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LEGISLAÇÃO
Relator do PFL quer Lei Rouanet para o futebol
Oposição volta atrás, altera MP79, e votação sofre novo adiamento
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
Mais uma vez a medida provisória 79, que deveria ter sido votada ontem pela Câmara Federal,
foi alterada. E, mais uma vez, acabou não sendo votada.
O motivo para a votação ter sofrido o quinto adiamento -a
previsão inicial era que ela acontecesse em 25 de fevereiro- foi a
oposição ter rompido acordo
com o PT, fechado na véspera, e
apresentado uma série de modificações na MP do futebol.
Uma das mudanças feitas pelo
relator Gervásio Silva (PFL-SC) e
que surpreendeu o partido do governo é a que possibilita ao futebol se beneficiar dos incentivos
fiscais da Lei Rouanet (1991), até
agora exclusiva à cultura.
Uma reunião de sete horas entre
representantes dos principais
partidos, incluindo o PFL, o PSDB
e o PT, havia definido justamente
o contrário, o que revoltou deputados petistas, como Dr. Rosinha
(PR) e Gilmar Machado (MG).
"Não tem cabimento. Foi combinada uma coisa, e eles apresentam outra totalmente diferente na
hora de votar. Ficou clara a intenção de deixar a pauta trancada.
Eles [oposição] fizeram isso no
Senado e estão fazendo na Câmara também", protestou Machado.
Desde terça a MP79, justamente
a que trata de assuntos relativos
ao futebol, tranca a pauta da Casa.
"Com as alterações que eles fizeram não tinha como votar. Vamos avaliar agora a melhor estratégia [a votação passou para a
próxima terça], se fazemos um
outro [projeto] ou votamos este e
derrubamos os acréscimos de última hora", afirmou o petista.
Para ele, os acréscimos apresentados pelo relator foram uma
aberração. "Há até pontos que são
inconstitucionais", disse Machado, referindo-se à obrigatoriedade de as entidades esportivas se
transformarem em empresas.
Ele critica ainda o fato de o Ministério Público só poder fiscalizar, com as alterações, "os clubes
que recebem verba pública".
Mas Gervásio Silva se defende e,
apoiado por Rodrigo Maia (PFL-RJ), diz que as mudanças eram
necessárias por serem "moralizadoras". "Precisamos especificar
que dirigentes poderão ser punidos, obrigar os clubes a publicar
detalhadamente seus balanços,
mas também facilitar o acesso a
incentivos fiscais. Se esporte é cultura, a Lei Rouanet tem que ser
aplicada também no futebol."
Sobre a inconstitucionalidade
de alguns dos acréscimos, Silva
explicou que, após o acordo com
representantes do partido do governo, consultou a assessoria da
Câmara e teve seu aval para as alterações. "Este relator não é advogado nem jurista, mas entende que esta Casa tem uma assessoria
[que não teria visto inconstitucionalidade] competente."
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