São Paulo, segunda-feira, 13 de outubro de 2008

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JOSÉ GERALDO COUTO

As armadilhas do fácil


O que há em comum entre o Brasil nas eliminatórias, os gols no Mundial de futsal e o Corinthians na Série B

O PLACAR foi elástico, os gols foram bonitos, mas não dá para ficar empolgado com a vitória da seleção sobre a fraquíssima Venezuela.
A orientação básica do técnico Dunga poderia ter sido: "Chuta no alto que o goleiro é baixinho". Assim saíram os dois primeiros gols.
E o quarto, o segundo de Robinho na tarde, expôs claramente a fragilidade venezuelana.
Robinho estava tão sozinho que pôde matar a bola, ajeitar o corpo e escolher o canto sem que qualquer adversário viesse incomodá-lo.
O problema das vitórias muito fáceis é que elas podem criar falsas expectativas. Um exemplo disso aconteceu no Mundial de futsal. O Brasil fez 12 a 1 no Japão, 21 a 0 nas Ilhas Salomão, e a torcida se acostumou.
No primeiro jogo da segunda fase, venceu o Irã por 1 a 0 e foi vaiado. Outro caso análogo é o do Corinthians na Série B. Está tão fácil que a torcida, a crônica esportiva e até os jogadores passam a inflar as reais condições da equipe. Um bom jogador como Douglas é incensado como se fosse um Rivellino, os comentaristas mais afoitos pedem a convocação do lateral André Santos para a seleção. Menos, gente, menos.
A seleção, que após vencer bem o Chile teve uma atuação pífia contra a Bolívia e foi vaiada no Engenhão, agora corre o risco de repetir o enredo contra a Colômbia no Maracanã.
E vale a pena questionar certos lugares-comuns cristalizados, entre eles o de que a atual zaga brasileira é muito segura. Ora, contra a inócua Venezuela Júlio César fez pelo menos três grandes defesas. O adversário chegou várias vezes na nossa pequena área. Isso é segurança?

No terreiro alheio
No Brasileirão, o que houve de mais espetacular na rodada foram as vitórias do Atlético-MG e do Fluminense, respectivamente sobre o Flamengo e o Atlético-PR, ambas fora de casa.
No Maracanã, o Galo parece ter sido espicaçado pelas palavras do presidente do Fla, Márcio Braga (que anunciou estar preparando a festa do "hexa"), e fez seu melhor jogo no campeonato.
Atropelou sem dó o rubro-negro, numa revanche tardia da final de 1980, quando o timaço de Reinaldo e Cerezo perdeu por 3 a 2 para o timaço de Zico e Júnior, numa das partidas mais memoráveis que estes olhos já viram.
Agora, o hexa parece mais distante do que nunca da Gávea -e o Galo, que já flertou com o abismo, está em boa condição para obter uma vaga na Copa Sul-Americana.
Não menos brilhante foi a façanha do Fluminense, que meteu 3 a 1 no Atlético-PR, de virada, em plena Arena da Baixada, trocando de lugar com o oponente na macabra dança das cadeiras para escapar do rebaixamento.
Tomara que o simpático e falante Renê Simões -o Groucho Marx do futebol brasileiro- acerte a mão e consiga fazer o razoável elenco tricolor render o suficiente para levar o Flu ao lugar que lhe cabe, o meio da tabela de classificação.
A próxima rodada, recheada de clássicos estaduais (Palmeiras x São Paulo, Vasco x Flamengo, Atlético-MG x Cruzeiro), será eletrizante e decisiva para o destino de um punhado de clubes.

jgcouto@uol.com.br

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