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FUTEBOL
Irritado após a polêmica dispensa do atacante, Luxemburgo já ameaça deixá-lo de fora da Olimpíada
Seleção, sem Ronaldo, joga de graça
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
enviado especial a Sydney
A ausência de Ronaldo, desconvocado dos dois amistosos do
Brasil na Austrália, fez a IMG, empresa de marketing esportivo que
está organizando as partidas, desistir de cobrar pelos ingressos.
Para o primeiro jogo, às 2h de
amanhã (horário de Brasília), em
Sydney, com TV, 45 mil entradas
já haviam sido vendidas, mas
quem as comprou terá direito de
receber o dinheiro de volta.
"Os portões vão ser liberados
para os torcedores, porque a
maioria que comprou ingresso
queria ver o Ronaldo", explicou
Greg Hooton, representante da
IMG. "Sem ele, até poderíamos
pensar em reduzir o preço, mas
achamos melhor simplesmente
deixar de cobrar ingresso."
O atacante foi liberado da seleção após uma queda-de-braço
entre a Inter de Milão e a CBF.
O clube italiano alegou que ele
só poderia participar do primeiro
dos dois jogos na Austrália. Segundo a Inter, seria sua sétima
participação em amistosos da seleção neste ano, completando a
cota a que a CBF tem direito.
A Confederação Brasileira de
Futebol discordou, lembrando
que ele se apresentou contundido
para as duas partidas contra a Holanda, no primeiro semestre, e foi
desconvocado. Teria, portanto,
disputado só quatro amistosos.
A Fifa deu razão à Inter, obrigando a seleção a liberar Ronaldo
logo após a primeira partida.
E a questão se encerrou quando
o técnico Wanderley Luxemburgo, irritado, declarou que "ou Ronaldo jogava as duas partidas ou
não jogava nenhuma".
Os organizadores dos jogos, então, ficaram sem muita saída.
O temor da IMG, assim como o
da Nike, também promotora, era
que sua imagem fosse afetada, já
que ambas as empresas usaram
Ronaldo para vender os jogos.
Todo o material de divulgação
dos amistosos era centrado no
atacante, apresentado como a
maior revelação da história do futebol brasileiro depois de Pelé.
Com a ausência do jogador, a
IMG e a Nike terão prejuízo conjunto na casa dos US$ 3 milhões.
Apesar de ter reclamado da
CBF, que, além de não ter levado
seu time principal, ainda decidiu
dispensar Ronaldo, a IMG não
deve processá-la. A cota da entidade, definida em contrato com a
Nike, também está garantida.
Por enquanto, o único que deve
sofrer alguma retaliação é o próprio Ronaldo. Sua presença na
Olimpíada de Sydney, no ano que
vem, já está ameaçada.
Luxemburgo desaprovou a postura do atacante, que não teria insistido o suficiente com a Inter.
"Faltou atitude", reclamou. "Se
ele diz que a Olimpíada é tão importante para o nosso futebol, deveria ter feito alguma coisa."
Decepcionada com a atitude do
jogador, a comissão técnica já não
garante sua presença nos Jogos, se
o Brasil obtiver a classificação no
início do próximo ano.
Luxemburgo lembrou que o
atacante só foi convocado para as
partidas na Austrália -a segunda
será na quarta-feira, em Melbourne- porque havia dito que precisava recuperar a forma.
Ronaldo, que será substituído
por Fábio Júnior, limitou-se a lamentar a situação. "Entendo a posição do Wanderley, mas eu não
podia fazer nada. Sou empregado
da Inter, e se a Fifa acha que ela
tem razão e eu devo voltar, o que é
que que eu podia fazer?", disse.
O atacante chegara a conversar
por telefone com Massimo Moratti, presidente do clube italiano,
e o dirigente exigira sua presença
na Itália no máximo na segunda-feira. "É um problema complicado, que envolve interesses maiores do que vocês imaginam."
Com a ausência de Ronaldo,
Luxemburgo terá uma nova reunião com os jogadores, antes do
reconhecimento do estádio Olímpico, hoje, em Sydney, em que pedirá para os atletas esquecerem o
caso e se concentrarem no jogo.
NA TV - Austrália x Brasil,
Globo, ao vivo, às 2h de
amanhã
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