São Paulo, sábado, 13 de março de 2010

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Depois de dez anos, Indy volta remendada ao país

Categoria chega ao Brasil pela primeira vez após fim de litígio entre IRL e Cart

Disputa de dirigentes separou por quase uma década as melhores equipes da maior prova dos EUA, as 500 Milhas de Indianápolis

ANDREI SPINASSÉ
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O nome pode gerar confusão, os estilos e alguns rostos são velhos conhecidos. Mas a Indy que corre em São Paulo não é a mesma que já esteve cinco vezes no Brasil, de 1996 a 2000.
Embora alguns pilotos que treinam hoje no circuito do Anhembi tenham corrido no Rio, eles estavam em meio a uma cisão que feriu o automobilismo de fórmulas dos EUA.
Naquela segunda metade dos 90, enquanto uma categoria ostentava patrocinadores fortes e corria em Jacarepaguá, uma dissidência só fazia provas em ovais e suscitava dúvidas com um grid composto por maioria de norte-americanos.
Mas foi essa segunda turma que venceu o duelo. E que entra hoje no circuito de São Paulo.
A prova carioca começou a ser disputada justamente no ano do racha. De um lado, a Cart, criada em 1979, segurou as melhores equipes. De outro, a recém-formada IRL (Indy Racing League) ficou com as tradicionais 500 Milhas de Indianápolis, já que era controlada pelos donos do autódromo.
"A Cart achava que iria vencer [o duelo]", disse Christian Fittipaldi, agora na Stock Car. "Naquela época, todos da Cart tinham certeza de que a separação seria só por um curto período de tempo." A reunificação, porém, demoraria mais de uma década para acontecer.
"Eram ideias diferentes", declarou o piloto Felipe Giaffone. "A IRL usava motores aspirados, menos potentes, e carros com maior pressão aerodinâmica. A Cart era turbo, com menor carga aerodinâmica."
O apelo da maior corrida dos EUA mostrou-se decisivo.
No começo da década seguinte, times como Penske e Ganassi começaram a migrar para a IRL. Que, para buscar novos mercados, deixou de correr só em ovais. A Cart passou a enfrentar sérias dificuldades financeiras. Foi vendida em 2003, quando teve falência decretada e já havia sido rebatizada como Champ Car.
A situação da Champ Car ficou insustentável em 2008. Veio nova falência e houve um acordo para que ocorresse uma migração em massa para a IRL.
Ao ingressarem na Indy, as equipes que tinham acabado de deixar a Champ Car encontraram uma categoria sem concorrência entre fabricantes de chassis, motores e pneus, escola que se mantém até hoje.
Vencedor da etapa brasileira da Cart de 1996, o ex-piloto André Ribeiro não acha que a Indy que está em São Paulo seja tão diferente da Cart. "Quando você entra num paddock da Indy atual, são as mesmas pessoas da minha época", declarou.
Das 17 etapas marcadas para este ano, apenas cinco serão transmitidas em canal de TV aberta para os EUA, reflexo da cisão. A preferência do público norte-americano continua cada vez mais concentrada na Nascar, a stock local.


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