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FUTEBOL
Centroavante grosso não dá
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
Como aconteceu no jogo das
eliminatórias da Copa contra o Uruguai, o time pré-olímpico teve facilidades no ataque, mas
não aproveitou. Em compensação, o Uruguai, com um centroavante e dois pontas velozes, incomodou bastante a defesa brasileira. Os laterais não sabiam se ficavam atrás ou se avançavam, como fazem normalmente.
No gol do Uruguai, Maicon perdeu a bola no ataque e deixou um
vazio na lateral. A cobertura deveria ser feita pelo Edu Dracena, e
não pelo Paulo Almeida, com o
Maxwell se posicionando como
zagueiro. Um lateral avança e o
outro fica. Os volantes tentam fazer a cobertura e quase sempre
chegam atrasados, pois têm de
correr para trás.
O Uruguai não adotou nenhuma tática especial contra o Brasil.
O time foi também ousado em todas as partidas pelas eliminatórias (o técnico é o mesmo) e no
primeiro jogo do Pré-Olímpico,
quando foi goleado pelo Chile por
3 a 0. É uma tática de risco. Todas
as equipes deveriam treinar um
esquema de risco para usá-lo no
momento certo, e não em todas as
partidas, como faz o Uruguai.
Leão telefonou para o Alex e pediu ao zagueiro que sugerisse ao
Ricardo Gomes a troca de posição
entre os dois zagueiros. Não há
nada de antiético nisso. Leão tem
razão. Edu Dracena joga no Cruzeiro pela esquerda e Alex atua
bem dos dois lados.
No segundo tempo, Ricardo Gomes preferiu o Paulinho ao Daniel Carvalho. Não entendi. Daniel Carvalho foi o melhor jogador do Inter e um dos melhores do
Brasileiro, o melhor no Mundial
sub-20 e o melhor da sub-23 contra a Venezuela. Parreira deveria
estar no Chile para ajudar o Ricardo Gomes.
Discute-se muito se a seleção
deveria ter um centroavante ou
não. A necessidade de um centroavante não é a de ter um atacante alto, forte, pesado, fixo na
área e somente para finalizar. Esse jogador, mesmo fazendo gols,
atrapalha o ataque.
O centroavante é importante,
desde que ele se movimente na
frente, tenha uma razoável habilidade para driblar e trocar passes
em pequenos espaços, seja referência para os que chegam de trás
e um bom finalizador. Dagoberto,
que não é um centroavante, poderá jogar bem nessa posição se for
bem orientado. Ele está muito
confuso, sem saber a sua posição.
Um bom time não precisa de
um centroavante estático e grosso, mas de um bom centroavante.
Errei
Escrevi besteira na última coluna ao dizer que o espetacular gol
do Maicon contra o Paraguai foi
tão bonito quanto o do Maradona, na Copa de 86.
Independentemente da imensa
diferença de qualidade entre os
dois jogadores e da importância
das duas partidas, ao ver com
mais calma os dois gols, ficou claro que o Maicon tinha um espaço
livre à frente, ultrapassou sem
driblar os marcadores graças à
sua velocidade, fintou o goleiro e
fez o gol. Maradona driblou os
adversários e fez um gol muito
mais bonito.
A arrancada pela meia direita
em direção ao gol não é virtude
do Maicon. É a sua principal deficiência. Com frequência, ele perde a bola e deixa um vazio na lateral, como no gol do Uruguai.
Diferentemente do Maicon,
Maurinho, titular do Cruzeiro,
raramente é desarmado quando
avança. Ele dribla, passa, cruza e
finaliza no momento certo. Não
tenta fazer o que não sabe. Mas
nunca vai fazer um gol como o do
Maicon.
Baixinhos
Será que o pequeníssimo meia
Elton do juniores do Corinthians,
com um 1,57 m de altura e 17
anos, poderá se tornar um excelente jogador? Se ele tiver outras
qualidades, além da grande habilidade, penso que sim. Mas terá
de fazer um tratamento especial
para ficar mais forte e ainda poderá crescer um pouco.
Quando fui convocado pela primeira vez para a seleção brasileira, antes da Copa de 66, muitos
disseram que eu era baixinho para jogar de centroavante ao lado
do Pelé. Era meia no Cruzeiro.
Por causa do apelido e de minhas
pernas grossas, parecia no campo
menor do que era.
Antes do primeiro treino da seleção, foi medida a altura de todos os jogadores.
De propósito, fiquei logo atrás
do Pelé. O Rei mediu 1,72 m, e eu,
1,71 m. Sorri e chamei a atenção
dos repórteres. No outro dia, publicaram as medidas no jornal.
Nunca mais me chamaram de
baixinho.
E-mail
tostao.folha@uol.com.br
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