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FUTEBOL
Relatório só será votado hoje, apesar de pressão da "bancada da bola"
CPI sem votação frustra a
estratégia "Scolari" da CBF
DO ENVIADO A BRASÍLIA
O inusitado anúncio em Brasília do novo técnico da seleção,
Luiz Felipe Scolari, foi uma tentativa do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, de diminuir o impacto da votação do relatório final da
CPI da CBF/Nike, ontem.
O relatório final do deputado
Sílvio Torres (PSDB-SP) é um forte ataque à gestão de Teixeira na
CBF, iniciada em 1989.
A tentativa foi frustrada, pois a
votação do relatório da CPI, instalada na Câmara dos Deputados há
oito meses, não ocorreu e passou
para hoje, data limite para o encerramento dos trabalhos da comissão presidida pelo deputado
Aldo Rebelo (PC do B-SP).
O texto de Torres será votado a
partir das 10h na Câmara.
Questionado pela Folha sobre o
motivo da realização da coletiva
de imprensa que marcou o início
da ""era" Scolari na seleção em
Brasília, em meio à votação do relatório, Ricardo Teixeira adotou
um discurso ""nacionalista".
""É uma coisa inovadora. Pela
primeira vez, o anúncio do técnico da seleção é feito na capital do
país", disse o presidente da CBF.
O técnico, que veio de Belo Horizonte para o evento, acompanhou o discurso nacionalista de
Teixeira. ""Eu iria a qualquer lugar
[para ser anunciado como técnico
da seleção"", afirmou.
Teixeira mostrou bastante satisfação na apresentação oficial de
Scolari, repleta de jornalistas
-agradeceu a todos os profissionais da mídia pela presença.
Hoje, porém, o dirigente e os
jornalistas estarão atentos à votação do relatório final da CPI.
A bancada ligada a clubes e federações, a chamada "bancada da
bola", tentou votar o relatório ontem porque estava certa de que seria maioria na comissão. Assim,
poderia vetar os principais ataques a dirigentes esportivos.
Rebelo, apoiado por Torres, não
aceitou o pedido de votação e
adiou a sessão para hoje.
A sessão de ontem foi marcada
pelo bate-boca entre os deputados de cada grupo.
O presidente da CPI mostrou
descontentamento com a iniciativa de Teixeira de tentar reduzir o
impacto da votação com a apresentação de Scolari em Brasília.
O deputado chegou a chamar de
""manobra" a tentativa de Teixeira
de usar a troca no comando da seleção como escudo para a CPI.
Rebelo garantiu que o presidente da CBF não terá seu nome retirado do relatório final da comissão. Para ele, Teixeira foi o principal alvo das investigações -além
dele, 32 pessoas são citadas para
indiciamento entre dirigentes e
empresários do futebol.
"Tirar o doutor Ricardo Teixeira do relatório final é o mesmo
que tirar Jesus Cristo da Santa
Ceia", disse Rebelo.
A ""bancada da bola" tem feito
pressões no sentido de aliviar a situação de Ricardo Teixeira no relatório final. Os deputados e o
próprio dirigente entendem que
as investigações da CPI não encontraram elementos suficientes
para incriminar o presidente da
CBF. Torres estaria "forçando a
mão" contra Teixeira.
Rebelo aproveitou para ""cutucar" também a decisão do dirigente de demitir Leão do cargo
após o fracasso da seleção brasileira na Copa das Confederações.
Segundo o deputado, a demissão de Leão foi ""precipitada".
(JOSÉ ALBERTO BOMBIG)
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