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BASQUETE
Desde o título mundial, em 12 de junho de 94, seleção foi melhor do que a masculina nos torneios importantes
Arranque feminino completa cinco anos
LUÍS CURRO
da Reportagem Local
O basquete feminino brasileiro
completa neste fim-de-semana
cinco anos de seu maior feito, o título mundial -e de uma série de
resultados que superam com facilidade os alcançados pelo basquete
nacional masculino.
A partir daquele momento, e
com conquistas importantes nos
anos seguintes, a seleção feminina
passou a ter mais respeito internacional do que a masculina, que obteve seu último grande feito em
1987, com o ouro no Pan-Americano de Indianápolis (EUA).
Em 12 de junho de 1994, a seleção, com uma campanha de seis vitórias e duas derrotas, sagrou-se
campeã mundial, em campeonato
disputado na Austrália, pela primeira -e única- vez na história.
Na decisão, o Brasil derrotou a
China por 96 a 84. Os destaques foram Hortência, com 27 pontos, Janeth, com 20, e Paula, com 17.
Pode-se questionar se a arrancada feminina não teria começado
em 1991, quando a geração de Paula e Hortência venceu, em Cuba, o
Pan-Americano e recebeu cumprimentos do líder Fidel Castro.
Mas a superioridade sobre o basquete masculino não foi mantida
na Olimpíada de Barcelona-92. A
seleção feminina, entre oito participantes, ficou na penúltima posição. A masculina foi a quinta colocada entre 12 equipes.
Depois de 94, a seleção feminina
sempre esteve em vantagem (veja
a comparação ao lado).
Naquele mesmo ano, com um 11º
lugar no Mundial (pior resultado
na história da equipe nesse tipo de
competição), a seleção masculina
iniciou um processo de decadência
que pode culminar com a não-classificação para os Jogos Olímpicos de Sydney-2000.
Em julho, a equipe -caso se
classifique no Sul-Americano, de
amanhã a domingo, na Argentina-, disputará uma das duas vagas para a próxima Olimpíada. Os
favoritos no Pré-Olímpico são os
EUA (que vão competir com o
"Dream Team", jogadores da
NBA) e o anfitrião Porto Rico.
Dirigentes e comissão técnica
alegam um processo de renovação
como possível motivo para um fracasso. "O basquete masculino perdeu muito tempo nesta década. Estamos tentando recuperar e esperamos disputar uma medalha em
Atenas-2004", disse o técnico da
seleção, Hélio Rubens Garcia.
Só que a seleção feminina, também em renovação -sem seis
atletas ouro no Mundial-94 e seis
atletas prata nos Jogos de Atlanta-96-, já classificou-se, sem dificuldades, para Sydney-2000.
O técnico da seleção masculina,
porém, recusa-se a admitir abertamente que há algum tempo as mulheres assumiram um posto de superioridade internacionalmente.
"Não faço esse tipo de comparação. Há mais países de alto nível no
basquete masculino", afirmou Hélio Rubens, que a partir de amanhã
comanda o Brasil no Sul-Americano, torneio em que a seleção não
ganha o ouro desde 1993.
Questionado se a equipe masculina não tem atravessado uma fase
ruim nos últimos anos, ele limitou-se a citar a classificação de sua
seleção no Mundial-98 -foi décima. Em última instância, fez o
mesmo com a equipe feminina
-quarta colocada.
"O basquete masculino brasileiro está entre os dez melhores do
mundo. E o basquete feminino está entre os quatro melhores do
mundo", declarou.
A hoje ex-jogadora e dirigente de
basquete Hortência faz a defesa da
seleção feminina.
"É lógico que hoje é muito mais
reconhecida (mundialmente).
Nós ganhamos o Campeonato
Mundial, o Pan-Americano, a Copa América e temos o vice-campeonato olímpico. E a única grande conquista do masculino foi só o
Pan-Americano, em 87."
Hegemônico em Sul-Americanos e com o inédito título da Copa
América, em 97, o basquete feminino conquistou ainda recentes vitórias fora do âmbito da seleção.
Enquanto nenhum jogador da
seleção masculina está na NBA ou
em ligas européias, a seleção feminina está representada na Europa e
na WNBA. A ala Janeth foi campeã
nos EUA em 97 e 98. Neste ano, a
ala-armadora Claudinha conseguiu uma vaga e faz companhia a
Janeth e à pivô Alessandra na mais
competitiva liga do planeta.
No ano passado, a CBB (Confederação Brasileira de Basquete) organizou o primeiro verdadeiro
campeonato brasileiro feminino
-uma liga com oito equipes.
E neste ano Hortência conseguiu
apoio do governo paranaense e já
inaugurou três Centros de Excelência do basquete -em São José
dos Pinhais, Castro e Jacarezinho.
Metade na equipe atual
Das 12 atletas campeãs mundiais
de basquete cinco anos atrás, seis
defenderam a seleção no Pré-Olímpico de Cuba, no mês passado
-a equipe levou a prata.
Entre as outras seis, todas ainda
têm seu espaço no esporte. Veja as
campeãs (as cinco primeiras eram
as titulares em 94) e o técnico.
Paula (armadora) - Titular do
BCN/Osasco. Até o ano passado,
era titular da seleção. Desmotivada, abdicou de defender a equipe
neste ano. Ainda vai decidir se volta para a Olimpíada de Sydney.
Hortência (ala) - Aposentou-se
após os Jogos de Atlanta. É dirigente do Paraná Basquete Clube.
Janeth (ala) - Titular da Arcor/
Santo André e bicampeã pelo
Houston Comets (EUA). Titular
da atual seleção brasileira.
Alessandra - Atleta do Como
(Itália), do Washington Mystics
(EUA), é titular da atual seleção
brasileira.
Ruth - Titular do BCN/Osasco.
Helen Luz (armadora) - Campeã
brasileira neste ano pela Arcor/
Santo André, transferiu-se recentemente para o Paraná. Titular da
atual seleção brasileira.
Adriana (ala) - Recém-contratada
pela Arcor/Santo André. Titular da
atual seleção brasileira.
Roseli (ala) - Reserva da atual seleção brasileira, aguarda convite
de algum clube para o Paulista-99.
Leila (ala-pivô) -Por estar frequentando uma igreja evangélica,
recusou convocação para a seleção
em abril. Está nos planos do técnico Antonio Carlos Barbosa para o
Pan-Americano, em julho.
Cíntia Tuiú - Vice-campeã neste
ano no campeonato da Hungria.
Reserva da atual seleção brasileira.
Simone Pontello - Campeã brasileira neste ano, como "sexta jogadora", pela Arcor/Santo André.
Dalila - Aposentada, colabora
com projetos de basquete do governo paranaense.
Miguel Angelo da Luz - É superintendente de esportes olímpicos
do Flamengo.
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