São Paulo, Segunda-feira, 13 de Dezembro de 1999


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COI aprova 50 mudanças para evitar escândalo de corrupção

das agências internacionais

O COI (Comitê Olímpico Internacional) decidiu ontem, em sessão extraordinária, em Lausanne, na Suíça, decretar o fim das visitas de seus membros a cidades candidatas para abrigar Olimpíadas.
Esse era um dos pontos mais controvertidos na lista de 50 recomendações elaboradas pela Comissão COI-2000.
O grupo foi criado como parte de uma tentativa de a entidade tentar melhorar sua imagem depois que o maior escândalo de corrupção de sua história estourou no final do ano passado.
A comissão foi formada por 82 pessoas, entre elas o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman, e o ex-presidente da Fifa João Havelange.
O processo de escolha das sedes olímpicas começou a ser fortemente questionado quando surgiram denúncias de corrupção na definição da organizador dos Jogos de Inverno de 2002.
A cidade norte-americana de Salt Lake City, vitoriosa no processo, teria gasto mais de um US$ 1 milhão apenas em presentes para membros do COI.
Seis integrantes da entidade, que teriam recebido regalias das candidatas, foram expulsos em março. Quatro renunciaram.
A proposta pelo fim das visitas recebeu 89 votos a favor e 10 contra. Houve uma abstenção.
Além da proposta vencedora, havia outra: as viagens poderiam ser feitas, mas deveriam acontecer sob determinadas condições.
Antes da votação, 36 membros do COI discursaram defendendo uma ou a outra proposta.
Com a decisão de ontem, o COI colocou fim a um sistema que foi implantado em 1984.
Desde então, as candidaturas eram responsáveis pelos gastos dos membros do COI e de seus acompanhantes quando eles visitavam as cidades.
A assembléia do COI encerrada ontem na Suíça durou dois dias e também tornou mais rígido o processo para as cidades tentarem abrigar Olimpíadas.
Atualmente, é necessário apenas o apoio de seus respectivos comitês olímpicos nacionais.
Com o novo sistema, as pretendentes devem cumprir requisitos mínimos para se habilitarem ao começo do processo.
O COI nomeia então uma comissão que fará uma visita de inspeção e produzirá um relatório.
O Comitê Executivo da entidade, que também sofreu alteração, passando de 11 para 15 integrantes, ainda terá o poder de descartar alguma candidatura se considerar que suas chances de vitória são irrisórias.
Após o término do processo, todas as candidaturas deverão revelar as fontes de suas receitas.
As mudanças definidas durante a sessão extraordinária também alteram a composição dos membros da entidade e aumentam a transparência de suas ações e, principalmente, de suas finanças.
A contabilidade da entidade, com todos seus detalhes, deve ser publicada a cada quatro anos. Atualmente, esses dados só são divulgados ocasionalmente.
Apesar de todas as mudanças, o próprio COI se mostra cauteloso quanto a seus resultados.
""Todos os países estão com as cadeias cheias de ladrões, mas isso não impede que aconteçam mais roubos", disse o suíço Marc Hodler, do Comitê Executivo.
Dando continuidade ao processo de limpeza da imagem do COI, o presidente Juan Antonio Samaranch deve comparecer na quarta-feira ao Congresso dos EUA para explicar o processo de escolha das sedes olímpicas.


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