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roupa nova
Conforto faz Brasil largar "sex appeal"
Seleção feminina troca "macaquinho" por uniforme mais folgado em Mundial e segue na contramão de outros esportes
Por patrocínio e holofotes, confederações estimulam e até criam regras rígidas para que mulheres usem roupas que valorizem o corpo
GUILHERME ROSEGUINI
MARIANA LAJOLO
MARIANA BASTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A partida inaugural do Brasil
no Mundial de basquete não
chamou atenção apenas pelo
placar apertado -vitória sobre
a frágil Argentina por 71 a 69.
A mudança que levou ao Ibirapuera uma equipe brasileira
diferente é sutil, mas suficiente
para reabrir o debate sobre um
dos temas polêmicos do esporte: os uniformes das mulheres.
A seleção deixou no armário
o modelo "macaquinho" (peça
única colocada ao corpo, que
evidenciava as formas das atletas), que vestia desde 2000, para utilizar calções e camisetas
folgadas pela primeira vez em
um torneio de envergadura.
A opção não é apenas um detalhe. Com o objetivo de atrair a
atenção do público e dos patrocinadores, várias confederações mexeram em seus uniformes nos últimos anos.
Os principais alvos sempre
foram as mulheres, que perderam centímetros de bermudas
e tiveram as roupas coladas ao
corpo. O conforto acabou relegado a um segundo plano.
Apesar de terem elogiado o
"macaquinho" no passado (diziam até que impedia puxões de
camisa), as jogadoras do Brasil
tomaram a iniciativa de pedir
novos uniformes. Queriam
competir mais à vontade.
O traje agarrado ao corpo no
basquete foi utilizado pela primeira vez pelas australianas.
Atletas ainda o envergam, mas
seu uso não é imposto pela federação internacional.
Os dirigentes, contudo, não
escondem a preferência por peças justas. "Deve haver um tipo
de uniforme feminino, que valorize o corpo da mulher. Não é
interessante que seja igual ao
masculino", diz Florian Wanninger, assessor da federação.
No vôlei, mudança semelhante à feita pela seleção de
basquete renderia aos cofres da
confederação prejuízo de US$
3.000. É o valor da multa que os
cartolas impõem para quem
desobedecer às duras regras.
Na praia, por exemplo, as
atletas só podem atuar usando
maiôs com, no máximo, sete
centímetros na lateral.
É um uniforme bem diferente das bermudas que Adriana
Behar, hexacampeã mundial,
costumava usar quando começou a jogar. "O uniforme é confortável, porque cada uma escolhe o modelo. O lado negativo
é a apelação. Expõe o corpo das
mulheres e cria aquela coisa de
ver o vôlei de praia porque tem
mulher com pouca roupa", diz.
Na quadra, a imposição do
"macaquinho" gerou revolta
entre as brasileiras em 1998.
Ao lado de outros países, o
Brasil forçou a federação internacional a rever as normas. Hoje, as atletas atuam com bermudas curtas e justas e camisetas
sem mangas. Cuba ainda usa o
uniforme "sexy", e o Egito ostenta permissão especial para
burlar o regimento -jogadoras
cobrem o corpo por causa da
religião muçulmana.
A idéia de encurtar os uniformes já foi discutida até pela Uefa, organização que comanda o
futebol na Europa. O objetivo:
atrair mais patrocinadores para os torneios femininos.
Colaborou ADALBERTO LEISTER FILHO ,
da Reportagem Local
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