São Paulo, domingo, 13 de maio de 2001

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BASQUETE

Estado, que dominava Brasileiro, vê decisão entre Vasco e Paraná

Pela primeira vez, SP só assiste à final feminina

ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Pela primeira vez na história do Campeonato Brasileiro feminino de basquete, São Paulo está assistindo a uma decisão envolvendo equipes de outros Estados -Vasco e Paraná fariam, na tarde de ontem, a quarta partida do mata-mata decisivo do Nacional.
Se contarmos desde a Taça Brasil, que começou a ser disputada em 1984, até o atual Nacional, que teve sua primeira edição em 1998, São Paulo sempre contou com ao menos um time na decisão.
Na maior parte das vezes, o título foi decidido por duas equipes paulistas, com os outros Estados fazendo papel de coadjuvantes.
São Paulo conquistou 14 dos 17 títulos disputados até hoje. Dos 34 times que estiveram envolvidos em decisões de Brasileiro feminino de basquete, 28 eram do Estado. Um domínio quase total.
Nos últimos anos, porém, a situação começou a se inverter. Em 1998, o Fluminense, que abrigou uma equipe inteira vinda de Americana, no interior paulista, conquistou o título do Nacional, vencendo o BCN/Osasco no mata-mata decisivo por 3 a 2.
Nos anos seguintes, com nova migração dessa equipe, administrada pela ex-jogadora Hortência, agora para o Paraná, criou-se um pólo forte fora do Estado.
"Por muito tempo São Paulo centralizou o basquete feminino brasileiro. Isso foi ruim. Essa expansão para outros Estados, se tiver continuidade, vai ser benéfica", diz o técnico Antônio Carlos Barbosa, da seleção feminina.
A consolidação de equipes fortes nos Estados vizinhos foi acompanhada pela decadência dos times de São Paulo. Antes do início do Nacional, as duas principais equipes do Estado estiveram ameaçadas de fechar as portas.
O Santo André perdeu o patrocínio da Arcor e teve que contar com uma ajuda da prefeitura da cidade para viabilizar a participação no torneio brasileiro.
Já o Jundiaí, que contava com apoio da Quaker, teve o patrocínio suspenso após a empresa ter sido vendida para a Pepsi, no final do ano passado.
A equipe só não foi desfeita porque, de última hora, o técnico Wanderley Luxemburgo, do Corinthians, deu uma ajuda providencial para dar continuidade ao projeto da pivô Karina na cidade.
Os problemas enfrentados pelos clubes paulistas fizeram com que suas principais atletas migrassem para os outros Estados.
Esse foi o caso da base do BCN/ Osasco, que foi jogar no Vasco da Gama, após os paulistas fecharem seu time adulto. De uma só vez foram para o outro lado da via Dutra a ala-armadora Claudinha, as pivôs Kelly e Kátia, além da ala russa Elena, que já deixou a equipe carioca. Posteriormente, até a pivô Érika, da seleção juvenil, se transferiu para o Vasco.
Janeth, que jogara oito anos em Santo André, deixou o ABC paulista após a diminuição dos investimentos da equipe.
Encerrado o Nacional para os paulistas, as perspectivas ainda não são boas no Estado. Santo André não conseguiu novo patrocínio. Uma reunião com representantes da prefeitura da cidade será realizada na semana que vem. O time deve continuar, mas com investimentos modestos.
Jundiaí, sem patrocínio, pode se enfraquecer ainda mais -no último Nacional, com a equipe formada às pressas, não passou de um modesto sexto lugar.
Ourinhos e Guaru, que decidiram o último Paulista, começam o novo Estadual com as melhores perspectivas, embora não contem com grandes investimentos.



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