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TOSTÃO
Está com tudo e não está prosa
Revelador de grandes atletas e dono de títulos nacionais e internacionais, RS se mantém em alta com Grêmio e Inter
TORCEDORES , jogadores, treinadores e a imprensa brasileira sempre exaltaram a garra
dos argentinos. Quando é o Boca Juniors em uma decisão da Libertadores, há um grande silêncio, um enorme respeito, um temor, como se o
Boca fosse imbatível em casa. Não é.
Mas é difícil vencê-lo.
Hoje, está do outro lado o Grêmio,
que, pela proximidade geográfica e
admiração pelos argentinos, tem
um estilo parecido e é também um
papador de títulos.
A principal diferença do estilo argentino e do Rio Grande do Sul com
o restante do Brasil é a disputa obsessiva pela bola. Os argentinos costumam unir a correria com a habilidade. A diferença é de estilo, e não de
garra. Muitos jogadores de outros
Estados brasileiros vão para o Sul e
se adaptam bem a essa postura.
Porém não adianta só marcar sem
ter talento com a bola. A maioria das
grandes equipes da Argentina, do
Grêmio e do Inter tinha ótimos jogadores, como o Inter de Falcão e Carpegiani e o Grêmio de Renato e Paulo César Caju. Essas e outras equipes
ganhavam e davam espetáculo.
Mesmo com a valorização da marcação e do futebol de resultados, o
Rio Grande do Sul sempre revelou
grandes jogadores. Para ficar só no
presente, são do Sul o jogador que
ganhou duas vezes o título de melhor do mundo (Ronaldinho) e as
duas atuais maiores promessas do
futebol brasileiro (Anderson e Alexandre Pato).
Isso sem falar nos inúmeros títulos nacionais e internacionais conquistados por Grêmio e Inter. O futebol gaúcho está com tudo e não está prosa.
Na Libertadores, os argentinos ganharam mais títulos do que os brasileiros. Já em Copas do Mundo, o estilo mais cadenciado do Brasil teve
mais êxito porque, nos últimos 50
anos, o futebol brasileiro teve muito
mais jogadores fenomenais.
Além de Pelé, Garrincha, Gerson,
Rivellino, Zico, Falcão e outros
grandes craques do passado, muitos
brasileiros nos últimos 13 anos ganharam o título de melhor do mundo (Romário, Ronaldo três vezes, Rivaldo, Ronaldinho duas vezes e, quase certo, Kaká neste ano).
Após Maradona, nenhum atleta
argentino ganhou esse título. A
grande esperança é o Messi, que tem
tudo para ser nos próximos anos um
forte concorrente.
Se qualquer seleção unisse o estilo
mais aguerrido e mais passional dos
argentinos com o mais cadenciado e
com mais craques do Brasil, ela ganharia mais títulos do que os dois
países juntos. Seria o time dos meus
sonhos.
Hoje começa a decisão da Libertadores. Boca Juniors e Grêmio têm
pequenas diferenças. Enquanto o
Grêmio atua com uma linha de
quatro jogadores no meio-campo
(dois volantes e um meia de cada
lado), o Boca joga com três armadores e mais Riquelme livre e próximo
dos dois atacantes. O time do Grêmio não pode deixar o criativo e triste Riquelme (raramente sorri) receber a bola livre entre os seus volantes e zagueiros.
Se o Grêmio ficar muitos atrás e
deixar o Boca pressionar, como fez o
Santos na Vila Belmiro, correrá
grandes riscos de perder novamente
por uma diferença de dois gols. Será
difícil reverter essa desvantagem
contra o temível Boca.
tostao.folha@uol.com.br
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