São Paulo, sexta-feira, 13 de agosto de 2004

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Europa combate jogo com Haiti

Milan impede Dida, Cafu e Kaká de participarem de partida diplomática e pode ser seguido por outros grandes clubes europeus, como o Arsenal, que não quer atrapalhar férias de Edu

RICARDO PERRONE
DA REPORTAGEM LOCAL

A menos de uma semana do jogo com o Haiti, Dida, Cafu e Kaká receberam uma ordem do Milan para não integrar a seleção brasileira em Porto Príncipe.
O amistoso da próxima quarta-feira, encarado como uma missão diplomática pelo governo brasileiro, contraria a maioria dos clubes europeus com atletas convocados e sofre outras ameaças.
Apesar de o jogo ser realizado numa data prevista pela Fifa, as equipes alegam que só são obrigadas a liberar os seus jogadores para jogos válidos por competições ou amistosos na Europa.
Levar as principais estrelas é um pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que estará em Porto Príncipe. O Brasil lidera a força de paz das Nações Unidas no Haiti. O país está em convulsão política desde a saída do presidente Jean-Bertrand Aristide, em fevereiro, após revolta popular.
Segundo sua assessoria de imprensa, Kaká crê num acordo entre a CBF e o Milan.
"Ninguém foi desconvocado. A Itália joga no mesmo dia, e o Milan não. Esse é o clube que mais nos traz problemas, e tem um brasileiro lá", disse Rodrigo Paiva, assessor de imprensa da CBF, referindo-se ao ex-jogador Leonardo, dirigente do time italiano. O Milan deixou Kaká fora da disputa do Pré-Olímpico.
O Arsenal ameaça vetar a presença do meia Edu. O clube inglês se irritou porque o jogador terá de interromper suas férias para atender a convocação. Ele ganhou um período de descanso diferente dos outros jogadores da equipe para se recuperar do desgaste causado pela disputa da Copa América.
O Bayer Leverkusen também reclama. Os alemães tiveram os zagueiros Roque Júnior e Juan convocados para o amistoso.
Mas não são todos os clubes europeus que criam dificuldades para Carlos Alberto Parreira. O diretor de futebol do Barcelona, Sandro Rossell, disse ontem que não impedirá a apresentação de Ronaldinho e Belletti, seus atletas convocados. "Como estamos na fase de pré-temporada, não vejo problemas", afirmou o dirigente.
Ronaldo, a principal estrela brasileira, também tem presença assegurada no amistoso.
Liberado pelo Real Madrid, Ronaldo já está em Santo Domingo, na República Dominicana, onde a seleção ficará hospedada.
Por medida de segurança, os brasileiros não permanecerão no Haiti. A seleção viajará no dia do jogo e ao chegar ao país será escoltada pelas tropas da força de paz. Os organizadores do amistoso ganharam ontem mais um motivo de preocupação. A polícia do Haiti fará uma greve nos dois dias que antecedem o amistoso.


Colaboraram Fernando Mello, do Painel FC, e Sérgio Rangel, da Sucursal do Rio


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