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FUTEBOL
Apenas dois companheiros de seleção brasileira estiveram no cortejo do jogador bicampeão mundial ontem no Rio
Enterro de Didi tem poucas homenagens
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
Apenas dois ex-companheiros
de seleção brasileira estiveram
presentes no enterro de Waldir
Pereira, o Didi, realizado ontem
no cemitério São João Batista (Botafogo, zona sul do Rio): o zagueiro Orlando Peçanha e o atacante
Vavá. Cerca de 400 pessoas compareceram ao enterro, a maioria
torcedores.
Didi morreu anteontem no
Hospital Universitário Pedro Ernesto (zona norte do Rio) aos 72
anos, vítima de falência múltipla
de órgãos, resultado de complicações provocadas por câncer.
Um dos maiores jogadores da
história do futebol, Didi foi bicampeão mundial pelo Brasil em
58 e 62. Celebrizou a folha-seca,
um chute com efeito na bola.
Embora o jogador tenha sido
velado na sede do Botafogo, nenhum dirigente do clube apareceu no enterro, cujas despesas foram pagas pela Confederação
Brasileira de Futebol (CBF).
O secretário-geral da entidade,
Marco Antônio Teixeira, entregou à família duas camisas de modelo atual da seleção, com o nome
de Didi e o número oito, uma
amarela e outra azul. Sobre o caixão, foram colocadas as bandeiras
de Botafogo e Fluminense.
Da família de Didi, compareceram ao enterro dois irmãos, Salvador e Benedita Pereira, e dois
dos seus quatro filhos, Rebeca e
Lia Pereira. Sua mulher, Guiomar, sentiu-se mal e não acompanhou o cortejo.
Autor do primeiro gol do Maracanã, em 1950, Didi ganhará duas
fotos dele ao lado da placa comemorativa desse gol no estádio.
O River Plate, clube argentino
do qual Didi foi técnico, enviou
uma coroa de flores. Já o Real Madrid (Espanha), onde Didi atuou
como jogador, jogou de luto ontem contra o Espanyol.
A irmã Benedita Pereira, 76,
afirmou que Didi merecia mais
homenagens. Já o irmão Salvador
Pereira, 74, conhecido como Dodô, contou que, quando veio de
Campos (RJ) para o Rio em 1946,
contratado pelo Madureira, exigiu que Didi viesse com ele. "Ele
chegou de contrapeso e acabou
tendo mais sorte do que eu."
O ex-zagueiro Orlando Peçanha, 65, titular na Copa de 58, disse que não vai se esquecer nunca
da frase que Didi proferiu após o
Brasil levar o primeiro gol da Suécia na final do Mundial. "Ele falou
que o jogo estava começando
agora para a gente e, de fato, foi
após esse gol que iniciamos a recuperação", contou. O Brasil venceu a decisão por 5 a 2.
Bicampeão mundial, o ex-atacante Vavá, 66, chorou durante o
enterro. Por causa de uma artrose, ele acompanhou o cortejo em
uma cadeira de rodas. "Espero
que um dia nós possamos nos encontrar. Tenho muito a agradecer
a ele", disse Vavá.
Em nota oficial divulgada ontem em São Paulo, o presidente
Fernando Henrique afirmou que
"a maestro rendemos nossas homenagens e a saudade de todo o
povo brasileiro".
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