com a volta. A vontade dele de voltar já era uma coisa que estava guardada há algum tempo.

FOLHA - Deu algum conselho a ele?
MASSA
- Não. Só disse que espero que ele tenha um bom retorno e que a gente [Ferrari] esteja na frente dele [risos].


Texto Anterior: Não serei escudeiro, diz Massa
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.