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Lei Pelé abre caminho para
o projeto Pelé
da Reportagem Local
A formação de uma liga profissional de futebol, nos moldes da
idealizada pela Pelé Sports & Marketing, só se tornou viável após a
aprovação da Lei Pelé, a mais famosa realização do ex-jogador nos
três anos e meio em que comandou o Ministério dos Esportes.
Edson Arantes do Nascimento, o
Pelé, foi ministro durante o primeiro mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso, de seu
início (1995) até a regulamentação
da lei, no final de abril de 1998.
A lei, aprovada em 24 de março,
altera o modelo do esporte profissional brasileiro.
Dá aos clubes maior autonomia
em relação às federações, mas os
obriga a criar empresas para gerir
seus departamentos de esporte
profissional no máximo até 24 de
março de 2000.
Essas duas determinações, somadas ao sinal verde para que os
clubes vendam seu patrimônio e o
controle acionário de seus times,
abrem as portas do esporte nacional aos investidores externos.
Vêm daí, por exemplo, o acordo
entre o Banco Opportunity e o Bahia e a negociação entre o banco
Icatu e o Corinthians.
O afluxo do capital estrangeiro
ameaça a estrutura de poder tradicional do futebol brasileiro, formada por dirigentes de federações
e de clubes que oficialmente não
recebem nada dos clubes e que,
desde a Lei Zico (1993), podem ser
reeleitos indefinidamente.
O temor de perder o poder levou
esses dirigentes, comandados pela
CBF, a formar um lobby no Congresso para tentar evitar a aprovação da lei, ou no mínimo desfigurar o projeto inicial.
Como fracassaram ambas as tentativas, eles buscam mudar esse artigo da lei antes que ela entre em
vigor.
A Lei Pelé tenta instalar no Brasil
o modelo de esporte-empresa em
vigor em todo o Primeiro Mundo.
É por isso que a lei estabelece o
fim do passe, elo extracontratual
entre o jogador de futebol e o clube. É o passe que impede o atleta de
deixar o clube ao final de seu contrato, mesmo com uma oferta.
Desde a extinção do passe na Europa, em 1993, vários países estão
abolindo esse dispositivo, aos poucos. No Brasil, se não houver mudanças na Lei Pelé, ele não existirá
mais a partir de 24 de março de
2001.
(RD e MD)
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