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São Paulo, domingo, 13 de julho de 2003

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FUTEBOL

Chileno volta ao palco da farsa, onde hoje pode virar líder do Brasileiro

Com São Paulo, Rojas tenta exorcizar seu "Maracanazo"

MARÍLIA RUIZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Quando subir os degraus do Maracanã para acompanhar São Paulo e Fluminense, hoje, às 16h, Roberto Rojas estará pronto para dar a volta por cima em sua carreira, encerrada, no mesmo lugar, há quase 14 anos.
Agora técnico do São Paulo, vice-líder do Brasileiro até o início da rodada, Rojas não tem boas lembranças do maior estádio do mundo. Lá, ele morreu como atleta quando promoveu uma das maiores farsas do futebol. Assunto proibido para ele, que responde com sisudez todas as vezes em que é questionado sobre o tema.
"Não quero falar sobre isso. Ficou no passado. Não terá nada de especial [voltar ao Maracanã]. É um campo bom, grande, ótimo gramado para jogar", afirmou Rojas secamente anteontem.
Depois de simular ter sido atingido por um sinalizador na partida de seu país contra o Brasil, que, naquele 3 de setembro de 1989, valia a classificação para a Copa da Itália, o chileno nunca mais pôde jogar futebol. Foi banido pela Fifa, que também suspendeu a seleção do Chile por oito anos.
O tempo passou, Rojas pagou pelo seu "pecado" e voltou ao Brasil para ser o preparador de goleiros do São Paulo no meio da década passada, a convite do técnico Telê Santana. Desde então, não mais deixou o Morumbi.
Esteve à sombra de muitos técnicos durante sete anos. Agradecido por tudo que o clube fez por ele, aceitou num sábado à noite assumir um time órfão e em crise. De lá para cá, são mais de dois meses e apenas uma derrota em 12 partidas disputadas.
Os jogadores adoram Rojas, a quem creditam o bom momento que a equipe vive depois que ele assumiu a vaga deixada pelo demitido Oswaldo de Oliveira.
"Ele é um paizão. Fala a nossa língua e tem tudo a ver com a recuperação do time no Brasileiro", disse o atacante Luis Fabiano.
Outro ferrenho defensor do técnico é Jean. "Com o novo esquema [com três ou quatro volantes], o São Paulo melhorou bastante."
O zagueiro também se irritou quando foi questionado sobre o episódio do Maracanã. Tomou as dores de Rojas e disparou: "Ele tem vida nova agora. Para que isso? Deixem-no em paz."
E a paz está reinando. Com desfalques, sem desfalques, com um zilhão de volantes ou com Kaká, Ricardinho e Luis Fabiano em estado de graça, o time vai galgando posições na tabela.
Os dirigentes estão muito satisfeitos. Apostaram em um "tampão" que dá resultado e economizam, pelo menos, R$ 70 mil por mês -já que Rojas recebe R$ 28 mil, bem menos do que o clube ofereceu a Tite, R$ 100 mil.
O chileno ganha menos do que a maioria dos atletas do clube -Ricardinho, por exemplo, ganha R$ 160 mil (fora luvas). O seu salário também é inferior aos rendimentos de seus antecessores no cargo: Oswaldo de Oliveira (temporadas 2002 e 2003) recebia R$ 140 mil; Nelsinho Baptista (2001 e 2002), R$ 90 mil; Osvaldo Alvarez (2001), R$ 50 mil; e Levir Culpi (2000), R$ 160 mil.
"O São Paulo está em boas mãos. Foi uma ótima escolha", afirmou o diretor de futebol do clube, Juvenal Juvêncio.
O inferno astral de Rojas pode acabar hoje. O São Paulo pode terminar a rodada na liderança do Brasileiro se ganhar no Maracanã.


NA TV - Globo (apenas para SP) e Record (para São Paulo e Belo Horizonte), ao vivo, às 16h


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