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FUTEBOL
Empresa do ex-jogador teria a presidência de uma companhia responsável pela administração da competição
Saiba como funcionaria a liga de Pelé
da Reportagem Local
O projeto do Pelé para a liga brasileira de futebol inclui a criação de
uma empresa, formada pela Media
Partners e pela Pelé Sports & Marketing para administrar a liga.
Os dois sócios dividirão o capital
em partes iguais e terão cada um
metade dos seis diretores. A presidência ficará com a PSM.
Essa empresa deverá estar constituída até dezembro do ano 2000,
quando todos os clubes já deverão
ter se transformado em empresas.
Além de administrar a liga, a função dessa companhia será a de
atrair novos sócios, que serão
aqueles que de fato vão entrar com
o capital. Pelo contrato, porém,
por mais dinheiro que invistam,
esses novos parceiros jamais conseguirão o controle da empresa.
Os investidores ficarão com
ações preferenciais da empresa,
que têm a preferência na distribuição dos dividendos.
O pontapé inicial na liga será o
que foi chamado de ""business
plan", que vai formatar a competição em vários aspectos. Para isso, é
necessário realizar uma grande
pesquisa sobre o futebol brasileiro.
A pesquisa só não começou até
agora por causa da crise econômica brasileira. Após a queda do real,
a Media Partners resolveu adotar
uma postura de expectativa.
"Eles estão esperando que o cenário econômico dê uma clareada", afirma Celso Grellet, da PSM.
Quando receber o sinal verde, a
pesquisa será feita pela GV Consult, consultoria subordinada à
Fundação Getúlio Vargas em São
Paulo, já contratada.
Esse estudo envolverá não só os
aspectos econômicos, mas políticos e esportivos. No primeiro item,
será pesquisada a conveniência de
a liga estar associada à Confederação Brasileira de Futebol.
No segundo, ""haverá uma discussão sobre acesso e descenso, sobre turno e returno. Vamos consultar o consumidor do futebol, a
mídia, os patrocinadores. O estudo
vai mostrar o que é melhor. Vamos
perguntar aos investidores: você
está disposto a colocar mais dinheiro dependendo de que cenário?", diz Grellet.
""Lamentamos muito que ainda
não tenhamos podido fazê-lo",
afirma o economista Antonio Carlos Kfouri Aidar, professor da FGV
e profissional da GV Consult.
Segundo Kfouri Aidar, não existem hoje dados confiáveis sobre
esse mercado. ""Há muitos mitos
em relação a isso. Essa pesquisa
certamente iria esclarecê-los."
Por causa desse levantamento, a
GV Consult também assina a carta
de intenções, por meio de seu
coordenador, Sérgio Dias.
Kfouri Aidar aparece como testemunha, ao lado do advogado Carlos Miguel Aidar e de Filippo Chiusano, da Media Partners.
Peter Ekelund, que também assinou a carta pela empresa multinacional, negou à Folha a existência
dela. "Não tomamos nenhuma atitude nesse sentido", declarou.
A atitude de Ekelund é justificada por uma cláusula da carta que
institui "confidencialidade total".
O executivo, porém, confirma o
interesse da sua empresa no país.
"Estamos olhando muito seriamente para o Brasil. Estamos inclusive mantendo alguns contatos,
que não posso revelar. Mas não faríamos nada que o torcedor brasileiro não gostasse", afirmou.
A GV Consult e a PSM falam ter
sido procuradas pela Media Partners. "Eles é que nos contataram
por causa de nossa "expertise"
(competência na área)", diz Grellet.
Segundo Kfouri Aidar, as relações entre a GV Consult e a Media
Partners começaram com a participação de diretores da empresa
italiana num simpósio organizado
pela FGV em maio de 98.
Em outubro, a Media Partners
contatou a GV, e em dezembro a
carta de intenções foi assinada.
Poder
Mesmo que a parceria se concretize, a realização da superliga no
Brasil enfrentaria ainda dois obstáculos de ordem política.
Primeiro, Pelé é desafeto do presidente da Confederação Brasileira
de Futebol, Ricardo Teixeira, que
tem interesse também na idéia.
Nos últimos cinco anos, Teixeira
tem negociado todos os contratos
da CBF com a Traffic, empresa
concorrente da PSM.
Segundo, Pelé precisaria do
apoio dos clubes, o que não será fácil conseguir. O Clube dos 13, fundado há 11 anos para organizar
uma liga brasileira, ainda trabalha
para realizar seu objetivo.
Nesse caso, a empresa favorita é a
de Jayme Franco, diretor de marketing do Clube dos 13.
Grellet declara que os clubes ainda não foram consultados sobre o
interesse na liga. Mas o empresário
diz não ver dificuldade porque seria essa a maneira de os clubes
manterem seus jogadores. "Não
vejo por que haver resistência. O
sonho de todo diretor é não precisar vender seu jogador."
A Folha tentou localizar Pelé de
quarta a sexta-feira. Deixou vários
recados com funcionários do escritório da sua empresa em São
Paulo, mas não recebeu resposta.
(ROBERTO DIAS e MARCELO DAMATO)
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