São Paulo, sábado, 13 de novembro de 2010 |
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JOSÉ GERALDO COUTO Vaquinha da Fiel
ESTAMOS DIANTE de uma situação absurda. A CBF, a Prefeitura de São Paulo e o governo do Estado decidiram que o estádio que abrirá a Copa do Mundo de 2014 será o do Corinthians, o Itaquerão ou Fielzão, que nem começou a ser construído. Não, não é esse o absurdo. O absurdo é que ninguém sabe de onde virão os R$ 250 milhões que faltam para custear a ampliação do futuro estádio, de 48 mil para 60 mil lugares, de modo a atender a exigência da Fifa. Pelo projeto original, a obra, a ser realizada pela construtora Odebrecht com ajuda do BNDES, custaria R$ 400 milhões. Ou seja: a CBF, o prefeito de São Paulo e o governador do Estado deram aval a uma aposta no escuro, uma conta que não bate, um rombo a céu aberto, um convite ao desastre. Todos garantem que a verba faltante não sairá dos cofres públicos. Faltou dizer como se produzirá o milagre da multiplicação dos assentos ou dos reais. Diante desse quadro insólito, dessa leviandade sem tamanho dos nossos dirigentes esportivos e políticos, resolvi sugerir uma solução, digamos, heterodoxa: por que não fazer uma vaquinha entre os torcedores do Corinthians para cobrir essa "pequena" diferença? A ideia não é original. Pelo menos um antecedente célebre mostra a sua viabilidade. Em meados dos anos 20, quando o Vasco da Gama era discriminado pelos outros clubes por aceitar atletas negros em seu elenco, inventou-se que o time não podia participar da liga carioca porque não dispunha de estádio próprio. Mais do que depressa, a diretoria cruzmaltina empreendeu uma enorme campanha de arrecadação de fundos junto à comunidade luso-brasileira. Padeiros, sapateiros, comerciantes, operários, todos deram seu quinhão. Resultado: em 1927 o Vasco inaugurou em São Januário o então maior estádio do Brasil (condição que só viria a perder em 1940, com a abertura do Pacaembu). Uma pesquisa feita pelo Ibope para o jornal "Lance!" atestou que a torcida corintiana soma 25,8 milhões de adeptos em todo o país (só perde para a do Flamengo, com 33,2 milhões). Se cada corintiano doar R$ 10, dará para completar o orçamento do Fielzão e ainda sobrarão uns trocados. "Trocados"? Com esses R$ 8 milhões poderiam ser impressos diplomas para os fiéis doadores. Delírio? Bem, para situações irracionais, respostas delirantes. Afinal, não é um bando de loucos? jgcouto@uol.com.br Texto Anterior: Crise em banco não afeta clube, dizem cartolas Próximo Texto: Entrevista - Cuca: "Nós temos que jogar no limite", diz técnico cruzeirense Índice | Comunicar Erros |
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