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+ESPORTE - ACADEMIA
Dor em punhos, ombros e costas
são os incômodos da musculação
DA REPORTAGEM LOCAL
Dores nas costas, ombro e punho são responsáveis por 58,7%
das queixas dos alunos que praticam musculação em academias.
O resultado foi apontado por
uma pesquisa, realizada por médicos do Cete (Centro de Traumatologia do Esporte) -ligado
ao Departamento de Ortopedia
da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo)-, com 247
alunos de academias de ginástica
da cidade de São Paulo.
Os autores da pesquisa tiveram
como objetivo avaliar a incidência das principais lesões em alunos que praticam essa modalidade, o tempo de afastamento do
aluno após a lesão, o uso de drogas ou suplementos nutricionais
e a orientação profissional durante as sessões de treinamento.
O trabalho coordenado pelo
ortopedista Moisés Cohen, médico-chefe do Cete, mostra que
114 alunos, 46,1% dos entrevistados, tinham algum tipo de lesão
ou sentiam alguma dor decorrente da prática dos exercícios.
Além das lesões de ombro, coluna e punho, as partes do corpo
que mais sofrem com lesões
musculoesqueléticas, em função
das sessões de musculação, são,
segundo dados da pesquisa, os
joelhos (tendinite patelar) e braços (ruptura e estiramento muscular e tendinites) -confira os
resultados da pesquisa no quadro ao lado.
Para o ortopedista especialista
em cirurgia de ombro Fernando
Augusto Tavares, os ombros sofrem com o "overuse" (sobrecarga) que os exercícios provocam
na articulação.
"Mesmo sem ter participado
da pesquisa, é fácil entender a
forte incidência de lesões nos
ombros, que só não são requisitados pelos exercícios para as
pernas e glúteo. Poucos alunos
respeitam a prescrição de exercícios feita pelo professor responsável e forçam demais os ombros. A vontade de parecer forte
é maior do que a de ter saúde",
disse Tavares, que ainda ressaltou que o tempo médio de recuperação de uma tendinite no
ombro pode ser de até 40 dias.
O trabalho dos médicos do Cete apontou que o tempo médio
de reabilitação dos alunos que
reclamaram de dor ou apresentavam lesões foi de 23,9 dias.
O último tópico do trabalho,
que estudou a porcentagem do
uso de drogas ou suplementos
nutricionais entre os alunos,
preocupou o fisiologista Luiz
Mário Cruz, que há três anos faz
um trabalho de conscientização
dos malefícios dos anabolizantes
em academias e clubes.
Os resultados apontaram que
25,9% dos entrevistados admitiram usar algum suplemento,
sendo que apenas 6,1% o fizeram
sob prescrição médica.
As principais drogas relatadas
pelos entrevistados foram os
aminoácidos e proteínas sintéticos -29,1% dos 25,9% que admitiram usar algum suplemento
nutricional-, a creatina
-22,7%- e os esteróides anabolizantes -13,7%.
(MARÍLIA RUIZ)
MAIORIA
Os atletas entrevistados pelos pesquisadores do Cete, em sua maioria
(74%), eram do sexo masculino. Isso
implica, segundo a conclusão do
trabalho, que, tendo em vista o método aplicado, a musculação é ainda uma modalidade esportiva dominada numericamente pelos indivíduos do sexo masculino.
MÉTODO
A pesquisa, que foi realizada em diferentes academias da cidade de
São Paulo, entrevistou apenas alunos com pelo menos um ano de
treinamento constante, com frequência semanal não inferior a três
dias e mínimo de 45 minutos por
sessão. A escolha dos indivíduos, a
partir daí, foi aleatória.
EFEITOS COLATERAIS
Os médicos do Cete apresentaram,
na conclusão do trabalho, uma lista
de efeitos colaterais provocados pelos suplementos nutricionais e drogas que os entrevistados admitiram
usar. Entre eles estão: acne, cefaléia,
agressividade, diarréia, irritabilidade, insônia, cãibras, edemas, esterilidade e mudança de humor.
E-mail
mais.esporte@uol.com.br
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