São Paulo, domingo, 13 de março de 2011

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TOSTÃO

Modernista e saudosista


Ver o Barcelona e o Neymar são coisas que fazem valer a pena viver para quem gosta de futebol


PARAFRASEANDO O título de um programa do Canal Brasil, com o cineasta Domingos de Oliveira, assistir ao Barcelona e ao Neymar, para quem gosta do bom futebol, são coisas pelas quais vale a pena viver.
O Barcelona recupera, embeleza minha memória afetiva. É a união do melhor do futebol do passado com o melhor do presente.
O Barcelona, e também a seleção da Espanha, mesmo sem Messi e Daniel Alves, salvaram o futebol nos últimos anos. Grande número de jovens cresceu e aprendeu o que é futebol moderno. Estão descobrindo um outro futebol, que eles achavam que só existia na imaginação dos saudosistas.
Esta descoberta não é definitiva. Quando o Barcelona perde, por tantos motivos, há sempre alguém para dizer que o time não foi objetivo, que tocou demais a bola. É a visão moderna dos "idiotas da objetividade".
Os modernistas falam que os saudosistas, ao compararem grandes times do passado com os atuais -havia também muitas equipes ruins-, prestam um desserviço ao futebol, por dizerem coisas que não mais existem e que o futebol é outro. Esses modernistas ensinam a não sonhar.
O Barcelona não tem muitas das coisas que os técnicos brasileiros adoram. Não possui dois volantes, um típico meia de ligação, um típico centroavante nem privilegia os contra-ataques e as jogadas aéreas.
Todos os técnicos brasileiros sonham com um time compacto e com uma boa marcação por pressão. Contra o Arsenal, o Barcelona deu uma aula sobre isso. Pouquíssimos aprendem. Quando o time inglês tentava tocar a bola, surgiam vários jogadores do Barcelona para tomá-la, com facilidade, durante os 90 minutos. É a versão moderna do abafa, do carrossel holandês da Copa de 1974.
Todos os técnicos elogiam o Barcelona, e todas as suas equipes não jogam como o Barcelona. Isso me lembra as pessoas que sonham com coisas grandiosas, no sentido de serem importantes para elas, e não de serem inacessíveis, extravagantes, mas logo desistem de seus desejos. Devem achá-los distantes, proibidos ou que não os merecem.
Se Neymar sair do Santos, que seja para o Barcelona. Ao vê-lo na quarta-feira, atuando da esquerda para o centro, como gosta, driblando em velocidade para os dois lados e finalizando muito bem com os dois pés, pensei em vê-lo no Barcelona.
Assim como Ronaldinho, Ronaldo, Romário e Rivaldo foram eleitos os melhores do mundo atuando pelo Barcelona, Neymar poderia ser o próximo brasileiro.


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