Athos Schwantes atingiu com a espada o pulmão de Ivan em treino na segunda

Atleta curitibano diz que pretende procurar psicóloga e que o fato de o parente não estar mais no Pan lhe dá "mais garra para ganhar"

LUÍS FERRARI
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Athos Schwantes promete disputar o torneio de espada por dois. O esgrimista, 22, que atingiu o irmão Ivan em um treino na segunda-feira, diz que agora sua motivação é ainda maior, já que o ferimento causado por ele tirou o familiar dos Jogos Pan-Americanos.
O atleta conta que tem sido motivado por Ivan a ficar focado só em sua performance. Mas revela que pretende consultar uma psicóloga para ajudá-lo a bloquear o trauma por ter atingido, com a espada, o pulmão de seu irmão e colega de seleção.
O curitibano, veterano dos Jogos de Santo Domingo, garantiu que Ivan estará no palco do torneio de esgrima para vê-lo atrás de uma medalha que o Brasil não obtém desde 1975 -quando Ronaldo, o pai deles, conquistou o bronze.

 

FOLHA - Como está Ivan, física e psicologicamente?
ATHOS SCHWANTES - Fui ao hospital visitá-lo todos os dias. Ele está bem agora. O pior já passou. Todos prezam a saúde dele. Quanto mais cuidado ele receber nesta fase, melhor. Quanto a mim, agora é focar no Pan.

FOLHA - É possível bloquear a lembrança do acidente e pensar no Pan?
ATHOS - Trabalho bastante para bloquear, em várias frentes. Além das conversas com o estafe da equipe, vou falar também com uma psicóloga. Tenho recebido o apoio de todos.

FOLHA - Você já consultou psicólogos antes?
ATHOS - Tive vários contatos anteriores com psicólogas. Ultimamente, não, mas, de qualquer forma, esse tipo de consulta não é novidade para mim.

FOLHA - Quão raro é um acidente como o acontecido?
ATHOS - Faz 15 anos que treino e nunca vivenciei nada disso. Foi uma fatalidade, que nunca mais acontecerá.

FOLHA - É possível tirar algo de positivo do episódio?
ATHOS - O fato de ele não estar mais no Pan me deixa com mais garra para ganhar, agora por mim e por ele.

FOLHA - Houve lesões em treinos entre vocês antes?
ATHOS - Nunca havia sofrido nada. Nem eu, nem ele, nenhum tipo de lesão. A gente treina juntos a vida inteira, nosso pai é o técnico.

FOLHA - Ivan pretende ver a competição no Riocentro?
ATHOS - Com certeza, ele estará lá vendo a gente e torcendo por mim e pela equipe.

FOLHA - O que ele lhe falou nos encontros no hospital?
ATHOS - Ele disse que estava bem e que eu não devo me preocupar.

FOLHA - Sente preocupação dele em manter sua motivação para competir em alta?
ATHOS - O tempo inteiro ele fala para eu não esquentar, para ficar "tranqüilão" e tocar a bola para a frente. Esta situação é um obstáculo a ser contornado. Ele insiste em me deixar focado na competição apenas.