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Estatística
No Pan, América se mostra mais democrática
Estados Unidos concentram 77% do PIB do continente, mas suas 3.679 medalhas representam só 34% do total distribuído nos Jogos
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
Se a divisão da riqueza entre
todos os países das Américas
fosse igual à distribuição das
medalhas do Pan, o continente
seria muito menos desigual.
Essa constatação pode ser feita
comparando-se o percentual
do PIB (Produto Interno Bruto) que cada país tem sobre o
total da região com a proporção
de medalhas conquistadas por
atletas de cada nação em toda a
história dos Jogos.
Do ponto de vista econômico, não há continente mais desigual do que o americano. Um
único país, os Estados Unidos,
com seu gigantesco PIB de US$
12,4 trilhões, abocanha 77% da
soma do PIB de todos os países.
Se somarmos aos estadunidenses seus vizinhos -igualmente endinheirados- canadenses, sobram aos demais 40
países da América Latina e Caribe apenas 16% da riqueza do
continente, segundo dados das
Nações Unidas para 2005.
Quando o assunto são medalhas do Pan, o quadro fica bem
mais democrático. Os norte-americanos até continuariam
na liderança, porém de forma
bem menos intensa.
Até o Pan de Santo Domingo,
as 3.679 medalhas de seus atletas representavam 34% do total
distribuído entre todos os países. Essa proporção é perfeitamente compatível com o tamanho de sua população: 304 milhões de habitantes, ou 33% do
total do continente americano.
Ainda que os Estados Unidos
nem sempre mandem seus melhores atletas para o Pan, não
há dúvidas de que a grande potência olímpica do continente,
se for levado em conta o tamanho de sua população ou de seu
PIB, é Cuba. Os atletas da ilha
de Fidel já ganharam 1.658 medalhas, o que representa 15%
do total. Seu PIB representa só
0,3% da riqueza das Américas.
O bom desempenho dos cubanos fica ainda mais evidente
quando se leva em conta o tamanho de sua população. Com
apenas 11,3 milhões de habitantes -1,2% do total das Américas-, Cuba tem uma medalha
para cada grupo de 6.815 habitantes, a melhor relação entre
todos os países.
O Brasil, apesar de suas 766
medalhas em toda a história
dos Jogos, está entre os países
com um dos dez piores resultados quando se leva em conta a
proporção de nossa população.
Os 191 milhões de brasileiros
representam 21% do total das
Américas, mas o número de
medalhas verde-e-amarelas
não passa de 7%, o que dá uma
medalha para cada grupo de
250 mil habitantes.
A parte que nos cabe na riqueza do continente é de 5% do
PIB, mais ou menos próximo
da nossa participação entre os
medalhistas (7%).
Novamente, no entanto, os
argentinos nos deixam no chinelo: eles têm 1% da riqueza,
mas 8% das medalhas.
Se serve como consolo, é bom
lembrar que crescem bastante
as chances de o Brasil repetir
um resultado que não acontece
desde o Pan de 1967: a conquista de um terceiro lugar no quadro de medalhas.
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