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FUTEBOL
Técnico corintiano se vê livre de estigma de não vencer no país desde 1984 e põe título acima do tetra pela seleção
"Não serei mais crucificado", diz Parreira
DA REPORTAGEM LOCAL
Campeão do Torneio Rio-São
Paulo, Carlos Alberto Parreira
agora não pode mais ser "crucificado", segundo ele próprio.
Desde 1984, quando conquistou
o Brasileiro pelo Fluminense, o
técnico corintiano não ganhava
um título importante no país. Em
São Paulo, jamais havia conquistado um campeonato.
"Não serei mais crucificado por
isso, embora pouco me importasse. Hoje sou campeão do Rio-São
Paulo e tudo mais pouco importa.
Hoje é o dia mais feliz e importante da minha vida, mano", disse
Parreira, que já esteve à frente de
Bragantino, Santos e São Paulo,
mas que declarou amor eterno ao
clube do Parque São Jorge.
Indagado sobre a diferença entre ganhar com a seleção brasileira e com o Corinthians, o tetracampeão surpreendeu.
"O título de hoje é mais importante. Estou entusiasmado demais. Contente demais. Não vou
falar de títulos do passado, só
quero falar disso. Vamos comemorar", afirmou Parreira, o primeiro a deixar o campo após a entrega do troféu.
""Não era pressa, é que eu estava
desnorteado", disse. Ele queria falar com seus companheiros de comissão técnica. Não conseguiu.
Foi parado por uma legião de torcedores que invadiram o campo e
os vestiários do Morumbi. Quase
perdeu sua medalha, mas não se
incomodou. Esbanjava euforia.
"Quando cheguei aqui [em dezembro de 2001", sabia que estava
assumindo um time e uma torcida. O Corinthians é grande por
causa de sua história, de sua torcida, de seus jogadores, de seus roupeiros e de sua diretoria. Quero
agradecer a todos, que foram irretocáveis", afirmou o treinador.
Os jogadores não economizaram elogios ao treinador. Para
eles, o título só foi conquistado
porque Parreira acreditou e deu
força ao grupo, que estava "derrotado" após uma vexatória campanha no segundo semestre de 2001.
"Só chegaram o Vampeta e o
Fábio [Luciano, zagueiro", que
estava emprestado. Somos os
mesmos do ano passado, mas demos a volta por cima. Apagamos
o 18º lugar do Brasileiro com uma
campanha memorável no Rio-SP
porque ele acreditou e treinou a
gente", disse o atacante Deivid, titular após a saída de Luizão.
Leandro e Anderson endossaram os elogios a Parreira. "Ele dispensa apresentações e, para mim,
será sempre o mestre. Mais uma
vez, no intervalo, ele deu uma aula
de tática, e nós começamos a jogar", disse o atacante.
Festejado, Parreira foi humilde.
Repassou os méritos pela conquista aos seus comandados, os
quais, segundo o técnico, são "homens maduros".
"Não é fácil perder a vantagem
em cinco minutos de jogo. Eles
marcaram após uma falha nossa,
e depois ainda tomamos um cartão amarelo. Mas nossos jogadores não se abateram. Crescemos,
empatamos nos esdrúxulos cartões e podíamos ter empatado
ainda no primeiro tempo. No segundo, fomos bem superiores."
O técnico deixou os vestiários
abraçado a Antonio Roque Citadini, vice de futebol do Corinthians, e a Alberto Dualib, presidente do clube, que foi aplaudido.
Os dirigentes falavam em renovar imediatamente o contrato
com o técnico, que vai desfalcar o
clube na fase final do Paulista e
nas duas primeiras rodadas da
Copa dos Campeões porque se integrará ao grupo de consultores
da Fifa na Coréia do Sul no dia 22.
Dualib e Parreira passaram pelos derrotados são-paulinos calados. Citadini, porém, não se conteve. "Agora a Inês é morta", afirmou.
(ADALBERTO LEISTER FILHO, FÁBIO SOARES E MARÍLIA RUIZ)
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