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FUTEBOL
Seria cruel e injusto
SONINHA
COLUNISTA DA FOLHA
"Tá louco, esse time não
ganha uma jogada pelo
alto!" Era a 12ª bola cruzada na
área do Palmeiras, e nenhum dos
ataques aéreos do rival tinha sido
bem-sucedido. Ao mesmo tempo
em que faz uma linda festa no
atacado, o torcedor na arquibancada reclama de tudo no varejo.
Xinga os atletas, se impacienta,
volta e meia solta um "esse time é
muito ruim". Mas o sentimento
geral dos palmeirenses é de orgulho: "Caiu na bola, vai subir na
bola". Ainda pode não subir, mas
seria uma daquelas injustiças e
crueldades históricas do futebol.
Há um consenso de que esse time precisaria melhorar para disputar a Série A. Algumas pessoas
concedem: o Palmeiras precisaria
de reforços para disputar o título,
mas poderia brigar pela Libertadores. É preciso reconhecer que o
Palmeiras, além de lutar muito,
já fez algumas belas exibições de
futebol. E, além dos destaques
mencionados muitas vezes (Marcos, Magrão, Marcinho -ótimo
na antecipação e no desarme e está aprendendo a bater menos-,
Diego, Vágner e Edmilson, para
citar alguns), tem um lateral-esquerdo, Lúcio, que pode dar tantas alegrias quanto Roberto Carlos e Júnior deram ao time.
Só para provocar: o quadrangular da Série B, tão elogiado pela
alta dose de emoção, não é um
mata-mata, e sim um microcampeonato por pontos corridos. Jogam todos contra todos em ida e
volta; os melhores pontuadores
vencem. Sabe-se quantos jogos
cada time vai fazer e contra
quem. Ninguém pode ser eliminado depois de apenas dois jogos,
mas as últimas partidas podem
não valer mais nada...
Um campeonato de pontos corridos fica mais emocionante com
menos times -ele é mais curto, a
distância entre os de cima e os de
baixo é menor e percebe-se mais
facilmente que todo jogo é decisivo. O Brasileirão com 20 times será um "vinteangular" legal!
Os quadrangulares se comparam aos mata-matas pelo fato de
o time classificado em último poder ser campeão, e o melhor em
todo o torneio ficar fora por causa
de dois ou três jogos.
Agora, sem provocar: se Palmeiras e Botafogo não estivessem no
quadrangular, ele seria tão emocionante? Na verdade, seria, mas
o interesse seria completamente
diferente.
Se o Cruzeiro não for campeão,
será cruel e injusto. Principalmente porque alguém ainda vai
dizer que o Alex "não decide" ou
qualquer maldade do gênero.
O Santos tem dado espetáculo;
dá gosto ver esse time jogar. Ele
tem uma sintonia que só quem é
feliz junto há quase dois anos
consegue atingir. São muitos talentos em muitas posições; quando não é um que brilha, é o outro
(ou vários outros).
Já o Cruzeiro tem muito equilíbrio, corre menos riscos, é mais
constante. Falhou pouquíssimas
vezes no campeonato. E também
já deu muitos espetáculos.
Sinal trocado
Nem sempre palavrão é grosseria; às vezes é muito simpático.
O "filho da p..." que Flávio Saretta disse, rindo, após jogada
espetacular de Guga (enquanto
o próprio se atirava para cima
dele, como se comemorassem
juntos um gol) foi um sinal de
carinho e amizade. Nenhum
vestígio do sentido original.
Parabéns!
Marcelo Campos Pinto, da Globo Esportes, sobre a fórmula do
Brasileiro-2004: "Deveriam ter
ouvido o torcedor. Quem paga
a conta no final nunca é consultado". O que é isso, uma mea-culpa? Então não teremos mais
jogos às 11h ou às 14h? Legal!
Apóio!
A campanha por Copa do Brasil e Libertadores separadas.
E-mail
soninha.folha@uol.com.br
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