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FUTEBOL
A vez do Felipão
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
Leão chegou, comparou-se a um ministro que sabe
muitas coisas e ameaçou contar
tudo, dependendo da conversa
que terá com Ricardo Teixeira.
Espero que o técnico colabore
com o futebol brasileiro e diga
claramente o que sabe.
O ex-técnico da seleção afirmou que, a pedido da CBF, elaborou a lista de 22 jogadores para a partida contra o Uruguai e
que depois, para sua surpresa,
foi demitido.
Se é verdade que na lista estavam nomes de muitos jogadores
que atuaram na Copa das Confederações, a dispensa foi correta. Não no café do aeroporto.
Os crônicos e graves problemas fora de campo do futebol
brasileiro atrapalham a seleção
e precisam ser resolvidos, mas
não são os únicos motivos das
péssimas atuações da equipe,
como muitos dizem.
É possível formar um excelente time, classificar e ganhar a
próxima Copa do Mundo.
Para isso, Felipão precisa convocar e escalar os melhores, mudar pouco, definir uma nova
postura tática e criar uma forte
empatia entre os jogadores e o
público.
Wanderley Luxemburgo e
Emerson Leão foram incompetentes no comando da seleção.
O bom técnico do Corinthians
convocou e escalou mal e não teve equilíbrio emocional para
ocupar o cargo. Ele foi dispensado pela má qualidade técnica,
não por problemas particulares.
Neste momento, o retorno de
Luxemburgo, como muitos queriam, seria a completa desmoralização do futebol brasileiro.
Como todos os técnicos, Felipão tem virtudes e defeitos. Hoje, é o mais bem preparado tecnicamente para a função. O preferido dos torcedores.
Espero que tenha equilíbrio
emocional e outras qualidades
para o cargo. Terá de ser discreto e menos estrela. Seleção não é
clube. Um pouco de bom humor
também ajuda.
Será que o coordenador técnico da seleção, Antônio Lopes,
vai continuar em seu cargo decorativo?
Outro jogo igual
A partida entre Palmeiras e
Boca Juniors, hoje, não será diferente.
Acertadamente, Celso Roth
vai manter três volantes no
meio-campo.
Como lá, aqui o Palmeiras terá de pressionar e marcar individualmente o Riquelme, apesar dos inúmeros dribles que
Galeano levou do craque argentino. Além disso, o meia-atacante Juninho era o mais fraco da
equipe paulista.
Um time pode jogar com três
volantes (a França fez assim
contra o Brasil), desde que eles
atuem como armadores, não como zagueiros, como também
aconteceu no primeiro jogo em
Buenos Aires. Quando recuperavam a posse de bola, Magrão
e Fernando se transformavam
em armadores ofensivos.
A falta de bons jogadores de
meio-campo com capacidade de
defender e atacar é um dos
grandes problemas do futebol
brasileiro. Os volantes franceses
Vieira e Pires foram os destaques da Copa das Confederações. Desarmaram, apoiaram e
fizeram gols decisivos contra o
Brasil e o Japão.
As boas atuações de Magrão e
Fernando em Buenos Aires sugerem que os volantes brasileiros não são tão sem habilidade
como pensamos.
O problema é que, desde as categorias de base, eles só escutam
as palavras marcar, pegar e derrubar. Se esquecem de jogar futebol.
Se hoje o Palmeiras achar que
é o favorito e relaxar, perde ou
empata e aí vai para os pênaltis.
Nem sempre "são Marcos" está
inspirado para fazer milagres.
Controle remoto
No segundo tempo da partida
entre Corinthians e Grêmio, resolvi variar de canal.
Passei da ESPN Brasil para a
Rede Globo. O time paulista tinha todas as facilidades no contra-ataque, fez o segundo gol e
estava próximo do terceiro. Aí,
numa jogada isolada, o Grêmio
marcou seu primeiro gol.
Como faz a maioria dos técnicos, Luxemburgo imediatamente tirou o Muller, o mais lúcido
jogador do Corinthians, autor
de um belíssimo gol, e colocou
mais um atleta para segurar o
jogo.
Galvão Bueno, que entende de
futebol, não gostou. Passou a
bola para os comentaristas. Como sempre, perguntou induzindo a resposta:
- Falcão, o Corinthians estava muito bem no contra-ataque
com Muller. Gostou da substituição?
- Luxemburgo mexeu certo.
O Corinthians está respeitando
o Grêmio. É preciso reforçar a
marcação.
Falcão adora reforçar a marcação.
Não satisfeito, Galvão continuou o papo com o Casagrande.
- Casagrande, com Muller e
Marcelinho abertos o Corinthians estava chegando fácil ao
gol do Grêmio. O que achou da
substituição?
- Gostei. O Corinthians já fez
dois gols na casa do adversário e
não pode arriscar.
O Grêmio pressionou, empatou e quase fez o terceiro.
Luxemburgo, então, enxergou
o erro. Retirou um dos volantes
(André Luiz) e colocou um atacante (Gil). O Corinthians melhorou e voltou a atacar com perigo.
Retornei para a ESPN Brasil,
de onde não deveria ter saído.
E-mail: tostao.folha@uol.com.br
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