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FUTEBOL
O Timão está vivo
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
O Santos e o Corinthians,
campeão e vice de 2002, entraram finalmente na briga. A
primeira vitória do Santos não foi
muito convincente, mas a do Corinthians... benza Deus!
Fazia muito tempo que a equipe do Parque São Jorge não se
mostrava tão entrosada, empenhada, arrasadora. Fez três gols
em três minutos, definindo já no
meio do primeiro tempo a goleada sobre o Paysandu. Depois disso, continuou jogando com gana
e seriedade até fazer 5 a 0.
O segundo tempo foi, previsivelmente, mais morno. Mas bastaram os 25 minutos de futebol total
da primeira etapa para mostrar
que o Timão está vivo e no páreo.
O que mais impressinou não foi
tanto o número de gols -meia
dúzia-, mas a força coletiva do
jogo corintiano. Pelo menos dois
dos seis gols nasceram de jogadas
rápidas e desconcertantes, construídas com toques de primeira.
No primeiro deles, Rogério fez a
bola atravessar a área, da direita
para a esquerda, Kléber escorou
no segundo pau, e Fábio Luciano
fuzilou sem deixar a bola cair no
chão. No outro (o quarto do Corinthians), Rogério tocou rasteiro
para a entrada da área, Leandro
deixou a bola passar para Liedson e correu para receber na frente o passe de primeira do companheiro e chutar cruzado: golaço.
No Santos, que conta com jogadores individualmente mais talentosos, o que falta é justamente
esse sentido solidário e objetivo.
Robinho, Diego e Nenê têm
uma tendência a conduzir demais a bola, construindo o jogo
para si próprios.
Com isso, Ricardo Oliveira tem
ficado isolado, recebendo poucas
bolas em boas condições, e o time,
mesmo "dominando o jogo", tem
criado escassas situações reais de
fazer o gol.
Sintomaticamente, na vitória
de sábado sobre o Figueirense, os
gols surgiram do talento mais discreto e pragmático de Elano.
Ficou clara, também, a importância de Renato para a articulação entre a defesa e os meias ofensivos. Depois que o volante foi
substituído por contusão, o Santos passou a jogar de forma atabalhoada, tentando inocuamente
a ligação direta entre zagueiros e
atacantes.
A equipe de Leão, a meu ver,
encontra-se numa encruzilhada.
Tem-se fiado muito na habilidade de Diego e Robinho. Cada um
deles tem virtudes diferentes, mas
um defeito comum: a tendência à
dispersão -para não dizer displicência.
Quando bem marcados, ambos
se tornam pouco operantes. Precisam descobrir meios de ajudar
mais a equipe. Esta, por sua vez,
tem de encontrar caminhos alternativos, que não dependam tanto
dos dois.
O São Paulo fez uma boa colheita em Santa Catarina: vitória sobre o Figueirense (Copa do Brasil)
e empate com o Criciúma (Brasileirão). Poderia ter sido ainda
melhor se Luis Fabiano não tivesse perdido um pênalti ontem em
Criciúma. Foi, de todo modo, um
dos jogos mais empolgantes do
torneio até agora.
Fla-Flu
O Flamengo massacrou sem dó
o Fluminense, vingando as
duas goleadas tricolores deste
ano. A expulsão do tricolor
Marcão também ajudou. Mas o
importante é que o rubro-negro, sob o comando de Nelsinho Baptista, parece estar organizando melhor o talento peladeiro de seus jogadores. E o
chapéu de Fábio Baiano, levantando a bola com o calcanhar,
foi uma coisa linda de se ver.
Galo de briga
Ao falar dos possíveis candidatos a grande time deste Brasileirão, esqueci de mencionar o
Atlético-MG, que anteontem
venceu o xará parananese com
um gol de placa de Alessandro.
Se um grande time começa
com um grande goleiro, o Atlético está bem: Velloso pegou até
pensamento em Curitiba.
E-mail jgcouto@uol.com.br
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