São Paulo, quarta-feira, 13 de junho de 2001

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FUTEBOL

Relatório só será votado hoje, apesar de pressão da "bancada da bola"

CPI sem votação frustra a estratégia "Scolari" da CBF

DO ENVIADO A BRASÍLIA

O inusitado anúncio em Brasília do novo técnico da seleção, Luiz Felipe Scolari, foi uma tentativa do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, de diminuir o impacto da votação do relatório final da CPI da CBF/Nike, ontem.
O relatório final do deputado Sílvio Torres (PSDB-SP) é um forte ataque à gestão de Teixeira na CBF, iniciada em 1989.
A tentativa foi frustrada, pois a votação do relatório da CPI, instalada na Câmara dos Deputados há oito meses, não ocorreu e passou para hoje, data limite para o encerramento dos trabalhos da comissão presidida pelo deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP).
O texto de Torres será votado a partir das 10h na Câmara.
Questionado pela Folha sobre o motivo da realização da coletiva de imprensa que marcou o início da ""era" Scolari na seleção em Brasília, em meio à votação do relatório, Ricardo Teixeira adotou um discurso ""nacionalista".
""É uma coisa inovadora. Pela primeira vez, o anúncio do técnico da seleção é feito na capital do país", disse o presidente da CBF.
O técnico, que veio de Belo Horizonte para o evento, acompanhou o discurso nacionalista de Teixeira. ""Eu iria a qualquer lugar [para ser anunciado como técnico da seleção"", afirmou.
Teixeira mostrou bastante satisfação na apresentação oficial de Scolari, repleta de jornalistas -agradeceu a todos os profissionais da mídia pela presença.
Hoje, porém, o dirigente e os jornalistas estarão atentos à votação do relatório final da CPI.
A bancada ligada a clubes e federações, a chamada "bancada da bola", tentou votar o relatório ontem porque estava certa de que seria maioria na comissão. Assim, poderia vetar os principais ataques a dirigentes esportivos.
Rebelo, apoiado por Torres, não aceitou o pedido de votação e adiou a sessão para hoje.
A sessão de ontem foi marcada pelo bate-boca entre os deputados de cada grupo.
O presidente da CPI mostrou descontentamento com a iniciativa de Teixeira de tentar reduzir o impacto da votação com a apresentação de Scolari em Brasília.
O deputado chegou a chamar de ""manobra" a tentativa de Teixeira de usar a troca no comando da seleção como escudo para a CPI.
Rebelo garantiu que o presidente da CBF não terá seu nome retirado do relatório final da comissão. Para ele, Teixeira foi o principal alvo das investigações -além dele, 32 pessoas são citadas para indiciamento entre dirigentes e empresários do futebol.
"Tirar o doutor Ricardo Teixeira do relatório final é o mesmo que tirar Jesus Cristo da Santa Ceia", disse Rebelo.
A ""bancada da bola" tem feito pressões no sentido de aliviar a situação de Ricardo Teixeira no relatório final. Os deputados e o próprio dirigente entendem que as investigações da CPI não encontraram elementos suficientes para incriminar o presidente da CBF. Torres estaria "forçando a mão" contra Teixeira.
Rebelo aproveitou para ""cutucar" também a decisão do dirigente de demitir Leão do cargo após o fracasso da seleção brasileira na Copa das Confederações.
Segundo o deputado, a demissão de Leão foi ""precipitada". (JOSÉ ALBERTO BOMBIG)

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