São Paulo, quinta, 13 de maio de 1999

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FUTEBOL
Profissionais de vôlei e basquete são contatados para gerenciar a estrutura empresarial exigida pela Lei Pelé
"Amador' assume futebol "profissional'

da Reportagem Local

A aproximação do prazo para os clubes se tornarem empresas está revitalizando um fenômeno verificado no início da década: a contratação de profissionais do basquete e do vôlei para cargos de diretores executivos no futebol.
Em 1992, José Carlos Brunoro abriu o caminho ao trocar o vôlei pela Parmalat, que havia recém-assinado contrato de co-gestão com o Palmeiras.
A partir de março do ano que vem, segundo a Lei Pelé, que regulamenta o esporte no país, todo o esporte profissional do Brasil terá que ser administrado por sociedades comerciais.
O técnico de vôlei Bebeto de Freitas, ex-seleção brasileira e ex-seleção italiana, foi anunciado ontem como o novo diretor de futebol do Atlético-MG. Ele se apresenta hoje ao clube mineiro.
Em São Paulo, o técnico do time de basquete Marathon/Franca, Hélio Rubens Garcia, chegou a negociar com a Traffic para ser o diretor esportivo do Corinthians Licenciamentos Ltda, a empresa criada pela Hucks, Muse, Tate & Furst Inc., fundo de investimentos norte-americanos, para gerir o clube nos próximos dez anos.
"O nível intelectual no futebol não é dos melhores. Não existe uma geração de dirigentes esportivos, como no vôlei e no basquete", disse J. Hawilla, da Traffic.
"A adaptação não será difícil. Precisamos de uma pessoa com organização e método de trabalho. Nisso, ele (Hélio Rubens) é um craque, além de ser uma unanimidade nacional", completou.
A diretoria esportiva é uma das três áreas da nova empresa. As demais são marketing e administração. Todas serão subordinadas a um diretor geral, que também não foi escolhido ainda.
Segundo J. Hawilla, um problema de prazo impediu o acordo. Hélio Rubens teria pedido para iniciar o trabalho apenas no mês de julho, alegando compromissos já assumidos, mas Hawilla exigiu um prazo menor.
"Eles querem uma pessoa para dirigir o departamento de futebol, visando modernizar e estruturar esse setor", afirmou Hélio Rubens à Folha por telefone. Ele levantou a possibilidade de a Corinthians Licenciamentos Ltda passar a atuar no basquete também.
O presidente do Clube dos 13, Fábio Koff, não concorda que faltem pessoas qualificadas no futebol.
"Conheço vários superintendentes no futebol qualificados para a função. Por exemplo, o Antonio Carlos Verardi, que ocupa essa função no Grêmio há 25 anos, possui dois cursos universitários e fala quatro idiomas", disse.
O dirigente disse, em contrapartida, que quando presidiu o Grêmio pela segunda vez (deixou o cargo no final de 1996), contratou executivos de fora do esporte para áreas de administração do clube.
² Consultoria
Bebeto de Freitas terá a colaboração da consultora Elena Landau, executiva do banco Opportunity que foi contratada para sanear o departamento de futebol do Atlético-MG.
"Eu posso dizer que o futebol é muito mais complicado do que outros esportes, simplesmente pelo fato de ser o futebol. De estrutura e organização, todos os esportes precisam, mas as cobranças no futebol são muito maiores", disse.
O Atlético-MG passa por mais uma crise financeira, com reflexos evidentes no futebol do clube. Tem uma dívida de cerca de R$ 30 milhões e poucas fontes de receita. Nem sequer um patrocínio na camisa o time tem atualmente.
Segundo Bebeto, todos os clubes terão que se adaptar ao processo de modernização.
"Essa é uma situação importante. Não basta ter apenas um setor profissionalizado, que seriam os atletas e as pessoas envolvidas com o campo. Todo o clube precisa estar no mesmo nível, e isso implica muita coisa."
²


Colaboraram a Folha Ribeirão e a Agência Folha, em Belo Horizonte



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