Antes resistente à efetivação, Belluzzo afirma estar satisfeito com o interino

Nome do técnico ainda não é um consenso no clube, que após recusa de Muricy ficou sem a opção de um treinador consagrado

RENAN CACIOLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A diretoria do Palmeiras se deu conta de que bancar Jorginho talvez seja melhor opção do que correr atrás de algum grande (e caro) técnico.
Por isso, é grande a chance de anunciar em breve a mudança no status do treinador. Sai o interino, entra o efetivo.
O processo passa antes, porém, pelo convencimento de parte dos dirigentes, que ainda têm restrições à ideia.
De acordo com o diretor de futebol Savério Orlandi, nesta semana os cartolas vão se reunir algumas vezes para colocar dois pontos em discussão.
"Primeiro, vamos verificar se existe a convicção entre todos de que o Palmeiras deva dar chance a um nome novo. Depois, veremos se esse nome é o Jorginho", disse o dirigente.
A Folha apurou que um dos principais focos de resistência à efetivação de Jorginho é o presidente, Luiz Gonzaga Belluzzo. Não que ele tenha algo pessoal contra o atual interino. Mas o dirigente não acompanhava tão de perto o trabalho de Jorginho no Palmeiras B.
Sem contar que o objetivo de Belluzzo era anunciar Muricy Ramalho, tricampeão brasileiro pelo São Paulo, para a vaga de Vanderlei Luxemburgo.
Com a recusa de Muricy devido a divergências nos valores da negociação, o presidente palmeirense se viu diante de um cenário pouco confortável.
Sem outras opções dentre os ditos técnicos "top de linha", que estão todos empregados, o dirigente passou a enxergar com outros olhos uma possível mudança de filosofia na aquisição do novo treinador.
A satisfação de Belluzzo com o trabalho de Jorginho nas últimas semanas ficou evidente na entrevista concedida pelo presidente após a goleada (4 a 1), sobre o Náutico, anteontem.
"Estou deixando ele ficar à vontade. O time está jogando feliz. Vamos tocar o barco sem pressa", afirmou o dirigente.
O bom relacionamento que Jorginho tem junto aos atletas foi confirmado de perto por Belluzzo, que foi até o CT acompanhar alguns treinamentos da equipe.
"Temos de encontrar um nome que se ajuste à situação atual do Palmeiras. Por enquanto, estamos muito satisfeitos com o Jorge", falou o presidente, que aparentava um humor muito mais leve do que nos dias que antecederam o anúncio de que Muricy Ramalho era carta fora do baralho.
O teste definitivo do técnico interino do clube alviverde acontecerá depois de amanhã, no Rio, quando o Palmeiras vai visitar o Flamengo.
Até aqui, ele obteve duas vitórias contra times que ocupam a zona de rebaixamento do Brasileiro -Avaí e Náutico.
No empate (1 a 1) contra o Santos, ele acabara de assumir o cargo de Luxemburgo, demitido na madrugada anterior.
"Cada dia tem sido um teste para mim", disse o treinador quando questionado a respeito do jogo diante do time carioca.
Que ele está mais confiante, porém, é inegável. Mesmo o discurso de quando assumiu já sofreu pequenas, mas significativas, mudanças.
"Continuo não tendo grande experiência", respondeu após a vitória sobre o Náutico, naquele que vem sendo uma espécie de mantra. Depois, porém, concluiu: "Mas aos poucos, vou adquirindo bagagem".
Sinal dos tempos. E de que Jorginho e Palmeiras parecem cada dia mais sintonizados.


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