MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE

Começa amanhã a decisão do Nacional feminino, avivada pelas cores de um time de futebol e pelo louro de Helen, que acaba de regressar às quadras após quatro meses na enfermaria.
Por mais doloroso que tenha sido acompanhar a competição até o momento, seja pelo quadro de penúria dos clubes, seja pelo mau desempenho técnico das atletas, as finais ameaçam empolgar.
Pelo São Paulo, a veterana Janeth e a novata Erika testam o alcance (ou o limite) de uma equipe de duas jogadoras -no caso, as melhores em atividade no país. Já Americana aposta no conjunto, habilmente modelado pelo técnico Paulo Bassul e agora reforçado pela bela cestinha.
No dia seguinte, será oficialmente desfeito o mistério da seleção feminina. A comissão técnica continuará encabeçada por Antonio Carlos Barbosa, novamente auxiliado por Bassul. Mas a dupla ganhará a sombra de um terceiro (uma terceira?) integrante.
Janeiro também marcou o início dos trabalhos do novo comando da seleção masculina.
O técnico Lula, escoltado por Guerrinha e Flávio Davis, finaliza a pré-convocação do grupo que vai buscar a vaga no duríssimo Pré-Olímpico de Porto Rico. Organiza uma série de encontros com colegas de profissão. E agenda treinos com jogadores de até 19 anos. Na segunda-feira, o projeto Desenvolvimento de Talentos decola em Ribeirão Preto.
A cidade, aliás, festeja basquete desde sexta-feira, quando seu time passou pelo de Franca e chegou à 36ª vitória seguida no Paulista, novo recorde histórico.
O Ribeirão Preto volta a pôr à prova sua invencibilidade nesta quinta-feira. O rival no playoff pelo título saiu ontem, o Araraquara, uma revanche de 2002.
Os mata-matas do Estadual masculino, aliás, tiveram uma novidade neste mês: três juízes, um a mais, nas partidas.
A Confederação Brasileira, coincidência ou não, pendurou melancia parecida no pescoço. Menos de uma semana depois do factóide da Federação Paulista, anunciou uma clínica de avaliação para os árbitros que vão apitar o Nacional masculino.
O torneio, divulgado indelicadamente pela CBB em plena semana da decisão feminina como a "melhor competição do basquete brasileiro", engrena a partir do dia 26, com 17 participantes de sete Estados, inclusive a caravana vascaína, ressuscitada com a capitulação botafoguense e ainda sob a batuta de Hélio Rubens.
A notícia, por enquanto, é o retorno de Jefferson e Luís Fernando, desiludidos com a NBDL. Interessante constatar que tenham assinado com Bauru e Minas, exatamente as equipes dos dois auxiliares de Lula na seleção.
Mas, se um duo brasileiro quebrou a cara na segunda divisão da NBA, outro saboreia o sonho americano em janeiro. Baby, suspenso por doping dos eventos da Fiba, destaca-se na equipe da universidade Brigham Young. Nenê coleciona um duplo-duplo atrás do outro e já é um dos três melhores calouros da NBA.
Como se vê, o basquete brasileiro borbulha em 2003. Há tempos não se via um janeiro tão agitado.
Você não estava ligado? Não se culpe. A despeito de um ou outro aceno, a mídia eletrônica continua alheia ao esporte. Talvez por causa das férias. Talvez porque tenha a consciência de que ultimamente nosso basquete pode até agitar pacas, mas render...

TV 1
A 13 dias do Nacional, a Bandeirantes segue calada. Em 2002, quando reabriu a TV aberta para o basquete, sua direção apostou nos jogos como um tapa-buraco barato para o domingo enquanto não concebia uma atração mais popular e atraente a anunciantes.

TV 2
A ESPN Brasil sabotou a exibição da partida mais importante do Paulista, Ribeirão Preto x Franca, na sexta-feira, a fim de abrir espaço para Gustavo Kuerten. A Sportv, sem caixa, trocou alguns mata-matas do Nacional feminino por tolos enlatados. E Directv e ESPN International não prestigiam o fenômeno Nenê.

TV 3
Um dia todos teremos de reconhecer que a maior contribuição da TV brasileira ao basquete no novo milênio é a gincana apresentada aos sábados por Luciano Huck. Sem gozação.

E-mail melk@uol.com.br


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