São Paulo, segunda-feira, 14 de maio de 2001

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FUTEBOL

Em jogo empolgante, gol nos acréscimos coroa volta por cima do time de Luxemburgo, que chegou a ser penúltimo

Corinthians salva ressurreição aos 48min

DA REPORTAGEM LOCAL

Molhado pela chuva forte que caía no Morumbi no início da noite de ontem, Wanderley Luxemburgo parecia não acreditar no que via. Eram 48min do segundo tempo, e o Santos estava muito perto de eliminar a equipe que deixara a penúltima colocação no Paulista para se transformar na sensação do campeonato.
Para os santistas, o título aguardado desde 1984 nunca havia estado tão próximo, considerando que, àquela altura, o adversário na decisão era o Botafogo.
Foi quando Gil, que substituiu Paulo Nunes no início do segundo tempo, fez ótima jogada pela esquerda e rolou a bola para trás, e Ricardinho chutou com precisão para levar o Corinthians à decisão contra o Botafogo.
Na avaliação dos corintianos, aquele lance restabelecia a justiça. Ou, como definiu Marcelinho: "Quem estava no abismo, na lama, como nós, e chegou até aqui não poderia ficar de fora agora".
O desabafo do jogador, o melhor do Corinthians ontem, foi feito sob a influência de uma partida com todos os ingredientes de um clássico decisivo, especialmente no primeiro tempo.
O início do jogo foi eletrizante. Os dois times mostravam muito nervosismo, traduzido em lances violentos como o soco dado logo aos 5min por Paulo Almeida na cabeça de Paulo Nunes, ignorado pelo árbitro Sálvio Spínola.
Mas a rispidez veio acompanhada de bom futebol, rápido e ofensivo. E, mais do que isso, de dois pênaltis desperdiçados, que esbarraram na trave.
O primeiro foi do Santos. Depois de roubar uma bola num erro de João Carlos, Robert foi derrubado por Otacílio na área. Quem bateu não foi Rincón, como queria o técnico Geninho, mas Dodô. Em disputa pela artilharia do Paulista, o atacante pediu ao colombiano para cobrar, mas mandou a bola na trave.
Pouco depois, Ewerthon foi derrubado na área santista por Galván. Desta vez o cobrador oficial do time, Marcelinho, bateu o pênalti, mas chutou na trave.
A resposta rápida do Corinthians a uma ameaça do Santos se repetiu nos gols. O time de Geninho marcou aos 33min, com Renato, o de Luxemburgo empatou aos 35min, com Marcelinho.
No segundo tempo, a ousadia deu lugar à cautela. A chuva aumentou, e os passes errados, também, principalmente no Santos, que, com péssimo aproveitamento neste fundamento, preocupava-se mais em se defender.
Os dois times fecharam os seus meio-campos, diminuindo consideravelmente as chances de gols de lado a lado. Era o que o Santos queria e foi assim que aconteceu até o gol de Ricardinho.
Pouco antes, aos 46min, o nervosismo de garantir o empate e assegurar a classificação atrapalhou o Santos, que teve Galván expulso após fazer falta violenta.
Era o prenúncio da desgraça maior, lamentada com lágrimas pelos santistas. Enquanto os derrotados choravam compulsivamente no gramado, Luxemburgo não continha a sua alegria.
Acolhido pelo Corinthians depois de ser bombardeado por denúncias e ter sua vida devassada pelas CPIs que investigam o futebol no Congresso, o treinador é protagonista de uma troca interessante para os dois lados: teve a chance de voltar ao futebol, e, ao mesmo tempo, foi o principal responsável pela volta por cima do clube, como admitem os próprios jogadores da equipe.
E ontem Luxemburgo usou de todos os artifícios para levar o seu time à primeira final depois de seu retorno à profissão.
A guerra de estratégias e de nervos travada pelos dois clubes durante a semana passada atingiu o seu pico momentos antes do início do clássico. A praxe de divulgar as equipes titulares uma hora antes da partida não foi cumprida pelo Corinthians nem pelo Santos -para "dar mais charme" ao jogo, segundo definiu Geninho.
Luxemburgo protagonizou um mal-entendido a respeito do mistério. Chegou a ser divulgado que o Corinthians teria roubado a prancheta do representante da Federação Paulista com a escalação do Santos, informação depois desmentida pelo funcionário.
Os corintianos só divulgaram sua formação quando o time estava em campo. Luxemburgo justificou a demora como sendo uma vingança pelo fato de quatro jogadores do Santos não terem assinado a súmula, uma estratégia para confundir o adversário.



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