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Imagine essa defesa contra um time de verdade
JOSÉ GERALDO COUTO
especial para a Folha
Brasil e País de Gales foi um
jogo duro. De assistir.
Sabe aquela velha -e obsoleta- caricatura do jogador
europeu, de cintura dura e nenhuma intimidade com a bola? Pois os galeses de anteontem eram assim.
Se não fossem tão pernas-de-pau, não teriam perdido pelo menos três gols feitos,
dois deles com Taffarel já praticamente batido. Imagine essa defesa brasileira contra um
time de verdade.
Claro que sempre se salva alguma coisa. Uma exibição
magnífica de Rivaldo, um Muller veloz e polivalente, um Zé
Roberto impecável (ouso opinar, contra a maioria, que ele
é melhor que Roberto Carlos).
Do ponto de vista de treinamento, talvez fosse mais interessante marcar jogos da seleção contra grandes clubes brasileiros do que pegar galinhas
mortas como País de Gales.
Isso já foi muito comum em
décadas passadas.
A paixão clubística e a motivação dos jogadores excluídos
da seleção acrescentam um
tempero especial a esses jogos-treinos.
Lembro-me de um que aconteceu no Maracanã, nos anos
70. Seleção brasileira contra o
Flamengo. O rubro-negro
abriu o placar, e sua torcida
não perdoou: "Um, dois, três, o
Brasil é freguês".
Uma vez na vida é preciso
concordar com Galvão Bueno:
já que a etapa ainda é de testes, sobretudo no meio-campo,
por que não Raí?
Os pontos a seu favor são pelo menos três. 1) É um dos jogadores mais completos do futebol brasileiro, aliando vigor
físico, habilidade, inteligência
e visão de jogo; 2) atravessa
uma fase excelente em seu clube, o Paris Saint-Germain; 3) é
tido como uma ótima influência psicológica e moral sobre os
companheiros.
Assim como Rivaldo padeceu
no purgatório depois da fraca
atuação na Olimpíada, Raí
caiu num injustificável ostracismo em decorrência de sua
má fase na Copa de 94.
Mas é preciso lembrar que,
além de atravessar na época
um momento psicológico delicado (tinha acabado de se
transferir para a França), Raí
foi manietado pelo esquema
burocrático e broxante implantado por Parreira.
Já que o assunto é "segunda
chance", o colega Edgard Alves, desta Folha, lembra a semelhança da relação atual Zagallo/Edmundo com a relação
Parreira/Romário antes da
Copa do Mundo de 94.
Assim como Romário na época, Edmundo é hoje o craque
da hora; assim como ele, tem
pavio curto e é considerado um
fator de desagregação do grupo. Se for esperto como Parreira, conclui Edgard, Zagallo só
incorpora Edmundo na última
hora, para render o que a seleção precisa sem ter tempo de
causar muito estrago.
Meu xará José Geraldo Silveira Bueno, professor universitário e palmeirense (ninguém é perfeito), manda-me
um fax educado e bem escrito,
dizendo que fui muito complacente com os erros cometidos
por Brian Glenville em "The
Story of the World Cup".
Tudo bem. Glenville de fato
errou feio. Mas o que mais posso fazer, além de apontar os
seus erros? Entrar na Justiça
contra ele, chamar para a briga, xingar de corno?
Matinas Suzuki Jr., que escreve nesta coluna
às terças, quintas e sábados, está em férias
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