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Volantes "brucutus" ficam fora de moda no Paulista
Atletas de marcação do meio-campo agora cometem menos faltas, distribuem dribles e até fazem belos gols
RICARDO PERRONE
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
O volante "brucutu", que chama a atenção por sua truculência
e falta de habilidade, saiu de moda
no Campeonato Paulista.
Líderes do ranking de faltas da
competição em 2003, os jogadores dessa posição agora batem
menos e driblam mais. As quatro
equipes que chegaram mais longe
no Estadual -os semifinalistas-
desfilam volantes com esse perfil.
Um dos casos mais emblemáticos dessa transformação é o palmeirense Magrão, eliminado com
o Palmeiras pelo Paulista.
O jogador do clube do Parque
Antarctica foi o segundo mais faltoso do Estadual em 2003, de
acordo com o Datafolha. Na ocasião, ele fez 4,3 faltas em média.
Hoje, com três infrações por partida, ocupa apenas a 41ª posição
no ranking dos mais violentos.
No ano passado, Magrão só ficou atrás de outro volante, Emerson, que, jogando pelo Guarani,
cometeu 5,3 faltas por jogo. Quatro dos cinco que mais cometiam
faltas eram volantes. Hoje, apenas
quatro dessa posição aparecem
entre os dez que mais batem. O líder do ranking é um zagueiro,
Carlos Alberto, do Mogi Mirim.
Ao mesmo tempo em que deixou as faltas de lado, Magrão aprimorou habilidades mais comuns
entre os atacantes. O palmeirense
é o 23º jogador que mais dribla os
adversários (2,5 fintas por jogo).
No quesito dribles, Mineiro, do
São Caetano, que sofreu um pênalti no primeiro jogo da decisão
contra o Paulista, é o volante que
mais brilha. Ele usa jogadas desconcertantes para passar pelos
adversários 2,9 vezes, em média,
por jogo. O número é exatamente
igual ao do meia santista Diego.
Os dois ocupam a 13ª posição na
relação de dribladores.
"O volante moderno tem que
saber jogar de maneira ofensiva. É
essencial ser o elemento surpresa.
Hoje, a gente está tendo mais ousadia", afirma Mineiro.
"O volante "brucutu" está mesmo acabando. Eu prefiro o volante que sai para o jogo. Melhora o
passe do time", diz Muricy Ramalho, o técnico do São Caetano.
Renato, do Santos, é outro que
não dispensa fintas. Usa esse recurso 2,2 vezes e ocupa a 35ª posição dessa lista. Ele é um dos que
mais adotam o fair play entre os
volantes. Apesar de ter de ajudar
na marcação, faz só 1,5 falta por
jogo. É o 194º mais violento.
Renato não justifica a fama de
bons marcadores dos atletas que
se acostumaram a atuar como volantes. Com 12,8 desarmes por jogo, é só o 103º que mais rouba a
bola dos rivais neste Paulista.
Ele está entre os que mais participam da armação de jogadas. É o
18º no ranking de passes dados,
com média de 89,1.
O Paulista, que como o São Caetano tenta o seu primeiro título
Estadual, também faz a bola passar constantemente pelos pés de
pelo menos um de seus volantes.
Umberto faz 90,6 passes e ocupa o
11º posto nesse ranking, liderado
pelo corintiano Rincón (94,2).
Mais preocupados em atacar do
que em defender, Renato, Umberto e Mineiro passaram o Estadual sem cumprir suspensões. Levaram dois amarelos. Magrão não
recebeu nenhum, mas foi expulso
uma vez, nos minutos finais da segunda partida das semifinais contra o Paulista -o goleiro Marcos
merecia mais a expulsão no lance.
Diferentemente dos volantes, os
atacantes não estão aliviando. O
Datafolha mostra que, dentre os
dez jogadores mais faltosos do
Paulista, figuram três atletas de
frente. Grafite (São Paulo), Rivaldo (Rio Branco) e Wellington
Paulista (Juventus) aparecem em
quinto, sexto e décimo lugares na
lista dos que mais bateram.
Anteontem, o técnico Cuca testou o lateral Gabriel como volante
no São Paulo. O time venceu o
Avaí por 6 a 0, e Gabriel marcou.
Colaboraram Eduardo Arruda e Marcus
Vinícius Marinho, da Reportagem
Local, e Fábio Tura, do Datafolha
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