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Gerações dividem seleção de basquete
Time feminino vê rivalidade entre jovens e veteranas
JOSÉ EDUARDO MARTINS
DA REPORTAGEM LOCAL
O técnico da seleção brasileira feminina de basquete, Paulo
Bassul, teve de apelar para as
jogadoras mais experientes para a disputa da Copa América.
Atletas como a armadora Helen Luz, 36, e a pivô Alessandra,
35, estão entre as 24 convocadas neste período de preparação, em Barueri (Grande SP). O
campeonato será entre os dias
23 e 27 de setembro, em Cuiabá, e vale vaga no Mundial.
No entanto, a convivência
diária entre as novatas e as veteranas com mais de 30 anos
gerou um certo desconforto.
"Com certeza, as jogadoras
de hoje são mais preguiçosas.
Não acho que seja problema só
das brasileiras. Mesmo aos 36
anos, eu era a que mais treinava
na Espanha [no clube Hondarríbia Irún]", afirmou Helen.
"É um fenômeno mundial.
Hoje, tudo é mais fácil com a internet e o celular. Elas ficam a
maior parte do tempo nestas
atividades. Antes, a alegria da
atleta era só a quadra."
Nova assistente técnica da
seleção e contemporânea das
veteranas, Janeth Arcain, 40,
encara com naturalidade o
comportamento das jovens.
"Até mesmo os treinos mudaram. Não é como antes, que
você precisava ficar muito tempo na quadra executando um
trabalho ou outro. Mas, é claro
que a gente tem de passar nossa
experiência para as meninas."
Para as novatas, outro ponto
que pode acirrar o relacionamento é a disputa por um lugar
na seleção - apenas 12 das 24
relacionadas para os treinos
vão disputar a Copa América.
"Como sou a mais nova, às
vezes penso que o meu nome
não estará na lista final de convocadas", lamentou a pivô estreante Nádia, 20. "Rivalidade
existe dentro do grupo, mas
não passamos isso para fora da
quadra e nem extrapolamos.
Ou seja, na hora de treinar, ninguém machucará a colega."
"Essa ambiguidade é algo difícil de trabalhar desde a base,
mas é a parte mais legal do alto
nível. Você tem de aprender a
brigar pelo seu espaço e para
vencer", disse Bassul.
"É um erro comum entre as
mais jovens achar que só elas
precisam aparecer no treino.
Sempre converso com as atletas e tento convencê-las de que
todo o time precisa crescer."
Segundo o treinador, a fórmula para estreitar o relacionamento do grupo e acabar com a
imaturidade pode ser o aumento do número de amistosos.
"O ideal é fazer 35 jogos internacionais por ano. Mas é
complicado pelas distâncias,
porque temos de sair da América do Sul para jogar com times
fortes e custa caro", explicou.
Antes da disputa da Copa
América, a seleção feminina
deve fazer dez amistosos, incluindo jogos-treino com a
equipe masculina sub-16.
Nesta primeira fase de preparação, no ginásio José Corrêa, a seleção conta apenas com
14 jogadoras. Cinco convocadas
da equipe de Ourinhos e a pivô
Kelly, que atua no UTE do
Equador, disputam o Sul-Americano de clubes e têm apresentação marcada para o dia 26.
A pivô Alessandra e a armadora Adrianinha, que jogam na
Europa, apresentam-se no início de agosto. A pivô Érika e a
ala Iziane estão na WNBA e podem chegar em setembro.
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