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FUTEBOL
Profissionais de vôlei e basquete são contatados para gerenciar a estrutura empresarial exigida pela Lei Pelé
"Amador' assume futebol "profissional'
da Reportagem Local
A aproximação do prazo para os
clubes se tornarem empresas está
revitalizando um fenômeno verificado no início da década: a contratação de profissionais do basquete
e do vôlei para cargos de diretores
executivos no futebol.
Em 1992, José Carlos Brunoro
abriu o caminho ao trocar o vôlei
pela Parmalat, que havia recém-assinado contrato de co-gestão
com o Palmeiras.
A partir de março do ano que
vem, segundo a Lei Pelé, que regulamenta o esporte no país, todo o
esporte profissional do Brasil terá
que ser administrado por sociedades comerciais.
O técnico de vôlei Bebeto de Freitas, ex-seleção brasileira e ex-seleção italiana, foi anunciado ontem
como o novo diretor de futebol do
Atlético-MG. Ele se apresenta hoje
ao clube mineiro.
Em São Paulo, o técnico do time
de basquete Marathon/Franca,
Hélio Rubens Garcia, chegou a negociar com a Traffic para ser o diretor esportivo do Corinthians Licenciamentos Ltda, a empresa
criada pela Hucks, Muse, Tate &
Furst Inc., fundo de investimentos
norte-americanos, para gerir o clube nos próximos dez anos.
"O nível intelectual no futebol
não é dos melhores. Não existe
uma geração de dirigentes esportivos, como no vôlei e no basquete",
disse J. Hawilla, da Traffic.
"A adaptação não será difícil.
Precisamos de uma pessoa com organização e método de trabalho.
Nisso, ele (Hélio Rubens) é um
craque, além de ser uma unanimidade nacional", completou.
A diretoria esportiva é uma das
três áreas da nova empresa. As demais são marketing e administração. Todas serão subordinadas a
um diretor geral, que também não
foi escolhido ainda.
Segundo J. Hawilla, um problema de prazo impediu o acordo.
Hélio Rubens teria pedido para
iniciar o trabalho apenas no mês
de julho, alegando compromissos
já assumidos, mas Hawilla exigiu
um prazo menor.
"Eles querem uma pessoa para
dirigir o departamento de futebol,
visando modernizar e estruturar
esse setor", afirmou Hélio Rubens
à Folha por telefone. Ele levantou a
possibilidade de a Corinthians Licenciamentos Ltda passar a atuar
no basquete também.
O presidente do Clube dos 13, Fábio Koff, não concorda que faltem
pessoas qualificadas no futebol.
"Conheço vários superintendentes no futebol qualificados para a
função. Por exemplo, o Antonio
Carlos Verardi, que ocupa essa
função no Grêmio há 25 anos, possui dois cursos universitários e fala
quatro idiomas", disse.
O dirigente disse, em contrapartida, que quando presidiu o Grêmio pela segunda vez (deixou o
cargo no final de 1996), contratou
executivos de fora do esporte para
áreas de administração do clube.
²
Consultoria
Bebeto de Freitas terá a colaboração da consultora Elena Landau,
executiva do banco Opportunity
que foi contratada para sanear o
departamento de futebol do Atlético-MG.
"Eu posso dizer que o futebol é
muito mais complicado do que outros esportes, simplesmente pelo
fato de ser o futebol. De estrutura e
organização, todos os esportes
precisam, mas as cobranças no futebol são muito maiores", disse.
O Atlético-MG passa por mais
uma crise financeira, com reflexos
evidentes no futebol do clube. Tem
uma dívida de cerca de R$ 30 milhões e poucas fontes de receita.
Nem sequer um patrocínio na camisa o time tem atualmente.
Segundo Bebeto, todos os clubes
terão que se adaptar ao processo
de modernização.
"Essa é uma situação importante. Não basta ter apenas um setor
profissionalizado, que seriam os
atletas e as pessoas envolvidas com
o campo. Todo o clube precisa estar no mesmo nível, e isso implica
muita coisa."
²
Colaboraram a
Folha Ribeirão e a Agência Folha, em Belo Horizonte
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