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FUTEBOL
Torcidas, que em troca teriam os seus integrantes fichados, rejeitam plano de promotor apresentado pela federação
FPF propõe a organizadas ingresso a R$ 10
FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC
Preocupada com os clarões nas
arquibancadas, as ações na Justiça
e as manifestações em frente aos
estádios, a Federação Paulista de
Futebol admitiu pela primeira vez
baixar o preço do ingresso do Estadual pela metade. A medida beneficiaria apenas para torcedores
uniformizados, os que mais têm
feito barulho contra a administração Marco Polo Del Nero.
Em troca, o presidente da FPF
pediu às diretorias de Gaviões da
Fiel, Mancha Alviverde, Tricolor
Independente e Jovem (Santos)
um cadastro de seus associados.
Del Nero já apresentou a proposta formal às uniformizadas.
Mas, por enquanto, não teve êxito. "Eles estiveram aqui na FPF,
eu propus o cadastramento e disse que em troca a gente baixaria o
preço dos ingressos para R$ 10.
Foi uma proposta do [promotor]
Fernando Capez, que eu aceitei de
imediato. Isso valeria para já. Mas
a Gaviões da Fiel não topou", disse o cartola à Folha.
A idéia de Capez e da FPF era separar os uniformizados em um
setor independente, sem acesso
aos "torcedores comuns". O local
seria mais vigiado pela polícia,
que, com o cadastro em mãos, poderia agir com mais rapidez.
"É uma maneira de dar segurança a todo mundo, desde as
próprias torcidas até os não-associados", afirmou Capez.
A criação de um setor para as
organizadas foi a maneira encontrada pela entidade para não burlar o Estatuto do Torcedor, que
não permite a cobrança de preços
diferentes para um mesmo local.
Mas, para as torcidas, a proposta é um disfarce para fazer um fichamento policial dos associados.
"Já entregamos nossa lista à PM.
Só que o que eles querem é absurdo. É uma discriminação odiosa",
disse Jânio Carvalho, presidente
da Mancha Alviverde, maior uniformizada do Palmeiras.
Segundo ele, FPF e PM não ficaram satisfeitos com a lista de associados, acompanhada de cópia
dos respectivos RGs. A "lista completa" teria que trazer informações sobre cor dos olhos, número
e formato de tatuagens no corpo,
profissão e telefones de contato de
todos os integrantes.
"Ninguém aqui é fichado na polícia, as pessoas estão acostumadas a nos tratar como marginais.
Querem saber se o cara é manco,
se tem um ou dois braços. Ninguém vai se submeter a esta humilhação", completou Carvalho.
Por meio de sua assessoria, a
Gaviões da Fiel confirmou ter rechaçado a proposta da FPF. A alegação é que isolar as uniformizadas é um ato discriminatório.
Del Nero diz ter ficado surpreso
com a posição dos torcedores.
"Não sei o que eles querem. Não
estão lutando por preços menores? Por que têm tanto medo de se
cadastrar? Deve ter algum outro
interesse por trás disso."
Gaviões, Independente e Mancha prometem manter o protesto
contra os ingressos a R$ 20.
Na segunda, a uniformizada corintiana entra com ação na Justiça
para pleitear a redução do preço
para R$ 10 a todos os seus mais de
60 mil sócios. As demais devem
seguir o mesmo caminho.
Alheia à negociação com as uniformizadas, a comissão de clubes
que discutiu a questão do ingresso confirmou a posição de não diminuir o preço para os chamados
"torcedores comuns".
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