São Paulo, quinta-feira, 13 de julho de 2000


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FUTEBOL
Associação divulga tabela da Copa João Havelange, mas acha que viabilidade do torneio está na mão da Justiça
Sem saída, Clube dos 13 admite desgaste

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL

Poderosa e endinheirada, a União dos Grandes Clubes Brasileiros, ou simplesmente Clube dos 13, admitiu ontem, pela primeira vez, estar desgastada na disputa jurídica contra o Gama, pequeno time do Distrito Federal.
A associação das 20 maiores equipes do Brasil, há 13 anos dando as cartas no futebol brasileiro, anunciou ontem em São Paulo que poderá abrir mão de disputar qualquer competição no segundo semestre deste ano por não antever uma maneira de evitar a participação do Gama.
"Há um desgaste do Clube dos 13, que está buscando uma solução para evitar uma grave crise no futebol brasileiro. Não vamos mais aceitar isso", disse o presidente do Clube dos 13, Fábio Koff.
Rebaixado no ano passado, o Gama recorreu à Justiça comum para jogar na elite do Brasileiro neste ano. A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) aceitou a decisão, mas levou o caso à Fifa, que suspendeu o Gama preventivamente até setembro.
Acuada entre a Justiça e a Fifa, a CBF se declarou impedida de realizar uma competição nacional. Na brecha, o Clube dos 13 lançou semana passada a Copa João Havelange, competição controlada por ele, mas sem o Gama.
O time do DF recorreu, então, novamente à Justiça comum. Na última segunda, a 21ª Vara da Justiça Federal do DF decidiu que o Clube dos 13 deve incluir o Gama na elite do novo torneio, por entender que ele substitui o Campeonato Brasileiro-2000.
Koff reconhece que a associação está perdendo força na disputa. "Os clubes brasileiros são muito maiores que os europeus, têm conquistas culturais e sociais. Será que não podem realizar um campeonato?"
Ontem, contrariando a determinação da Justiça Federal, o Clube dos 13 divulgou a tabela da Copa João Havelange, com 108 times, 980 jogos e sem o Gama.
Koff disse ontem que o Clube dos 13 tentará cassar a decisão favorável ao Gama. Se não conseguir, tentará reeditar a Copa União, com apenas os 20 membros da associação, a exemplo do que ocorreu em 1987.
Em caso dessa última alternativa também ser inviabilizada pela Justiça, como já prevêem muitos dirigentes do Clube dos 13, não haverá campeonato nacional no segundo semestre no Brasil.
"Do jeito que estou vendo, não haverá mais campeonato neste ano", disse o presidente do São Paulo, Paulo Amaral.
Ele afirmou que os prejuízos dos clubes grandes, como São Paulo, Palmeiras, Corinthians, Vasco e Flamengo, por exemplo, sem um Nacional neste ano será "muito grande", apesar de não saber quantificá-lo.
Dentro do próprio Clube dos 13, a questão vem provocando divergências, com alguns dirigentes acreditando que foi um erro ter deixado a disputa com o Gama se arrastar até que fosse necessária a intervenção da Fifa.
Com a suspensão imposta pela entidade máxima do futebol ao Gama, esgotaram-se as possibilidades de negociação com o time.
Agora nem se quiser o Clube dos 13 poderá aceitar o Gama em qualquer divisão da Copa João Havelange antes de setembro.
"Estou bem pessimista. Com a proibição imposta pela Fifa ao Gama, estamos em uma situação limite", disse Amaral.
Para Koff, no entanto, os grandes prejudicados não são os integrantes do Clube dos 13, mas os demais times que iriam participar da Copa João Havelange.
"Nós fizemos isso para garantir o emprego nos times pequenos neste ano", disse.
Segundo ele, o Clube dos 13 está constituindo uma comissão de advogados para tentar, a partir da semana que vem, mostrar à Justiça que não tem ligação com a CBF ou com o Gama na organização da Copa João Havelange.
Se o Clube dos 13 não conseguir viabilizar o seu torneio, restará aos times brasileiros que não disputarão a Copa Mercosul as excursões internacionais.
Os times brasileiros confirmados na Mercosul, competição sul-americana, são Corinthians, São Paulo, Palmeiras, Flamengo, Vasco, Atlético-MG e Cruzeiro.
"Eu acredito que a Justiça e a opinião pública serão sensíveis ao que está acontecendo. Nós estamos sendo impedidos de dar emprego a jogadores de 108 clubes", disse Alberto Dualib, presidente do Corinthians.
Com a divulgação da tabela da Copa, os advogados que representam o Gama devem recorrer à Justiça pedindo uma punição ao Clube dos 13.


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