São Paulo, quarta, 13 de maio de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TÊNIS
Bárbaros no coliseu

THALES DE MENEZES
Na linha "tenista também tem saudade", um pouco de nostalgia e cultura de almanaque.
O Torneio de Roma, competição que Gustavo Kuerten disputa nesta semana, na Itália, foi palco de uma das cenas mais inusitadas da história do tênis.
O ano é 1978. Os dois classificados para a final são o sueco Bjorn Borg e o local Adriano Panatta. Borg está em ótima fase, depois de ganhar quatro torneios em três meses. Já Panatta atravessa jejum de títulos de um ano, mas o "Don Juan" das raquetes está mais preocupado em namorar garotas bonitas do que levantar taças de campeão.
O jogo decisivo começa, e Borg vai impondo seu ritmo. Panatta tenta todas as variações possíveis, mas o "Iceborg" continua dominando a partida, para tristeza das italianas.
No segundo set, uma mudança. Borg passa a sacar mal. Panatta vai crescendo na quadra, não o suficiente para ameaçar o sueco, mas anima o público.
Borg prepara-se para sacar e... pára. Abaixa a cabeça, meio desolado. Repete o movimento do saque, mas novamente o interrompe. O público reclama.
O sueco tenta esboçar o golpe mais uma vez, mas torna a parar. Anda um pouco para os lados, arrastando a perna, que ele massageia. Nova tentativa, o sueco pára de novo, a torcida vaia com vontade.
Borg, calmo como sempre, vai ao árbitro e pede que ele desça da cadeira. O tenista exibe a perna para o árbitro, que a examina com atenção. Depois, sobe na cadeira, pega o microfone e dispara: "Senhoras e cavalheiros, por favor, parem de atirar objetos na quadra".
Depois do jogo, vencido por Borg, é mais fácil entender o que se passou. O sueco tem nas pernas muitas marcas pequenas e roxas. Na quadra, os pegadores recolhem do saibro moedas e feijões, disparados contra o jogador com atiradeiras.
Uma boa história para contar ao europeu que reclamar de barbáries de sul-americanos.

Milionárias
A Regency Enterprises, gigante de promoções multimídia, assinou contrato ontem com a WTA, entidade que rege o tênis feminino profissional. O contrato enfoca questões sobre transmissão de jogos por TV e participação das tenistas em propagandas institucionais do circuito. Com esse acerto, mais US$ 4 milhões devem ir anualmente para as contas das meninas. Um belo bônus.

Bruxa solta
E o Torneio de Roma exibe um cai-cai interminável de cabeças-de-chave. Em dois dias, Jonas Bjorkman, Petr Korda, Patrick Rafter e Greg Rusedski deram adeus ao torneio, e isso para ficar apenas nos tenistas "top ten". Coisas assim devem ser ressaltadas para exemplificar a competitividade do circuito. Por isso, o desempenho de Gustavo Kuerten não foge do atual padrão dos melhores tenistas do mundo. Até Sampras e Ríos, os talentos maiores, entraram na roda.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.