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FUTEBOL
Contra a Ponte Preta, time busca fugir de reflexos do desentendimento entre o seu treinador e a cúpula do clube
São Paulo tenta em campo abafar atrito
DA REPORTAGEM LOCAL
Em meio a mais uma crise de
relacionamento entre o técnico
Levir Culpi e a cúpula do clube, o
São Paulo enfrenta hoje a Ponte
Preta, às 20h30, em Campinas, pela Copa João Havelange.
Depois de obter três vitórias seguidas, a equipe do Morumbi tinha tudo para ter tranquilidade,
mas a calma foi quebrada por
causa de um atrito entre Culpi e o
ex-presidente são-paulino José
Augusto Bastos Neto.
Ontem, o treinador recebeu
uma carta do presidente do Conselho Deliberativo do clube, Paulo
Planet Buarque, condenando a
maneira como ele reagiu às críticas feitas pelo ex-dirigente, após a
vitória por 2 a 0 sobre o Fluminense, no último sábado.
Além de reclamar do desempenho do time, Bastos Neto criticou
a troca de Souza por Beto, no segundo tempo.
Anteontem, Culpi deu o troco
chamando, ironicamente, o ex-presidente de "burro, por contratar um técnico bem pago, sendo
que ele conhece tudo de futebol e
poderia treinar o time de graça".
O ex-dirigente foi o responsável
pela contratação de Culpi.
Apesar de não pertencer ao
mesmo grupo político de Bastos
Neto, o presidente do Conselho
Deliberativo decidiu se manifestar. "Mandei uma carta mostrando ao treinador que ele deveria
moderar o seu linguajar, por estar
falando de um ex-presidente.
Acho que isso também vale para o
Bastos Neto em relação ao técnico", declarou Planet.
Após o treino de ontem, Culpi
afirmou não ter recebido nenhum
comunicado do Conselho Deliberativo do clube.
Mais calmo, o técnico disse não
estar magoado com o ex-presidente. "No futebol, não dá para
contentar todo mundo, mas existem coisas que, se você não fala na
hora, não consegue dormir. Na
nossa profissão, o nosso cargo está ameaçado a toda semana, a
pressão é muito grande", afirmou
o treinador são-paulino.
Para Culpi e os jogadores, o episódio não terá influência na atuação da equipe, mas nem todos os
atletas ficaram indiferentes ao
que aconteceu.
O atacante França, por exemplo, apoiou Culpi. "O Bastos Neto
agora é torcedor e não tem que falar nada. O que ele disser pode influenciar outras pessoas", avaliou.
Já o meia Souza, pivô do atrito,
tentou evitar o assunto. "A preocupação agora é com a Ponte Preta. Isso que aconteceu a gente vai
ver depois", disse o meia, que foi
criticado por Culpi anteontem.
Para o diretor de futebol José
Dias, a troca de farpas entre Bastos Neto e Culpi "foi uma coisa
corriqueira, normal".
Dias ocupa o cargo desde a gestão de Bastos Neto, aliado do atual
presidente, Paulo Amaral.
O relacionamento entre o treinador e a cúpula do clube começou a se deteriorar após o time
perder a final da Copa do Brasil
para o Cruzeiro, quando o técnico
foi criticado por conselheiros.
As críticas aumentaram com a
campanha irregular no início da
Copa João Havelange e da Copa
Mercosul. Recentemente, Culpi
perdeu uma queda-de-braço com
a diretoria. Ele pediu mais um zagueiro, além do paraguaio Ayala,
e um lateral-esquerdo, mas não
foi atendido pelos diretores.
Hoje, Culpi manterá o mesmo
time que começou o jogo contra o
Fluminense. Mais uma vez, Beto
deve entrar no segundo tempo,
no lugar de Souza.
O São Paulo tenta obter a sua
primeira vitória fora de casa na
Copa JH. "Já poderíamos ter vencido fora, se não tivéssemos sido
prejudicados pela arbitragem no
empate com o Cruzeiro (2 a 2), no
Mineirão", disse o técnico.
Ayala, emprestado pelo Atlético
de Madrid (Espanha), só deve começar a treinar com a equipe na
sexta-feira, segundo os dirigentes.
Antes, a previsão era que ele se
apresentasse hoje.
O atraso ocorreu porque a documentação do jogador, que precisa conseguir um visto de trabalho no Brasil, não foi regularizada.
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