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São Paulo, sexta-feira, 14 de março de 2003

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VÔLEI

Atacante alega problemas pessoais e promete fazer campanha antidrogas

Foi uma única vez, afirma Giba sobre uso de maconha

Luiz Carlos Murauskas/Folha Imagem
Giba, que deve voltar às quadras no próximo dia 30, fala em SP


MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Resignado, o atacante Giba fez ontem um mea culpa, assumiu o uso de maconha e começou a tentar recompor sua imagem, que considera ter ficado arranhada após o doping que o fez ficar dois meses fora das quadras.
"Todo mundo está sujeito a errar. Este foi um erro único. Foi só uma vez. Acabou", disse ele.
Segundo o jogador, uma série de problemas pessoais o levaram a enfrentar momentos difíceis, com os quais não conseguia lidar.
"Foi numa festa [que usou maconha]. Eu estava em um momento muito difícil. Estava sozinho em casa, estava nevando, fazia cinco graus negativos. Saí", contou ele ontem, em São Paulo, em sua primeira entrevista coletiva após a divulgação de sua pena.
Flagrado em exame antidoping realizado no dia 15 de dezembro, Giba recebeu suspensão de oito jogos pela federação italiana, a mais curta já aplicada no país.
Como já estava suspenso preventivamente por seu clube, o Ferrara, desde 27 de janeiro, ele poderá voltar às quadras no próximo dia 30, contra o Verona.
O ponta da seleção afirmou que seu maior temor quando soube do resultado do exame foi a possibilidade de ficar fora da seleção e não ir aos Jogos de Atenas-2004.
Enquanto aguardava o resultado de seu julgamento, o atacante foi visitado na Itália por Bernardinho. Além de reafirmar sua intenção de contar com ele na seleção, o treinador deu várias orientações ao ponta e cobrou algumas mudanças, como parar de fumar cigarro, por exemplo.
"O Bernardo falou um pouco de tudo. Ele sabe como são as coisas, e eu tenho de saber escutar. Meus problemas pessoais foram resolvidos, mas podem voltar. Agora vou pensar de outro jeito e não achar que a droga pode ser uma saída", declarou Giba.
"Sei que sou um símbolo, um exemplo. Quero zelar pela minha imagem, principalmente com as crianças", completou.
Uma das formas que Giba encontrou para zelar por sua imagem foi transformar seu caso em exemplo. O atacante vai conversar com seu patrocinador pessoal, a Olympikus, para fazer uma campanha antidrogas.
O ponta também colocou sua imagem à disposição para qualquer tipo de ação semelhante.
Questionado sobre a possibilidade de a maconha e as chamadas drogas socais deixarem de ser consideradas doping, Giba disse ser "totalmente contra".
"A maconha é uma droga social, mas faz mal à saúde", afirmou ele, numa das poucas vezes em que citou a palavra maconha durante a entrevista.
O caso de doping de Giba fez a Confederação Brasileira de Vôlei aumentar sua preocupação com a condição psicológica dos atletas da seleção nacional.
A entidade decidiu contratar um psicólogo para trabalhar permanentemente com os jogadores.
Gilberto Gaertner, além de cuidar das questões relativas à equipe nacional dentro e fora da quadra, irá fazer acompanhamentos individuais dos atletas.
A CBV também decidiu impor uma punição simbólica ao atacante. Giba terá de doar seu primeiro salário na seleção brasileira -aproximadamente R$ 6.000- a uma instituição que faça tratamento de dependentes químicos. A entidade beneficiada será escolhida pelo próprio jogador.
"Não podemos puni-lo. Esta foi uma forma que encontramos para que ele mostre que está arrependido, que tropeçou, mas não caiu", afirmou Ary Graça, presidente da confederação.


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