São Paulo, quarta-feira, 13 de setembro de 2000 |
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FUTEBOL Crise de Luxemburgo aumenta pressão sobre "meninos" na corrida pelo ouro
FÁBIO VICTOR ENVIADO ESPECIAL A GOLD COAST Quando venceram o Torneio Pré-Olímpico de Londrina, em fevereiro, classificando-se para os Jogos de Sydney, os jovens atletas da seleção brasileira ainda não imaginavam a responsabilidade que os aguardaria meses depois. Amanhã, às 6h (de Brasília), eles estréiam no torneio olímpico de futebol, contra a Eslováquia, em Brisbane, dando início a uma dupla e espinhosa missão: conquistar pela primeira vez a medalha de ouro e, de lambuja, carregar o seu combalido técnico nas costas. Se já era valorizada, por se tratar do único título importante que o futebol nacional ainda não tem, a conquista do ouro em Sydney tornou-se nas últimas semanas uma questão de sobrevivência para Wanderley Luxemburgo. Bombardeado com denúncias de falsificação de documentos e por ter sonegado impostos, visto no mínimo com desconfiança pela opinião pública e sem conseguir fazer a seleção principal convencer, o treinador vê a Olimpíada como a sua tábua de salvação. O próprio técnico parece ter contribuído para pôr seu pescoço a prêmio, pois abriu mão de convocar os três jogadores com mais de 23 anos permitidos pelo regulamento. Com isso, desprezou craques como Romário e Rivaldo. Mas Luxemburgo tem motivos para a aposta. Diferentemente dos seus similares "adultos", os garotos sub-23 defendem contra a Eslováquia uma invencibilidade de 16 jogos sob o comando dele. Desde que estreou, em abril de 1999, aplicando uma goleada de 7 a 0 sobre o time sub-23 dos EUA, em um amistoso em Brasília, o time acumula 12 vitórias e 4 empates. Tem ainda a média de 3,75 gols marcados por partida. Mantendo a performance e ganhando o ouro, Luxemburgo ganha fôlego e deve seguir no cargo, a menos que desastres como a derrota por 3 a 0 para o Chile voltem a se repetir nas eliminatórias. Fracassando, as chances do técnico despencam. Por saber disso, Luxemburgo, que assumiu em 98 dizendo que tinha como missão maior levar a seleção à Copa-2002 e conquistar o pentacampeonato, inverteu suas prioridades. Para ele, agora, a Olimpíada é o que interessa -embora o motivo alegado para a mudança seja outro. "Quando surgiu a informação de que deve ser a última Olimpíada com jogadores acima de 21 anos, não tenha dúvida de que aumentou a importância e a expectativa em torno desses Jogos. A medalha de ouro passou a ser o nosso primeiro grande projeto", admitiu o treinador. Ainda assim, Luxemburgo não garante que o futebol vistoso do time olímpico se repetirá na Austrália -pelo menos não amanhã. Como já havia feito na estréia da seleção no Pré-Olímpico, ele alertou antecipadamente sobre os riscos da partida inicial de um torneio como esse. "Estréia é sempre estréia. É complicada, imprevisível. Podemos ter uma grande atuação e podemos não ter. O time está com um percentual muito bom para estrear, mas o importante é evoluir no torneio. Se começar 100%, não tem para onde crescer." Com três mudanças no time titular em relação ao Pré-Olímpico (Hélton na vaga de Fábio Costa, Fábio Aurélio na de Athirson e Geovanni na de Lucas), a seleção aposta no entrosamento. "Quase não alteramos a parte tática", disse o volante Fabiano. A equipe tem também como trunfo a presença de vários atletas tarimbados. Entre os titulares que estréiam amanhã, quatro jogam, ou irão jogar, no exterior -Baiano, Álvaro, Fábio Bilica e Edu. Os atuais titulares, entretanto, são menos internacionais que os de Atlanta-96, quando a seleção contou com os três "veteranos". O Brasil integra o Grupo D. Além da Eslováquia, integram a chave Japão e África do Sul, que também jogam amanhã. NA TV - Brasil x Eslováquia, ao vivo, às 6h, na Bandeirantes, ESPN Brasil, Globo e Sportv Texto Anterior: Futebol abre cruzada pelo ouro e pela vida de Luxemburgo Próximo Texto: Alex aposta em marcação na saída rival Índice |
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