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AUTOMOBILISMO
Principais dirigentes da categoria divergem sobre o regulamento técnico para a próxima temporada
Pneus ameaçam rachar a cúpula da F-1
FÁBIO SEIXAS
enviado especial a Montreal
Uma divergência sobre o regulamento técnico da F-1 ameaça rachar a cúpula da categoria.
Os personagens envolvidos são
os ingleses Max Mosley, presidente
da FIA (Federação Internacional
de Automobilismo), e Bernie Ecclestone, da FOM (Formula One
Management), grupo que administra a parte comercial da F-1.
O motivo da discórdia -a escassez de ultrapassagens nas corridas- surgiu há 15 dias, no GP da
Espanha, em Barcelona. E poderá
se repetir hoje, no GP do Canadá,
sexta etapa do campeonato, a partir das 14h (de Brasília), com TV.
Ecclestone e Mosley batem de
frente quando defendem suas
idéias sobre um dos pontos mais
polêmicos do atual regulamento, a
adoção de pneus com sulcos.
Mosley, criador da inovação, a
defende com veemência. Diz que o
que interessa na F-1 é a segurança.
Na semana passada, quando a regra dos sulcos foi criticada por pilotos como Damon Hill e Michael
Schumacher, o dirigente rebateu,
afirmando que "eles não são pagos
para darem opiniões".
Anteontem, Ecclestone surpreendeu, iniciando uma queda-de-braço com o colega Mosley.
"Nunca fui muito favorável a essas
mudanças nos pneus."
"Precisamos reduzir a velocidade dos carros por motivos de segurança. E o Max (Mosley) quer fazer
isso por meio dos pneus. Eu mesmo não sei a razão disso", disse.
Ele ainda foi irônico. "Na cabeça
dele, uma batida a 320 km/h é muito mais perigosa que uma a 250
km/h. Mas alguém também pode
morrer se bater a 60 km/h."
"Precisamos voltar aos pneus lisos, maiores, para que haja mais
aderência e as ultrapassagens sejam facilitadas", completou.
Sua atitude pode ser entendida
como a "quase certa" volta dos
pneus "slick" (lisos, sem os sulcos)
à F-1 no ano que vem.
Ecclestone, que ocupa também a
presidência da associação dos
construtores e é vice de Mosley na
FIA, é o homem mais forte da F-1
na atualidade. Suas idéias e opiniões são sempre acatadas e seguidas à risca pela categoria.
Os pneus com sulcos são apontados pelos pilotos como um dos
maiores obstáculos às ultrapassagens nos GPs. O raciocínio de Mosley é: com menos área de contato
com o asfalto, há menos aderência,
os carros ficam mais instáveis e os
pilotos são obrigados a frear antes
nas curvas, para evitar acidentes.
Por outro lado, a regra também
reduz as chances de os pilotos retardarem as freadas em curvas durante disputas de posições.
Uma reunião entre as equipes e a
direção da FIA, para discutir mudanças no regulamento do ano que
vem, deveria ter acontecido há
duas semanas. No entanto, foi
adiada duas vezes e, agora, não
tem data certa para acontecer.
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