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TÊNIS
Bárbaros no coliseu
THALES DE MENEZES
Na linha "tenista também tem
saudade", um pouco de nostalgia e cultura de almanaque.
O Torneio de Roma, competição que Gustavo Kuerten disputa nesta semana, na Itália, foi
palco de uma das cenas mais
inusitadas da história do tênis.
O ano é 1978. Os dois classificados para a final são o sueco
Bjorn Borg e o local Adriano
Panatta. Borg está em ótima fase, depois de ganhar quatro torneios em três meses. Já Panatta
atravessa jejum de títulos de
um ano, mas o "Don Juan" das
raquetes está mais preocupado
em namorar garotas bonitas do
que levantar taças de campeão.
O jogo decisivo começa, e Borg
vai impondo seu ritmo. Panatta
tenta todas as variações possíveis, mas o "Iceborg" continua
dominando a partida, para
tristeza das italianas.
No segundo set, uma mudança. Borg passa a sacar mal. Panatta vai crescendo na quadra,
não o suficiente para ameaçar o
sueco, mas anima o público.
Borg prepara-se para sacar e...
pára. Abaixa a cabeça, meio
desolado. Repete o movimento
do saque, mas novamente o interrompe. O público reclama.
O sueco tenta esboçar o golpe
mais uma vez, mas torna a parar. Anda um pouco para os
lados, arrastando a perna, que
ele massageia. Nova tentativa,
o sueco pára de novo, a torcida
vaia com vontade.
Borg, calmo como sempre, vai
ao árbitro e pede que ele desça
da cadeira. O tenista exibe a
perna para o árbitro, que a examina com atenção. Depois, sobe
na cadeira, pega o microfone e
dispara: "Senhoras e cavalheiros, por favor, parem de atirar
objetos na quadra".
Depois do jogo, vencido por
Borg, é mais fácil entender o
que se passou. O sueco tem nas
pernas muitas marcas pequenas
e roxas. Na quadra, os pegadores recolhem do saibro moedas
e feijões, disparados contra o
jogador com atiradeiras.
Uma boa história para contar
ao europeu que reclamar de
barbáries de sul-americanos.
Milionárias
A Regency Enterprises, gigante de promoções multimídia, assinou contrato ontem
com a WTA, entidade que rege
o tênis feminino profissional.
O contrato enfoca questões sobre transmissão de jogos por
TV e participação das tenistas
em propagandas institucionais
do circuito. Com esse acerto,
mais US$ 4 milhões devem ir
anualmente para as contas das
meninas. Um belo bônus.
Bruxa solta
E o Torneio de Roma exibe
um cai-cai interminável de cabeças-de-chave. Em dois dias,
Jonas Bjorkman, Petr Korda,
Patrick Rafter e Greg Rusedski
deram adeus ao torneio, e isso
para ficar apenas nos tenistas
"top ten". Coisas assim devem ser ressaltadas para exemplificar a competitividade do
circuito. Por isso, o desempenho de Gustavo Kuerten não
foge do atual padrão dos melhores tenistas do mundo. Até
Sampras e Ríos, os talentos
maiores, entraram na roda.
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