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São Paulo, segunda-feira, 14 de abril de 2003

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FUTEBOL

O Timão está vivo

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

O Santos e o Corinthians, campeão e vice de 2002, entraram finalmente na briga. A primeira vitória do Santos não foi muito convincente, mas a do Corinthians... benza Deus!
Fazia muito tempo que a equipe do Parque São Jorge não se mostrava tão entrosada, empenhada, arrasadora. Fez três gols em três minutos, definindo já no meio do primeiro tempo a goleada sobre o Paysandu. Depois disso, continuou jogando com gana e seriedade até fazer 5 a 0.
O segundo tempo foi, previsivelmente, mais morno. Mas bastaram os 25 minutos de futebol total da primeira etapa para mostrar que o Timão está vivo e no páreo.
O que mais impressinou não foi tanto o número de gols -meia dúzia-, mas a força coletiva do jogo corintiano. Pelo menos dois dos seis gols nasceram de jogadas rápidas e desconcertantes, construídas com toques de primeira.
No primeiro deles, Rogério fez a bola atravessar a área, da direita para a esquerda, Kléber escorou no segundo pau, e Fábio Luciano fuzilou sem deixar a bola cair no chão. No outro (o quarto do Corinthians), Rogério tocou rasteiro para a entrada da área, Leandro deixou a bola passar para Liedson e correu para receber na frente o passe de primeira do companheiro e chutar cruzado: golaço.
No Santos, que conta com jogadores individualmente mais talentosos, o que falta é justamente esse sentido solidário e objetivo.
Robinho, Diego e Nenê têm uma tendência a conduzir demais a bola, construindo o jogo para si próprios.
Com isso, Ricardo Oliveira tem ficado isolado, recebendo poucas bolas em boas condições, e o time, mesmo "dominando o jogo", tem criado escassas situações reais de fazer o gol.
Sintomaticamente, na vitória de sábado sobre o Figueirense, os gols surgiram do talento mais discreto e pragmático de Elano.
Ficou clara, também, a importância de Renato para a articulação entre a defesa e os meias ofensivos. Depois que o volante foi substituído por contusão, o Santos passou a jogar de forma atabalhoada, tentando inocuamente a ligação direta entre zagueiros e atacantes.
A equipe de Leão, a meu ver, encontra-se numa encruzilhada. Tem-se fiado muito na habilidade de Diego e Robinho. Cada um deles tem virtudes diferentes, mas um defeito comum: a tendência à dispersão -para não dizer displicência.
Quando bem marcados, ambos se tornam pouco operantes. Precisam descobrir meios de ajudar mais a equipe. Esta, por sua vez, tem de encontrar caminhos alternativos, que não dependam tanto dos dois.
O São Paulo fez uma boa colheita em Santa Catarina: vitória sobre o Figueirense (Copa do Brasil) e empate com o Criciúma (Brasileirão). Poderia ter sido ainda melhor se Luis Fabiano não tivesse perdido um pênalti ontem em Criciúma. Foi, de todo modo, um dos jogos mais empolgantes do torneio até agora.

Fla-Flu
O Flamengo massacrou sem dó o Fluminense, vingando as duas goleadas tricolores deste ano. A expulsão do tricolor Marcão também ajudou. Mas o importante é que o rubro-negro, sob o comando de Nelsinho Baptista, parece estar organizando melhor o talento peladeiro de seus jogadores. E o chapéu de Fábio Baiano, levantando a bola com o calcanhar, foi uma coisa linda de se ver.

Galo de briga
Ao falar dos possíveis candidatos a grande time deste Brasileirão, esqueci de mencionar o Atlético-MG, que anteontem venceu o xará parananese com um gol de placa de Alessandro. Se um grande time começa com um grande goleiro, o Atlético está bem: Velloso pegou até pensamento em Curitiba.

E-mail jgcouto@uol.com.br


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