São Paulo, segunda-feira, 14 de maio de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUTEBOL

Apenas dois companheiros de seleção brasileira estiveram no cortejo do jogador bicampeão mundial ontem no Rio

Enterro de Didi tem poucas homenagens

MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

Apenas dois ex-companheiros de seleção brasileira estiveram presentes no enterro de Waldir Pereira, o Didi, realizado ontem no cemitério São João Batista (Botafogo, zona sul do Rio): o zagueiro Orlando Peçanha e o atacante Vavá. Cerca de 400 pessoas compareceram ao enterro, a maioria torcedores.
Didi morreu anteontem no Hospital Universitário Pedro Ernesto (zona norte do Rio) aos 72 anos, vítima de falência múltipla de órgãos, resultado de complicações provocadas por câncer.
Um dos maiores jogadores da história do futebol, Didi foi bicampeão mundial pelo Brasil em 58 e 62. Celebrizou a folha-seca, um chute com efeito na bola.
Embora o jogador tenha sido velado na sede do Botafogo, nenhum dirigente do clube apareceu no enterro, cujas despesas foram pagas pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
O secretário-geral da entidade, Marco Antônio Teixeira, entregou à família duas camisas de modelo atual da seleção, com o nome de Didi e o número oito, uma amarela e outra azul. Sobre o caixão, foram colocadas as bandeiras de Botafogo e Fluminense.
Da família de Didi, compareceram ao enterro dois irmãos, Salvador e Benedita Pereira, e dois dos seus quatro filhos, Rebeca e Lia Pereira. Sua mulher, Guiomar, sentiu-se mal e não acompanhou o cortejo.
Autor do primeiro gol do Maracanã, em 1950, Didi ganhará duas fotos dele ao lado da placa comemorativa desse gol no estádio.
O River Plate, clube argentino do qual Didi foi técnico, enviou uma coroa de flores. Já o Real Madrid (Espanha), onde Didi atuou como jogador, jogou de luto ontem contra o Espanyol.
A irmã Benedita Pereira, 76, afirmou que Didi merecia mais homenagens. Já o irmão Salvador Pereira, 74, conhecido como Dodô, contou que, quando veio de Campos (RJ) para o Rio em 1946, contratado pelo Madureira, exigiu que Didi viesse com ele. "Ele chegou de contrapeso e acabou tendo mais sorte do que eu."
O ex-zagueiro Orlando Peçanha, 65, titular na Copa de 58, disse que não vai se esquecer nunca da frase que Didi proferiu após o Brasil levar o primeiro gol da Suécia na final do Mundial. "Ele falou que o jogo estava começando agora para a gente e, de fato, foi após esse gol que iniciamos a recuperação", contou. O Brasil venceu a decisão por 5 a 2.
Bicampeão mundial, o ex-atacante Vavá, 66, chorou durante o enterro. Por causa de uma artrose, ele acompanhou o cortejo em uma cadeira de rodas. "Espero que um dia nós possamos nos encontrar. Tenho muito a agradecer a ele", disse Vavá.
Em nota oficial divulgada ontem em São Paulo, o presidente Fernando Henrique afirmou que "a maestro rendemos nossas homenagens e a saudade de todo o povo brasileiro".



Texto Anterior: Os números do campeonato paulista
Próximo Texto: Memória: Ex-jogadores são a solução
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.