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FUTEBOL
São Paulo renega mérito em goleada do Corinthians, que por sua vez teme excesso de otimismo de seus atletas
Clássico tenta amenizar
"efeito Paraguai"
MAÉRCIO SANTAMARINA
ALEXANDRE GIMENEZ
da Reportagem Local
Corinthians e São Paulo se enfrentam hoje à tarde, no estádio do
Morumbi, querendo esquecer o
""efeito Paraguai" da rodada da última quarta-feira da Taça Libertadores da América, em que o time
do Parque São Jorge goleou o Cerro Porteño por 8 a 2.
Para os corintianos, a ordem do
técnico Evaristo de Macedo é evitar a euforia em torno de um resultado que pode ser fantasioso, levando em conta a inferioridade
técnica do adversário paraguaio.
""Agora será diferente, porque se
trata do futebol brasileiro. Existem
um conhecimento e um equilíbrio
de forças muito maiores entre as
duas equipes. É preciso ter a cabeça no lugar e muita motivação."
Aos são-paulinos, o técnico Paulo César Carpegiani, que dirigiu a
seleção do Paraguai na Copa da
França, tenta provar que o mérito
da goleada não foi propriamente
do Corinthians, para minimizar o
feito do adversário.
""Jogando em casa, em dois jogos,
o Cerro levou oito gols. Fora de casa, manteve a média: outros oito
gols. Você acha que essa equipe é
forte?", perguntou ele, referindo-se à campanha do time paraguaio
na primeira fase da Libertadores.
Carpegiani afirma que sua equipe não vai se intimidar no confronto com os corintianos. ""Vamos para o ataque, impondo o
nosso estilo de jogo", disse.
O atacante França, do São Paulo,
também minimiza o valor da goleada corintiana para fazer um
prognóstico para a partida desta
tarde. ""Não quero menosprezar o
Cerro, mas somos muito mais time
do que eles. O Corinthians, com
certeza, não terá a mesma facilidade", afirmou o atacante.
E os corintianos, em vez de contestarem, vão além. ""Se pudéssemos jogar com o Cerro todo dia, é
lógico que iríamos preferir enfrentar os paraguaios do que o São
Paulo. Mesmo assim, seria quase
impossível repetirmos a goleada
de 8 a 2", afirmou Evaristo.
O zagueiro paraguaio Gamarra,
do Corinthians, que se revelou no
Cerro, é da mesma opinião: ""Podemos jogar 20 vezes com eles que
não vamos conseguir repetir. É como a goleada de 6 a 1 que sofremos
para o Botafogo na estréia do Torneio Rio-São Paulo. Nunca mais
vai se repetir", disse.
Ele não nega, no entanto, o desejo de ver seu time em campo com o
mesmo ritmo do jogo contra o
Cerro. ""Não posso garantir que será o mesmo porque jamais ganhei
na loteria, mas seria bom se os jogadores mostrassem a mesma desenvoltura", afirmou.
Segundo o treinador corintiano,
um clássico entre dois grandes times brasileiros, como o de hoje,
independe dos resultados anteriores de ambos. Para convencer o time de que não vai ser fácil, Evaristo lembrou que o São Paulo também vem de uma goleada (de 4 a 1
sobre o Ypiranga, do Amapá, pela
Copa do Brasil). ""Não podemos
subestimar quem quer que seja."
Ele teme que o atacante Fernando, autor de cinco gols na última
quarta, seja alvo de uma marcação
individual e não consiga repetir o
desempenho.
Os jogadores do São Paulo
acham que o atacante corintiano
merece uma atenção especial. ""Ele
é um jogador habilidoso, que finaliza muito bem. Por isso, não podemos deixá-lo receber a bola livre, sem marcação", afirmou o zagueiro são-paulino Nem.
O mesmo trabalho de espionagem desenvolvido pelo Corinthians com seus adversários da Libertadores -a competição colocada como prioridade pelo clube
este ano- foi feito com o São Paulo, de acordo com Evaristo.
""Embora não seja uma partida
decisiva, uma vez que o Campeonato Paulista está em fase inicial
ainda, estamos estudando o nosso
adversário com o mesmo empenho. A forma de os jogadores atuarem em campo vai ser decidida em
função da análise do esquema tático do São Paulo", disse ele.
Mesmo que Carpegiani mude a
escalação de seu time, Evaristo disse conhecer bem os jogadores adversários e que, por isso, saberá a
forma tática para orientar os seus
atletas antes da partida.
""Vou tentar passar toda essa vivência a eles. O problema é que
99% dos treinadores não conseguem ensinar o futebol a seus filhos. O futebol é nato, é talento,
não vem do ensinamento ou da genética", afirmou.
Um dos pontos vulneráveis do
Corinthians, de acordo com o treinador, é a defesa de jogadas aéreas.
Esse foi um dos fundamentos mais
treinados pelos jogadores corintianos nos últimos dois dias.
O time vem treinando mais chutes e jogadas ensaiadas, deixando
de lado os coletivos, em função da
maratona de jogos que terá até o final do mês -mais oito, contando
o de hoje.
""A recuperação é o mais importante neste momento, por isso estamos priorizando os treinos recreativos, sem descuidar dos fundamentos do futebol", disse ele,
que havia sido criticado na semana
passada pelo método duro que estava implantando no Corinthians.
""Já estamos nos habituando aos
seus métodos. Prova disso são os
últimos bons resultados", afirmou
Gamarra. Antes do Cerro, o Corinthians havia vencido a Matonense,
em sua estréia no Campeonato
Paulista, por 4 a 2.
Crise
Outro problema comum entre as
duas equipes paulistas que se enfrentam hoje é a crise envolvendo
seus jogadores.
No Corinthians, o atacante Mirandinha passa por problemas
com a torcida depois que manifestou o desejo de ir para o Palmeiras,
inconformado em ser reserva do
novato Fernando.
Caso se repitam os insultos da última partida dirigidos ao jogador
pelos torcedores, Evaristo pode ter
problema para escalá-lo mesmo
que em apenas parte do segundo
tempo, se precisar.
No São Paulo, a diretoria do clube tenta encontrar um comprador
para o passe do zagueiro Márcio
Santos, afastado do grupo por indisciplina. O atleta não se conformava com a reserva. Márcio Santos chegou a afirmar que Carpegiani estava sendo pressionado a
mantê-lo no banco de reservas. Segundo diretores do São Paulo, não
existe no momento nenhum clube
interessado na contratação do zagueiro da Copa-94.
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