São Paulo, sexta-feira, 13 de julho de 2007

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Estatística

No Pan, América se mostra mais democrática

Estados Unidos concentram 77% do PIB do continente, mas suas 3.679 medalhas representam só 34% do total distribuído nos Jogos

ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO

Se a divisão da riqueza entre todos os países das Américas fosse igual à distribuição das medalhas do Pan, o continente seria muito menos desigual. Essa constatação pode ser feita comparando-se o percentual do PIB (Produto Interno Bruto) que cada país tem sobre o total da região com a proporção de medalhas conquistadas por atletas de cada nação em toda a história dos Jogos.
Do ponto de vista econômico, não há continente mais desigual do que o americano. Um único país, os Estados Unidos, com seu gigantesco PIB de US$ 12,4 trilhões, abocanha 77% da soma do PIB de todos os países.
Se somarmos aos estadunidenses seus vizinhos -igualmente endinheirados- canadenses, sobram aos demais 40 países da América Latina e Caribe apenas 16% da riqueza do continente, segundo dados das Nações Unidas para 2005.
Quando o assunto são medalhas do Pan, o quadro fica bem mais democrático. Os norte-americanos até continuariam na liderança, porém de forma bem menos intensa.
Até o Pan de Santo Domingo, as 3.679 medalhas de seus atletas representavam 34% do total distribuído entre todos os países. Essa proporção é perfeitamente compatível com o tamanho de sua população: 304 milhões de habitantes, ou 33% do total do continente americano.
Ainda que os Estados Unidos nem sempre mandem seus melhores atletas para o Pan, não há dúvidas de que a grande potência olímpica do continente, se for levado em conta o tamanho de sua população ou de seu PIB, é Cuba. Os atletas da ilha de Fidel já ganharam 1.658 medalhas, o que representa 15% do total. Seu PIB representa só 0,3% da riqueza das Américas.
O bom desempenho dos cubanos fica ainda mais evidente quando se leva em conta o tamanho de sua população. Com apenas 11,3 milhões de habitantes -1,2% do total das Américas-, Cuba tem uma medalha para cada grupo de 6.815 habitantes, a melhor relação entre todos os países.
O Brasil, apesar de suas 766 medalhas em toda a história dos Jogos, está entre os países com um dos dez piores resultados quando se leva em conta a proporção de nossa população.
Os 191 milhões de brasileiros representam 21% do total das Américas, mas o número de medalhas verde-e-amarelas não passa de 7%, o que dá uma medalha para cada grupo de 250 mil habitantes.
A parte que nos cabe na riqueza do continente é de 5% do PIB, mais ou menos próximo da nossa participação entre os medalhistas (7%).
Novamente, no entanto, os argentinos nos deixam no chinelo: eles têm 1% da riqueza, mas 8% das medalhas.
Se serve como consolo, é bom lembrar que crescem bastante as chances de o Brasil repetir um resultado que não acontece desde o Pan de 1967: a conquista de um terceiro lugar no quadro de medalhas.


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