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Inconsciente coletivo
Fosso entre nanicos e potências diminui a cada Olimpíada na disputa de seleções
DO ENVIADO A ATENAS
Antes do início dos Jogos de
Barcelona-92 era possível apostar,
sem chance de perder, em uma
equipe: no masculino, o ouro do
basquete iria para os EUA.
Em Atenas, essa atmosfera de
certeza não existe.
Há 12 anos, os americanos chegaram pela primeira vez à Olimpíada com atletas da NBA, como
Michael Jordan e Larry Bird, e
massacraram seus rivais. Fizeram
938 pontos e levaram só 588. Apelidada de "Dream Team" (time
dos sonhos), a equipe personificava o significado de imbatível.
A seleção de basquete dos EUA
desembarcou ontem em Atenas
sem essa aura, apesar de ainda
contar com jogadores da NBA (a
liga profissional americana). Em
um giro de amistosos pela Europa, a equipe perdeu da Itália por
17 pontos de diferença.
"O basquete internacional melhorou muito na última década.
As pessoas não entendem isso",
afirmou LeBron James.
O estreitamento na diferença
não é um fenômeno recente. Em
Atlanta-96 e em Sydney-00, a
equipe masculina de basquete dos
EUA venceu. Mas com uma diferença menor: saldo de 254 pontos
na primeira e de 173 na segunda.
Quatro anos atrás, os americanos
superaram a Lituânia na semifinal por dois pontos (85 a 83).
Os casos se avolumam. Ontem,
a seleção de futebol do Iraque bateu a de Portugal, que é vice da
Eurocopa. A seleção brasileira
masculina nem obteve vaga.
Em praticamente todos os esportes coletivos que serão disputados na Olimpíada o fosso entre
o mais forte e o mais fraco está
menor. Em 1996, as duplas masculinas de vôlei de praia que
saíam vencedoras de seus jogos
costumavam deixar os adversários a 7,2 pontos de distância. Em
2000, caiu para 7,0 pontos. Entre
as duplas femininas, o encurtamento da diferença foi mais sensível, de 7,66 a 6,73.
No vôlei de quadra, os fatos se
repetem. Enquanto as equipes vitoriosas no masculino precisavam, em média, de 3,54 sets para
abater os oponentes em Atlanta,
usaram 3,72 sets em Sydney. No
feminino, o esforço para vencer
consumiu 3,73 sets em 2000, contra 3,47 necessários em 1996.
A falta de favoritos concretos
pode provocar uma melhor distribuição de medalhas.
Estudo da PriceWaterhouse
Coopers projeta que, em Atenas,
os EUA devem levar 70 medalhas,
contra as 97 de 2000. O país seguirá ao lado de Rússia, China e Alemanha no topo do ranking, mas a
distância para o bloco intermediário deve cair. A Rússia, por
exemplo, deve ter queda de 27%
no total de medalhas.
E de onde sairão os vencedores?
Não de um país específico, mas de
um conjunto deles. A Polônia deve pular de 14 para 17 medalhas; o
Japão de 18 para 20. O Brasil, que
historicamente concentra 52% de
seus pódios olímpicos em esportes coletivos (os individuais representam 75% das premiações que
acontecerão em Atenas), deve ficar com 15, contra 12 de Sydney.
O técnico da seleção brasileira
masculina de vôlei, Bernardinho,
diz que, apesar de ter vencido 11
de 14 torneios disputados, não há
garantia de ouro. "Os favoritos
são Sérvia e Montenegro, Brasil,
Rússia e Itália. Mas algumas equipes do grupo intermediário, como os EUA e a Grécia, por jogar
em casa, podem surpreender."
José Roberto Guimarães, que
comanda a equipe feminina, faz
coro: "Temos que jogar 100% o
tempo inteiro. Ou não temos
chance", diz.
(MARCELO DIEGO)
Colaboraram Adalberto Leister Filho
e Luís Curro, enviados a Atenas
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