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Uma CPI quase impossível
e a TV de Farah
JUCA KFOURI
da Equipe de Articulistas
Se já foi uma batalha conseguir as assinaturas necessárias
para encaminhar o pedido de
CPI sobre o contrato CBF-Nike,
mais difícil ainda será instalá-la, tal o lobby em andamento.
Basta dizer que o deputado
Alberto Goldman (PSDB-SP)
retirou sua assinatura a pedido
do líder da bancada tucana, o
deputado mineiro Aécio Neves
-que, registre-se, tem se comportado de maneira muito estranha sempre que o assunto é
futebol, embora se esparrame
em explicações ao ser cobrado.
Já foi assim por ocasião da
tentativa da instalação de outra CPI, a do escândalo da arbitragem, e no andamento da
aprovação da Lei Pelé.
Aliás, Aécio Neves nada fez,
quando presidente da Caixa
Econômica Federal, no governo Sarney, para apurar outro
escândalo, o da máfia da Loteria Esportiva.
O simples fato de, em plena
semana da guerra pela aprovação da CPMF, cartada decisiva
para o governo FHC, o líder
desse governo achar tempo para se dedicar ao trabalho de
impedir uma CPI dessas dá a
medida das dificuldades para
que essa seja instalada.
Do lobby pró-CBF participam
desde ministros de Estado, como Francisco Dornelles, até governadores tucanos, como Tasso Jereissati (colega de escola
de Ricardo Teixeira), que mobilizou o cantor e compositor
Fágner no trabalho de convencimento dos deputados para
que não assinassem o pedido.
Fágner, é bom lembrar, foi
um dos convidados do ""vôo da
alegria" da CBF durante a Copa da França, 40 dias de estadia em Paris com tudo pago em
hotel cinco estrelas.
A nota curiosa dos bastidores
do pedido de CPI formulado
pelo deputado Aldo Rebelo (PC
do B-SP) ficou por conta de Eurico Miranda (PPB-RJ).
Ele acabou não retirando sua
assinatura e, ao ser patrulhado, respondeu que havia se
comprometido a não trabalhar
mais pela instalação da CPI,
como era seu propósito inicial,
mas que em momento algum
prometera retirar seu nome da
lista dos 207 deputados que
subscreveram o pedido.
Ricardo Teixeira tem razão
quando minimiza a descoberta
do contrato entre a entidade e
a Nike, ao argumentar que a
peça é pública e está registrada
em cartório.
Que ele atenda, pois, ao pedido de um jornalista incompetente e dê publicidade aos anexos que o contrato menciona
-e que não estão no 1º Ofício
de Registro de Títulos e Documentos do Rio de Janeiro.
Afinal, já que não há o que esconder, por que não tornar públicos também os anexos, que
são no mínimo sete, citados nas
páginas 9, 10, 28, 56, 58 e 65 da
tradução juramentada do contrato?
Eduardo Farah está em busca
de uma rede nacional de TV
que lhe venda 90 minutos às segundas-feiras para montar a
sua mesa-redonda, óbvia resposta ao acordo Band-Traffic.
Se conseguir, será delicioso,
embora previsível, constatar
quais serão os ""jornalistas"
que assumirão a empreitada.
Por falar em Band-Traffic: o
ex-presidente do Flamengo
Kleber Leite jura que não tem a
menor intenção de ser o âncora
da mesa-redonda que o consórcio apresentará nas noites de
domingo no Rio.
Juca Kfouri escreve aos domingos, às terças e às
sextas-feiras
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