São Paulo, quinta-feira, 13 de julho de 2000


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+ESPORTE - ACADEMIA
Dor em punhos, ombros e costas são os incômodos da musculação

DA REPORTAGEM LOCAL

Dores nas costas, ombro e punho são responsáveis por 58,7% das queixas dos alunos que praticam musculação em academias.
O resultado foi apontado por uma pesquisa, realizada por médicos do Cete (Centro de Traumatologia do Esporte) -ligado ao Departamento de Ortopedia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo)-, com 247 alunos de academias de ginástica da cidade de São Paulo.
Os autores da pesquisa tiveram como objetivo avaliar a incidência das principais lesões em alunos que praticam essa modalidade, o tempo de afastamento do aluno após a lesão, o uso de drogas ou suplementos nutricionais e a orientação profissional durante as sessões de treinamento.
O trabalho coordenado pelo ortopedista Moisés Cohen, médico-chefe do Cete, mostra que 114 alunos, 46,1% dos entrevistados, tinham algum tipo de lesão ou sentiam alguma dor decorrente da prática dos exercícios.
Além das lesões de ombro, coluna e punho, as partes do corpo que mais sofrem com lesões musculoesqueléticas, em função das sessões de musculação, são, segundo dados da pesquisa, os joelhos (tendinite patelar) e braços (ruptura e estiramento muscular e tendinites) -confira os resultados da pesquisa no quadro ao lado.
Para o ortopedista especialista em cirurgia de ombro Fernando Augusto Tavares, os ombros sofrem com o "overuse" (sobrecarga) que os exercícios provocam na articulação.
"Mesmo sem ter participado da pesquisa, é fácil entender a forte incidência de lesões nos ombros, que só não são requisitados pelos exercícios para as pernas e glúteo. Poucos alunos respeitam a prescrição de exercícios feita pelo professor responsável e forçam demais os ombros. A vontade de parecer forte é maior do que a de ter saúde", disse Tavares, que ainda ressaltou que o tempo médio de recuperação de uma tendinite no ombro pode ser de até 40 dias.
O trabalho dos médicos do Cete apontou que o tempo médio de reabilitação dos alunos que reclamaram de dor ou apresentavam lesões foi de 23,9 dias.
O último tópico do trabalho, que estudou a porcentagem do uso de drogas ou suplementos nutricionais entre os alunos, preocupou o fisiologista Luiz Mário Cruz, que há três anos faz um trabalho de conscientização dos malefícios dos anabolizantes em academias e clubes.
Os resultados apontaram que 25,9% dos entrevistados admitiram usar algum suplemento, sendo que apenas 6,1% o fizeram sob prescrição médica.
As principais drogas relatadas pelos entrevistados foram os aminoácidos e proteínas sintéticos -29,1% dos 25,9% que admitiram usar algum suplemento nutricional-, a creatina -22,7%- e os esteróides anabolizantes -13,7%.
(MARÍLIA RUIZ)

MAIORIA
Os atletas entrevistados pelos pesquisadores do Cete, em sua maioria (74%), eram do sexo masculino. Isso implica, segundo a conclusão do trabalho, que, tendo em vista o método aplicado, a musculação é ainda uma modalidade esportiva dominada numericamente pelos indivíduos do sexo masculino.

MÉTODO
A pesquisa, que foi realizada em diferentes academias da cidade de São Paulo, entrevistou apenas alunos com pelo menos um ano de treinamento constante, com frequência semanal não inferior a três dias e mínimo de 45 minutos por sessão. A escolha dos indivíduos, a partir daí, foi aleatória.

EFEITOS COLATERAIS
Os médicos do Cete apresentaram, na conclusão do trabalho, uma lista de efeitos colaterais provocados pelos suplementos nutricionais e drogas que os entrevistados admitiram usar. Entre eles estão: acne, cefaléia, agressividade, diarréia, irritabilidade, insônia, cãibras, edemas, esterilidade e mudança de humor.

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