São Paulo, segunda-feira, 13 de maio de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUTEBOL

Técnico corintiano se vê livre de estigma de não vencer no país desde 1984 e põe título acima do tetra pela seleção

"Não serei mais crucificado", diz Parreira

DA REPORTAGEM LOCAL

Campeão do Torneio Rio-São Paulo, Carlos Alberto Parreira agora não pode mais ser "crucificado", segundo ele próprio.
Desde 1984, quando conquistou o Brasileiro pelo Fluminense, o técnico corintiano não ganhava um título importante no país. Em São Paulo, jamais havia conquistado um campeonato.
"Não serei mais crucificado por isso, embora pouco me importasse. Hoje sou campeão do Rio-São Paulo e tudo mais pouco importa. Hoje é o dia mais feliz e importante da minha vida, mano", disse Parreira, que já esteve à frente de Bragantino, Santos e São Paulo, mas que declarou amor eterno ao clube do Parque São Jorge.
Indagado sobre a diferença entre ganhar com a seleção brasileira e com o Corinthians, o tetracampeão surpreendeu.
"O título de hoje é mais importante. Estou entusiasmado demais. Contente demais. Não vou falar de títulos do passado, só quero falar disso. Vamos comemorar", afirmou Parreira, o primeiro a deixar o campo após a entrega do troféu.
""Não era pressa, é que eu estava desnorteado", disse. Ele queria falar com seus companheiros de comissão técnica. Não conseguiu. Foi parado por uma legião de torcedores que invadiram o campo e os vestiários do Morumbi. Quase perdeu sua medalha, mas não se incomodou. Esbanjava euforia.
"Quando cheguei aqui [em dezembro de 2001", sabia que estava assumindo um time e uma torcida. O Corinthians é grande por causa de sua história, de sua torcida, de seus jogadores, de seus roupeiros e de sua diretoria. Quero agradecer a todos, que foram irretocáveis", afirmou o treinador.
Os jogadores não economizaram elogios ao treinador. Para eles, o título só foi conquistado porque Parreira acreditou e deu força ao grupo, que estava "derrotado" após uma vexatória campanha no segundo semestre de 2001.
"Só chegaram o Vampeta e o Fábio [Luciano, zagueiro", que estava emprestado. Somos os mesmos do ano passado, mas demos a volta por cima. Apagamos o 18º lugar do Brasileiro com uma campanha memorável no Rio-SP porque ele acreditou e treinou a gente", disse o atacante Deivid, titular após a saída de Luizão.
Leandro e Anderson endossaram os elogios a Parreira. "Ele dispensa apresentações e, para mim, será sempre o mestre. Mais uma vez, no intervalo, ele deu uma aula de tática, e nós começamos a jogar", disse o atacante.
Festejado, Parreira foi humilde. Repassou os méritos pela conquista aos seus comandados, os quais, segundo o técnico, são "homens maduros".
"Não é fácil perder a vantagem em cinco minutos de jogo. Eles marcaram após uma falha nossa, e depois ainda tomamos um cartão amarelo. Mas nossos jogadores não se abateram. Crescemos, empatamos nos esdrúxulos cartões e podíamos ter empatado ainda no primeiro tempo. No segundo, fomos bem superiores."
O técnico deixou os vestiários abraçado a Antonio Roque Citadini, vice de futebol do Corinthians, e a Alberto Dualib, presidente do clube, que foi aplaudido.
Os dirigentes falavam em renovar imediatamente o contrato com o técnico, que vai desfalcar o clube na fase final do Paulista e nas duas primeiras rodadas da Copa dos Campeões porque se integrará ao grupo de consultores da Fifa na Coréia do Sul no dia 22.
Dualib e Parreira passaram pelos derrotados são-paulinos calados. Citadini, porém, não se conteve. "Agora a Inês é morta", afirmou. (ADALBERTO LEISTER FILHO, FÁBIO SOARES E MARÍLIA RUIZ)




Texto Anterior: Jogo acaba em confusão dentro e fora do campo
Próximo Texto: Agora, São Paulo espera Oliveira
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.