|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MOTOR
Espetacular ou espetaculoso
JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE
B arrichello foi ou não beneficiado por Schumacher na
manobra mais espetacular da F-1
nesta temporada?
Como dizia Baiano, um jornalista free-lancer que frequentou a
F-1 nos difíceis primeiros anos
sem Senna, "esse rapaz tem problema, é muito azarado".
Apesar de essa coisa de sorte e
azar ser, muitas vezes, pura bobagem, principalmente em se tratando de esporte, Barrichello não
entrará para a história como um
piloto de estrela, pelo contrário.
Ajudado ou não pelo companheiro, Barrichello fez uma boa
manobra em Barcelona para garantir a terceira colocação em um
GP feito sob medida para a
McLaren. Mas, longe de ser uma
unanimidade, o piloto brasileiro,
para muitos, só fez o que fez graças ao alemão, que por pouco não
tirou seu irmão da pista.
Do outro lado, no que parece ser
a norma desta temporada, Barrichellistas, irados, urram contra
aqueles que não viram habilidade e talento na dupla ultrapassagem sobre os irmãos alemães.
O que fica do episódio, porém, é
a certeza de que Barrichello terá
que fazer o possível e o impossível
para acabar com o esquizofrênico
apoio que recebe de seu público.
Barrichello não fez o impossível
em Barcelona. Teria feito se Schumacher estivesse em plenas condições de corrida, o que, sabemos,
não é verdade -pouco antes
mostrou estar com problemas ao
não conseguir segurar Coulthard.
A manobra também não parece
ter sido planejada, já que esse tipo
de estratégia, necessariamente,
significa sacrifício de uma das
partes -Schumacher não estava
fora da corrida, tanto que parou
na sequência, trocou pneus (fonte
do problema) e ainda pontuou.
Finalmente, a altercação mecânica da família Schumacher ocorreu por simples defesa de posição.
Se o mais velho não empurrasse o
mais novo para fora do trilho, estaria dando o posto.
É apenas nesse momento que
Barrichello entra na história. Até
então apenas testemunha, aproveitou a brecha aberta no lado de
dentro da curva para ultrapassar
os dois. E é justamente aqui que
começa a confusão dos torcedores: antes de ter feito uma manobra espetacular, Barrichello fez o
que deveria fazer, ou seja, aproveitar a avenida que se abriu à
sua frente e acelerar. Seria um estúpido se não fizesse isso.
Na verdade, se o piloto brasileiro foi beneficiado por um Schumacher, este foi Ralf, que perdeu o
controle da situação na curva anterior, à esquerda, quando tentou
superar o irmão por dentro e não
conseguiu, ficando confinado ao
lado de fora (e sujo) da pista na
curva seguinte, à direita.
Tivesse deixado Schumacher fechando livre a primeira curva,
talvez conseguisse espaço para
tentar matar o problema na segunda, por dentro, inclusive bloqueando Barrichello. Caso não tivesse sucesso, poderia aguardar
um melhor momento ou mesmo a
entrada de Michael nos boxes.
O próprio bicampeão afirmou,
depois, que o erro de seu irmão fora tentar ultrapassar por fora.
Enfim, a manobra pareceu espetacular, mas não foi, o que pouco interessa. Mas, como se trata
de Barrichello, vira polêmica.
E isso só vai acabar quando
Barrichello for irretocável na pista, acima de sortes ou azares.
Texto Anterior: Seleção perde e está fora dos Jogos Próximo Texto: +Esporte - Pratique: Prática do nado sincronizado exige coordenação, força e graça Índice
|