São Paulo, sexta-feira, 13 de julho de 2007

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Pé na estrada

Assediadas depois de fazerem ensaio sensual, atletas da equipe de softbol fretam ônibus para fazer um "bate-e-volta" no Rio para assistir à abertura do Pan e se cobram para jogar bem, a fim de popularizar a modalidade

Lalo de Almeida/Folha Imagem
Jogadoras da equipe de softbol tiram fotos durante a viagem de ônibus que fizeram até o Rio


EDUARDO OHATA
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Convites para ensaio sensual no site Paparazzo. Interesse da empresária Marlene Mattos para participar de eventos. Negociação para disponibilizar suas imagens como papel de parede para celulares. Convites para ir a programas de TV.
Apesar da recém-adquirida notoriedade graças a um ensaio sensual para um calendário, sem ter patrocínio e sem tempo para atender às ofertas, já que precisam treinar, as jogadoras da seleção brasileira de softbol ainda mantêm seus hábitos.
Para participar pela primeira vez de um desfile de abertura de Pan -o país faz sua estréia na modalidade, uma versão do beisebol-, alugaram um ônibus para ir até o Rio. A viagem aconteceu ontem.
"Fretamos o ônibus, e cada uma, mais a comissão técnica, desembolsou R$ 170", fala Juliana Shibata, ainda com cara de sono e enrolada em uma coberta, durante a viagem, acompanhada em parte pela Folha. Outras, como Simone Miahira, abraçada a um ursinho de pelúcia, e Cynthia Takahashi também tentavam tirar um cochilo enquanto as colegas riam, cantavam e dançavam.
Para ajudar a passar o tempo, viram os filmes "As Branquelas" e "Diamante de Sangue". "Achei que íamos fazer o ensaio para o catálogo. E talvez até fosse publicado em algum lugar. Não sabia que ia ser assim. Não sabia que ia ter essa mídia." É assim que Márcia Akiko, uma das atletas da seleção, reage à nova realidade. "Sinceramente, nunca havia imaginado isso. Quando nós fotografamos, pensei: "Será que vai ter divulgação?". Mas que legal que foi assim. Não estava esperando, por exemplo, atrair a atenção da Marlene Mattos.
Patrocínios são bons, claro, mas isso é um investimento grande", filosofa Cynthia. "Gente que não via há anos começou a ligar, acharam-me no Orkut. Pessoas que nunca falaram comigo agora perguntam: "Você não é aquela jogadora?". Parentes dizem: "Nunca imaginei que veria você na TV".", afirma a capitã Márcia.
"Quando fomos ao shopping outro dia, dava para ver que éramos reconhecidas." Ao ser questionada sobre o assédio masculino, Cynthia diz não ter percebido nada. "Estou muito dedicada aos treinos. Só vamos para os compromissos da confederação. Ainda não saí para o shopping sozinha, por exemplo, para saber se vou receber [cantadas] ou não." "Para o meu namorado, daquela sessão de fotos, assim, nem para ele havia contado direito. Ele ficou meio "Ah, você vai fazer mesmo?". Mas não tem mostrado ciúmes. Nem do assédio da mídia. Está acostumado com minha rotina de estar há dois anos e meio me preparando para o Pan", completa.
Elas ficam até amanhã no Rio, quando disputam um jogo-treino contra Cuba, e voltam para São Paulo. Retornam ao Rio para disputar o torneio de softbol, que começa no dia 23. "Quando estivermos no Rio, acho que haverá muito assédio.
Isso tudo é muito diferente para a gente. Por isso precisamos nos centrar no jogo. Não dá para tanta coisa ter acontecido, chegarmos ao Pan e não jogarmos bem", discursa Márcia. "Não é pressão. É só uma preocupaçãozinha. Nossa performance tem que ser melhor que o esperado para popularizar o softbol", tenta explicar Cynthia. "Na Vila [Pan-Americana], gostaria que o pessoal de outros esportes, como vôlei, hipismo, dissesse: "Me fale mais sobre o softbol". Ou "Vou assistir a seu jogo, que dia vai ser?"."

O torneio de SOFTBOL será de 23 a 28 de julho


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